18 - Para mim, foi real

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[Taehyung]

Quando Hoseok e Jimin deixaram o apartamento, eu não consegui ir embora por mil e um motivos. Dentre eles, a falta de dinheiro para sair da cidade e o medo por não saber onde estava e se eu teria algum recurso para sair daqui. Sem falar no temor que eu ainda tinha de voltar para minha verdadeira casa e obter uma surpresa desagradável, caso aqueles homens maus ainda estivessem por perto. Contudo, sem dúvidas, o principal motivo de eu ainda estar nesse apartamento, era o fato de não aceitar sair daqui sem a oportunidade de me explicar melhor, de dizer o porquê continuei quando poderia ter partido, de dizer que, apesar de tudo ter começado com uma mentira, o restante não foi, pois o que sinto por ele é real.

Por isso, mesmo me sentindo um bobo por esperar que ele retornasse, mesmo depois de seu amigo ter deixado claro que isso não aconteceria comigo aqui, me arrastei até o closet, onde me acomodei no cantinho ao qual ele sempre me deixava a sua espera.

Me encolhendo contra minhas próprias pernas, ignorei a dor das feridas causadas em meu corpo enquanto algumas lembranças bombardeavam minha mente, como o dia em que fizemos amor exatamente aqui, onde estou, onde ele me torturou por não poder retribui-lo como ele realmente merecia, ou quando ele me surpreendeu na madrugada ao se arrastar sonolento até meus braços, dormindo agarrado a mim e me enchendo de sentimentos que eu achei já ter vivido antes, mas não, eu nunca os vivi com ninguém. Eu achei que amava meu ex, mas agora vejo que nunca o amei de verdade, porque em meses juntos, nós nunca vivemos nem metade do que vivi com esse garoto durante os dias em que tivemos juntos. Sem dúvidas, era tudo diferente, mais intenso, mais... verdadeiro, e por tudo isso, era uma pena ter que deixá-lo sem ter sequer uma chance de fazermos toda essa química virar realidade. Um grande ato de covardia com nossos sentimentos.

Mas, no fim das contas, a decisão não é minha, e por tudo o que o fiz sofrer, mesmo não intencionalmente, vou respeitá-la, seja ela qual for.

[...]

Senti algo tocar minha pele levemente, seguido de uma ardência que me fez acordar quando sequer notei que estava dormindo. Ainda estava escuro, mas agora, eu não estava mais sozinho.

Meus olhos, ainda embaçados, lentamente identificaram a figura angelical a minha frente, sentindo minhas pupilas dilatarem de alegria por não acreditar que ele realmente estivesse aqui.

- Jimin... - Sussurrei seu nome, me certificando de que não era uma alucinação da minha cabeça, e para minha felicidade não era. Ele realmente voltou.

Me erguendo um pouco mais, apesar das dificuldades, o olhei com mais atenção, vendo que em suas mãos havia panos e curativos. O que quer dizer que ele estava cuidado de mim.

- Você voltou. - Suspirei, realmente alegre com sua presença, sendo um pouco precipitado em estender uma de minhas mãos sobre a sua, que estava apoiada no chão próximo a mim, fechando um pouco do sorriso quando ele subitamente se afastou. - Oh. Me desculpe. - Pedi, ficando sem jeito enquanto me recolhia novamente.

- Eu quem peço desculpas, mas acredito que entenda que... é tudo muito estranho pra mim. - O ouvi dizer, docemente. Recolhendo os curativos e colocando-os ao seu lado junto dos panos.

- Sim, eu compreendo bem o que quer dizer. - Lamentei, desviando meus olhos dele por me sentir envergonhado. Em seguida, ouve um grande momento de silêncio entre nós dois, antes que ele voltasse a falar.

- Eu vim aqui por dois motivos. - Ele afirmou, quando voltamos a nos olhar. - Primeiro, gostaria de agradecer por ter se arriscado por mim lutando contra aquele homem.

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