Aquela noite eu deveria ter escrito sobre como eu estava feliz e o quanto eu queria guarda-la para sempre. Mas hoje... hoje eu não imagino o porquê.
Esta noite tudo volta a ser como era antes, como nunca deveria ter deixado de ser. E os sorrisos, beijos e sonhos foram passageiros como deveriam ter sido. Passou tão rápido quanto a velocidade da luz... Mas se você parar para pensar bem, teria medo de piscar os olhos.
Quando o dia amanhecer, irônicamente tudo voltará a ser trevas. É engraçado e doloroso ao mesmo tempo. Talvez dessa vez seja o fim, ou talvez o fim já foi ha alguns anos atrás.
Incrível como a sua vida pode ser um completo vazio e ninguém perceber. Você não iria acreditar, mas talvez algumas pessoas deixaram de existir ha algum tempo.
As vezes algumas declarações são um pedido de socorro. Você não sabe, mas talvez abrir o coração seja uma última tentativa de sentir-se viva.
E então, sem perceber, você priva aquela pessoa da única esperança de felicidade que ela tinha. Como se num simples sopro você apagasse aquele fio de chama acessa que ainda ardia em seu coração e que era tudo que a mantinha viva.
Mas no final do dia, ninguém é culpado de nada. Quantas esperanças eu também assassinei? Quantas pessoas eu já levei a loucura ou quantos corações eu fui responsável por parar de bater?
Ele passou pela minha vida como um fantasma... Eu o vi, ele estava ali, ou pelo menos eu achei que estivesse. Houve o calafrio, o medo, o delírio... E então ele se foi, sem rastros. E se eu contar, ninguém acredita.
Depois de um tempo tudo o que resta são lembranças, que estão na sua cabeça e não servem como provas. Então você começa a duvidar de si mesma. Como se a aparição do fantasma só concretizasse ainda mais sua loucura.
O fantasma esteve ali, disso você tem certeza, ele é real. Mas até que você prove, a louca sempre será você.
Ele apareceu, te enlouqueceu e partiu. E antes que aquilo te mate, você ignora e passa a aceitar que aquela noite nunca existiu.
Lana de Paula
