PARTE IV

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Jongin passeava pela página online da sua loja de decoração favorita como se analisasse o cardápio de um restaurante meia-boca

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Jongin passeava pela página online da sua loja de decoração favorita como se analisasse o cardápio de um restaurante meia-boca. Em dias normais, teria saído de casa propriamente arrumado, com o cartão sem limite no bolso, cheio de fúria e ideias de cores e texturas. Contudo, naquele dia, não tinha a mínima vontade de desgrudar a bunda do sofá. Is that any way for a man to carry on?, Donny Hathaway cantava em seu ouvido, como se o provocasse. Desligou a música antes que enlouquecesse.

Era pouco mais de seis da manhã e Jongin esperava Kyungsoo acordar e sair pela porta. Queria estar lá quando o Ex-Amigo de Aluguel Atual Namorado de Mentira fosse embora; queria poder dizer adeus, ou apenas tentar convencê-lo a ficar.

Mas, perguntava-se, vale mesmo a pena? Valeria a pena fazê-lo ficar, inventar alguma desculpa; até mesmo colocar a sua reputação acima do bem-estar dos dois outra vez?

Deixou cair o telefone, fechou os olhos.

As coisas precisam simplesmente acontecer, às vezes.

(...)

Kyungsoo tinha quase se esquecido do frio.

Depois de tantos dias indo e vindo por entre os ricos, frequentando restaurantes de grã-finos com o aquecedor ligado no doze, foi quase surpreendente lembrar-se de que o inverno estava chegando. Sempre parecia mais frio no subúrbio, onde o advento do capital era mais fábula que rotina.

Precisou andar algumas quadras depois de ter saltado do metrô diretamente para o seu bairro. Respirou fundo o ar gelado e sentiu-se, subitamente, revitalizado. Sentia que estava no lugar certo.

Subiu rapidamente pela escadaria conhecida, galgando de dois em dois nos primeiros seis e depois desistindo, tendo em vista seu preparo físico inexistente. Fazia muito tempo desde a última vez em que se vira em situação semelhante.

Tirou do bolso as chaves e procurou por aquela que abria a porta. Tentou encaixar e não conseguiu; voltou a procurar. Testou todas as chaves do seu molho, até que uma sensação estranha escalou pela sua espinha e se aninhou na sua garganta. Só para ter certeza, tentou outra vez. Então ouviu o pigarro.

— Troquei a fechadura — o dono do pigarro barulhento acrescentou logo em seguida. Kyungsoo não precisava se virar para saber que falava com o senhorio, o maldito dono do prédio de dois andares. Mesmo assim o fez e o fitou nos olhos.

— Desculpe?

— Troquei a fechadura. Você está despejado.

— O quê?!

Kyungsoo quase vomitou as próprias tripas.

O senhorio era um homem relativamente baixinho, tinha os braços roliços e uma barba sebosa que sempre continha alguma reserva de comida para situações emergenciais. Quase sempre usava a mesma peça de roupa ou, pelo menos — Kyungsoo esperava —, roupas incrivelmente iguais. Nunca, nunquinha, estava de bom humor: era o homem velho mais chato que o assalariado já tinha visto na vida. E olha que ele já viu muita gente velha.

HOBBIE$, kaisooOnde histórias criam vida. Descubra agora