capítulo 1

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07/01/2019.

Começo abrir os olhos bem lentamente, com a visão embaçada vou finalmente acordando e recordando que dia é hoje. O dia que eu tanto sonhei durante esses dez anos que passei neste lugar, com todas essas outras crianças ao meu redor, porém sempre me sentindo sozinho...

Por um lado estou feliz e outro não pois hoje é finalmente o dia em que vou poder ir embora desse orfanato, porém também é mais um aniversário meu que vou ter que sorrir forçadamente para as pessoas que vão me dar abraços falsos e um "feliz aniversário Steven, que você seja muito feliz e realize seus sonhos"

Sempre odiei tudo isso e sempre vou odiar, nunca fui feliz e não vai ser agora que vou começar a ser.

Suspiro fundo e me obrigo a levantar deste colchão duro novamente, em mais um dia que eu estou vivo nesta droga de mundo, me sento e encaro meus pés, ó céus como meus pés são feios, dou uma leve risada baixa e ao mesmo tempo aquele sentimento me consome novamente como todos os dia da minha vida...

Aquele sentimento.

Ódio, magoa e solidão. É esse último que sempre acabou com tudo em mim, o que sempre me fez ver o mundo de um jeito terrível e nunca ter esperança que um dia eu iria ser feliz de verdade. Sempre que olhava pela janela e avistava uma criança indo embora com os novos pais adotivos, eu me sentia inútil, desprezível, feio...

Porque nenhum casal nunca me quis ? Porque nunca me adotaram ? Eu realmente estava destinado a nunca ter pais como todas as outras crianças que nascem de uma mãe que os ama assim que olha para eles em seu nascimento.

Vamos lá Steven é só mais um aniversário idiota que você vai ter que sentir o calor humano de outras pessoas enquanto te abraçam, vamos cara você consegue. Pondero enquanto tento criar coragem para tomar um banho e descer para a sala principal onde sei que vou receber muitos olhares em minha direção e isso é algo que nunca gostei, odeio atenção demais sobre mim

Apoio minhas mãos uma de cada lado do meu corpo no colchão da minha cama e me forço a dar um impulso para finalmente levantar e encarar esse dia que parece ser o que vai mudar a minha vida daqui para frente, com um falso ânimo pego a minha toalha que está pendura em uma cadeira que uso para estudar todos os dias, abro a porta do quarto e vou em direção ao banheiro que é depois de duas portas do meu quarto, agradeço mentalmente por não ter ninguém no corredor e finalmente entro no banheiro e tomo um banho quente.

Enquanto a água quente escória pelo meu corpo, fico imaginando mais uma vez como vai ser a minha vida a partir de hoje quando eu pisar os meus pés para fora deste lugar, sou despertado do meus pensamentos quando escuto alguém tentar abrir a porta. Droga nunca consigo tomar um banho em paz porque sempre tem algum outro infeliz querendo entrar. Me apresso em terminar o meu banho e sigo em direção ao meu quarto para me vestir

Escolho como sempre uma camiseta preta, com uma calça jeans preta, minha bota de cano curto e minha jaqueta, nada muito especial já que minhas roupas são todas pretas.

Pego meu celular e desço as escadas até a sala principal, como já esperado vem uma dúzia de pessoas me dar parabéns pelo meu dia e eu forço um sorriso amigável para todos e agradeço. Não gosto do meu aniversário, ele me lembra aquela mulher, aquela que me colocou neste mundo para depois me abandonar.

― Eai Steven você vai fazer o que quando sair daqui? Diz um garoto que na verdade nem sei o nome porque realmente não converso com ninguém aqui além das funcionárias, e converso nada mais que o necessário

O encaro com indiferença e suspiro — Ainda não sei, acho que primeiro vou procurar um emprego — Pondero por alguns segundos e então ele dá de ombros e segue para a cozinha

Subo para o meu quarto pego minha pequena mala que já estava pronta há três dias e desço novamente indo em direção a saída, dou um breve adeus as todos e finalmente coloco o meu pé direito para fora, sinto o ar puro invadir meus pulmões e é inevitável não sorrir neste momento, e por uma fração de segundo eu me sinto realmente feliz...

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Estou observando o movimento, há pessoas por toda parte andando de um lado para o outro com malas nas mãos e eu realmente queria ter um destino para ir como elas. Porém estou sentado em uma cadeira da rodoviária de Toronto segurando na alça da minha mala e imaginando que talvez há alguns meses pode ser realmente eu a estar andando com um destino igual a essas pessoas passando em minha frente agora.

Eu vou conseguir sair dessa, eu estou confiante e vou fazer de tudo para dar certo, pois eu tenho foco, força e fé.

Finalmente 18 anos...

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