Capítulo II- Perigo à Espreita

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Saí do banheiro, com um peso enorme sobre mim devido a roupa molhada. Eu precisava encontrar Hana, ela poderia estar perdida em algum lugar daquela praia e talvez estivesse até sozinha. Tirei a blusa e a calça dentro do banheiro mesmo, ficando somente de roupa íntima, enrolei-me em uma toalha de banho que estava estendida em um gancho e fui em direção ao quarto.

Aquela casa deveria estar abandonada há mais de dez anos, provavelmente ninguém mais voltaria lá. Fui até o quarto para procurar alguma roupa que eu pudesse pegar emprestado e devolver depois. Dentro da cômoda que havia no quarto tinha algumas peças de roupas infantis e outras adultas, presumi serem do bebê da foto e da mulher que o segurava. Por pura sorte ou pela ótima qualidade do móvel, as roupas continuavam impecáveis lá dentro, como se tivessem acabado de sair da passadeira.

Por mais sorte ainda, verifiquei que o meu corpo era extremamente parecido com o da mulher da foto. Tive a certeza que não só o homem ao lado dela era relativamente grande como ela era baixa. Eu, apesar dos meus vinte e um anos, contava com apenas um metro e cinquenta e sete centímetros de altura, minha pele era extremamente clara e meu cabelo loiro acentuava a palidez, levemente ondulado e tem quase a mesma altura do meu ombro sendo um pouco maior. Meus olhos era um misto de azul e verde, brincavam entre essas duas cores de acordo com o meu humor, quanto mais tensa mais esverdeados ficavam.

A primeira roupa que alcancei foi um vestido verde chá rodado, o top era feito todo em crochê e a alça prendia no pescoço, ele seguia justo até a cintura e abaixo dela era de uma malha do mesmo tom, ele descia até ficar a um palmo do joelho. Era um vestido realmente bonito, não que eu o compraria para usar, mas não tinha ficado nada mal. Achei a minha jaqueta jogada ao lado da cama e a apanhei, não tinha nenhum sapato, só que isso não importava.

Retirei-me da casa rapidamente, tranquei a porta e passei a chave por baixo da porta. Afinal, o dono da casa provavelmente teria outra chave. Deixei tudo para trás, junto com a ressaca e os devaneios da bebedeira. Comecei a caminhar para o lado direito da praia, as ondas ainda continuavam a sua ritmada orquestra, indo e vindo, sincronizadas e quebrando ao mesmo tempo. Por algumas vezes pensei ouvir sussurros vindos do mar, contudo não tinha nada e nem ninguém além de mim.

Caminhei por um bom tempo e não havia nenhum sinal de vida humana naquela região. Não havia bares, nem casas, nem estrada, somente o mar e quilômetros e mais quilômetros de areia. Eu não lembrava como tinha ido parar na praia, a Hana era cheia de contatos e provavelmente no meio de um bar ela descolou alguma carona para aquela praia que deveria ser particular e com certeza a cabana era da pessoa que nos trouxe.

Eu não sabia ao certo por quanto tempo tinha caminhado ou quantos quilômetros tinha deixado para trás. O sol que antes estava ameno e baixo, elevou-se e me queimava a pele, a única maneira de aliviar o queimado foi colocando a jaqueta, ela diminuía a agressão do sol contra minha epiderme, mas em contrapartida parecia arrancar mais rápido a água do meu corpo, eu já começava a sentir sinais de desidratação.

— HANNA! — Gritei. — HANAAAAA! — Juntei as duas mãos em frente a boca, inspirei para reunir a maior força que os meus pulmões conseguiam. — HANAAAAAAAA! — O último grito foi o maior, porém o efeito foi o mesmo dos outros: nenhum.

Caminhei por mais algum tempo até não aguentar mais a areia queimar os meus pés e fui para a beira do mar, onde somente as ondas mais perseverantes conseguiam chegar. Ao sentir o frescor da água, o alívio foi instantâneo e percebi que alguns peixinhos brincavam perto dos meus pés. Eles se aproximaram.

"Ela é tão bonita!"

"Sim, parece a luz do sol."

As vozes pareciam infantis e pareciam estar dentro da minha cabeça. Tirei a jaqueta e a joguei na areia seca, a insolação devia estar me consumindo. Sentei-me no mar e estendi minha mão para os peixinhos que brincavam.

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⏰ Last updated: Sep 17, 2019 ⏰

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