PARTE II

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BRING ME A DREAM

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BRING ME A DREAM

Ele sabia que não podia ser boa coisa quando viu o nome de Sehun brilhar na tela do celular, indicando a chamada recebida — mas o que Kyungsoo poderia fazer? Se tivesse a capacidade de evitar todas as inconveniências em 100%, não teria nem nascido, em primeiro lugar.

É pertinho da sua casa, larga de ser chato.

— Na moral, qual a tua definição de pertinho? — O assalariado mais baixo berrou, inconformado. — Isso dá uns setecentos quilômetros só a primeira condução; nunca que eu vou chegar lá ainda hoje!

Setecentos quilômetros não dá nem de uma ponta da Coreia do Sul até a outra, seu infeliz. Para de fazer drama e vai trabalhar!

E desligou, sem dó nenhuma do amigo. Kyungsoo não o culpava, até porque sabia que faria exatamente o mesmo se estivesse no lugar do secretário de Kim Jongin. O jeito era levantar da cama, tomar café e pegar todos os milhares de metrôs que precisava para sair de seu cafofo e aterrissar no antro do capitalismo sul-coreano: Gangnam. Mais especificamente, num dos cafés mais caros de Seul — desses em que os frequentadores mais pobres têm, no mínimo, uma multinacional.

E ainda estava esfriando. Traduzindo: Kyungsoo estava ferrado. Teria que se cobrir de casacos nada fashions para sobreviver, e então rezar para que Kim Jongin não fosse um chato que repara demais no (escasso) senso de moda alheio. "Mas também, que ideia de jerico essa de se encontrar com o empregado desse jeito!", reclamava, aos murmúrios, feito um louco, durante trajeto até Gangnam. "O cara deixou os 'neurônio na barriga da mãe, 'né possível".

Foi no mínimo cômico adentrar o Le Café (ou qualquer que fosse o nome daquele pedaço de estratificação social). Kyungsoo se arrependeu de não estar usando uma grande bandeira comunista como vestido, porque adoraria ver mais daquela expressão assombrada nos ricos indiscretos que o encaravam sem pudor. Encontrou Jongin sentado numa mesa perto à janela, com os fones no ouvido, encarando um ponto qualquer na paisagem externa. O cutucou no ombro e o assistiu xingar pelo susto:

— Meu Deus, que demora — observou o mais alto, seguindo o outro com os olhos enquanto ele se sentava à sua frente.

— Foi mal aí, é que eu tava cruzando o país pra chegar nesse moquifo. Aliás, bom dia pra madame também.

— Bom dia — Jongin sorriu, como se aquilo tivesse sido a única coisa que conseguiu absorver entre todas as outras palavras da fala de Kyungsoo. — Vai querer beber alguma coisa?

— Cê vai descontar do meu salário?

— Hm... Não? — O moreno mais perguntou do que respondeu, já que não tinha pensado sobre aquilo adequadamente. Não sabia nem por quanto tinha alugado o amigo.

— Então eu quero — Kyungsoo emendou na velocidade da luz. — Mas você pede. Até o proletariado desse lugar cheira a burguês.

Jongin assentiu, rindo de como o rapaz sempre parecia ter algo a dizer sobre gente rica — ou sobre qualquer coisa. Era isso: Kyungsoo tinha, constantemente, uma frase engatilhada; fosse crítica, analogia ruim ou piada. Não costumava ficar muito calado, a menos que estivesse dormindo.

HOBBIE$, kaisooOnde histórias criam vida. Descubra agora