17 - Eu quero te ouvir

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[Jimin]

Eu não sabia explicar o que estava sentindo naquele momento. Confusão? Sim. Sem dúvidas. Mas, além disso, existia algo indecifrável que pesava em meu peito, me deixando angustiado. O simples fato de tentar analisar que tudo, exatamente tudo, o que aconteceu nesses últimos dias não foi como eu imaginava. Quero dizer, como processar a informação de que não existia um boneco em minha vida? Que na verdade, eu estava, não só tendo relações, como também morando com alguém de verdade!

Com esses pensamentos rondando minha mente, encarei aquele garoto ao qual não conhecia ainda encolhido no canto do banheiro com um olhar arrependido, sentindo minhas bochechas queimarem ao lembrar as tantas vezes que fizemos amor em tantos cantos desse apartamento. Lembranças essas que me fizeram esconder meu rosto avermelhado com as mãos, na tentativa de camuflar a vergonha notável que eu estava sentindo.

Hoseok se aproximou de mim, segurando em meus pulsos antes de trazê-los para baixo, encarando meus olhos, ainda assustados, assim que eles foram descobertos.

- Vamos sair daqui? - Me sugeriu, carinhoso e preocupado, me observando assentir antes de caminhar na minha frente para fora do banheiro sem soltar minha mão, me obrigando a segui-lo mesmo que meus olhos teimosos insistissem em olhar uma última vez aquele estranho entristecido, ainda no mesmo lugar.

Ao chegarmos na sala, analisei brevemente todo o ambiente ao meu redor, me sentindo ainda pior ao ver tudo tão revirado. Minhas coisas estavam quebradas e jogadas ao chão, como uma verdadeira cena de guerra.

Eu não conseguia entender como havia chegado a toda aquela situação. Também não conseguia saber se teria coragem de retornar aquele apartamento que um dia chamei de casa, não depois de tudo o que aconteceu aqui dentro.

Meu ombro pesou quando senti a mão de meu amigo sobre ele, me trazendo seu conforto ao perceber o quanto eu ainda estava perdido.

- Vai ficar tudo bem. - Ele disse, antes de seguirmos para fora do prédio, nos desviando dos curiosos que ainda procuravam entender o que havia acontecido quando nem eu mesmo saberia explicar. Após isso, seguimos para o apartamento onde Hoseok mora, aonde fui ainda mais acolhido quando ele fez questão de cuidar de mim da melhor maneira que pode, me oferecendo roupas limpas e um banho quente que me ajudou a relaxar enquanto preparava algo para comermos.

Ainda assim, mesmo me sentindo melhor debaixo daqueles jatos mornos sobre minha pele tensa, não consegui organizar um pensamento sequer, sentindo que tudo o que ouvi não foi o suficiente para montar esse quebra-cabeças bagunçado diante de mim. Por exemplo, se tudo o que aquele garoto contou for verdade, então por que ele ficou tanto tempo em minha casa? Que sentido teria a ele permanecer em minha vida por tantos dias?

Será que Hoseok estava certo quando disse que, ao perceber que eu era um menino solitário, ele resolver ficar e abusar disso?

- Aishh... - Resmunguei entristecido. Sentindo mais uma vez meu rosto queimar de vergonha e indignação, esfregando-os com minhas mãos como se isso fosse fazer passar o que sentia.

- Jimin? - Hoseok chamou meu nome do outro lado da porta, mantendo sua voz doce e calma ao se dirigir a mim.

- Oi, Hope?

- Eu fiz um macarrão com frango frito e pimenta do jeito que você gosta.

Sorri grande ao ouvir suas palavras, me sentindo o cara mais sortudo do mundo por ter alguém assim ao meu lado.

- Obrigado, meu amigo. Já estou acabando aqui. - Avisei, ainda sorridente. Me apressando em terminar o banho para o acompanhar nesse jantar especial, sem dúvidas preparado com muito amor e carinho. Sendo assim, me vesti e fui de encontro a ele que estava na sala, com as luzes parcialmente apagadas, deixando o ambiente mais aconchegante e confortável. A comida estava servida na mesa de centro onde ele estava sentado sobre uma das almofadas. Fiz o mesmo, me acomodando ao seu lado, frente ao belo prato posto.

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