dezoito

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Havia se passado apenas uma semana desde que eu e Enzo estávamos namorando. As coisas estavam ótimas entre nós. Pra falar a verdade, estava melhor do que nunca, até estava estranhando.

Já era dia, tínhamos passado toda a noite em ligação e dormimos sem perceber. Acordei com o sol na minha cara. Eu não sentia mais minha bochecha já que tinha dormido por cima do celular.

Ligação on

- Enzo? - o chamei

- Hm. - quase não deu pra ouvir.

- Ta dormindo?

- Não, to sem sono. - ele disse completamente sonolento.

- Sei. - esperei alguns minutos e depois o chamei novamente. - Enzo?

Nada.

- Enzo? - falei mais alto.

- Hm? - ele gemeu.

- Bom dia Enzo.

Ele novamente não falou nada.

Ligação off

Ao desligar, deixei meu celular do lado do meu travesseiro e me posicionei para dormir. Eram mais de 6 horas.

Eu ainda estava morrendo de sono, principalmente por conta da gravidez.

Fechei meus olhos na tentativa de dormir novamente e comecei a contar carneirinhos. Depois de um tempo, eu estava quase dormindo quando o telefone tocou. Era o despertador.

Hora de mais um remédio.

Revirei os olhos profundamente e me levantei calmamente. Segui até a sala como uma zombie. Não vi os meninos, eles deviam estar na cama.

- Quando será esse agrupamento? - ouvi Isabel no telefone.

Fui em direção da cozinha para falar com ela e pegar água, mas antes que eu desse mais um passo para entrar no cômodo, escutei meu nome e paralisei.

- Eu não sou a mãe dela, mas sou a responsável por ela agora. - ela deu uma pausa.- Micaely Turner.

Aquilo me soou estranho, então resolvi me encostar na parede para escutar mais.

- Estarei aí assim que possível. Ela não irá consciente de onde está indo, mas espero que ela aceite. - ela soltou um suspiro.- Sim, eu sei que não é certo e que vocês não podem segurá-la aí estando sã de seus atos. Mas e se ela não estiver? - outra pausa.- Pelo o que pude ver no histórico hospitalar dela, o caso é grave. Por isso estou à procura dessa reabilitação urgentemente. Eu não aguento mais toda noite pensar que eu não posso fazer nada, porque eu posso sim. E estou fazendo agora.

Nessa altura da conversa, meu chão já havia desmoronado.

Não aguentei ouvir o resto e saí dali o mais rápido. Voltei para meu quarto com o coração a mil e me apoiei na penteadeira. Por conta dos remédios que eu estava tomando, acabei desenvolvendo um início de asma. Senti minha garganta fechar. Nada passava, muito menos oxigênio.

Tentei respirar fundo algumas vezes, com muita dificuldade, até me acalmar mais. Não acreditava no que eu tinha acabado de ouvir. Como é possível isso? Como ela soube? Ela tem acesso as fichas do sistema do hospital? Por quê?

Ela pode ter feito isso pelo meu bem, mas é a minha privacidade. E foi a minha escolha fazer isso. Eu já parei, isso não basta? Ela iria me levar à força nesse negócio de reabilitação. Eu estava atordoada com todos os meus pensamentos. Nem percebi que estava ofegante e chorando, como de costume.

Oh Daddy ~ HLOnde histórias criam vida. Descubra agora