Eu acordei atordoada, abri os olhos e olhei ao redor. Onde estava? Parecia um... Escritório?
— Você está bem?
A voz vinha do outro lado do escritório e eu a reconheci. Estava me tornando craque em reconhece-la agora. Eu o fitei aturdida, enquanto me sentava no sofá onde estava deitada, de repente me lembrando porque tinha desmaiado. E meu coração se apertou.
Não. Não. Não.
Não podia ser verdade. Podia? Era surreal demais.
— É verdade? — indaguei num fio de voz, querendo que ele risse e dissesse que era tudo uma brincadeira. Mas seu semblante grave dizia que nada daquilo era brincadeira.
— Sim, é. — Fechei os olhos com força e quando os abri o encarei com raiva — Eu passei uma semana naquele hospital e você me viu todos os dias, quando é que pretendia me contar esse pequeno detalhe?
— Você não estava preparada para ouvir isso.
— E estaria quando? — Quase gritei me levantando e senti uma tontura de novo. Luke se aproximou rápido e segurou meu braço, mas o repeli. — Não põe a mão em mim! — Ele me soltou sem reclamar e eu cobri os rosto com as mãos. — Isso não pode estar acontecendo...
— Ella, eu sei como deve ser difícil...
Levantei a cabeça, o encarando com pesar.
— Difícil é uma palavra bem moderada para explicar o que estou sentindo agora...
Luke respirou fundo pude perceber que estava se contendo para não explodir.
— Você precisa se acalmar. Vou levá-la de volta para o hospital.
— Não quero e nem preciso voltar para lá. Já estou bem. Quero ir para minha casa. Quero ir para Aberdeen.
— Você não mora mais em Aberdeen. — Luke falou isso com uma compaixão na voz, como se estivesse sentindo muito pelo o que eu estava passando agora. E eu estava mesmo a beira de um colapso. Se já não fosse ruim demais saber que eu tinha perdido sete anos da minha vida, ainda teria que lidar com novidade insana de que eu era casada. E com uma pessoa que nem conhecia. Fechei os olhos novamente, tentando forçar as lembranças. Mas nada aconteceu e me senti exausta. Física e emocionalmente. As lágrimas vieram fácil e um soluço cortou minha garganta.
Desta vez eu não o empurrei quando senti seus braços em volta de mim e deixei que me abraçasse enquanto chorava por toda aquela confusão a minha volta. E então, percebi enquanto encharcava sua camisa e sua mão acariciava meus cabelos, que não adiantava nada fugir. A realidade era aquela ali na minha frente. E por mais que eu quisesse voltar no tempo, seria impossível.
Eu tinha que me esforçar para aceitar... e lembrar.
— É mesmo tudo verdade, não é? — sussurrei quando parei de soluçar.
— Eu sinto muito que não se lembre, Ella.
— Eu também — murmurei — Eu queria tanto lembrar... — minha voz não passava de uma sussurro amedrontado.
— Eu prometo que vou te ajudar... eu preciso que se lembre... de mim.
Afastei-me um pouco para olhar seu rosto. E pela primeira vez, me pus em seu lugar. Se tudo era mesmo verdade, e eu já estava me resignando que era, então devia ser horrível para Luke que eu não me lembrasse de nada. De nenhum dos nossos momentos juntos.
Eu nem me lembrava dele!
— Sinto muito... por não lembrar... Desculpe por estar agindo assim com você... deve ser horrível.