Capítulo 1 - Decepção

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- Catarina de Lurton, aceita Afonso de Monferrato como vosso legítimo esposo? - Perguntou o bispo que celebrava o casamento entre os dois.

- Aceito. - Respondeu ela em meio a um sorriso feliz e cheio de esperanças.

- Afonso de Monferrato, aceita Catarina de Lurton como vossa legítima esposa? - O bispo questionou ao rei de Montemor. A noiva ao seu lado o olhava com um misto de medo e expectativa esquanto ele permanecia calado.

Tudo que mais Afonso queria naquele momento era fugir daquela igreja e correr para os braços de Amália, a plebéia por quem era apaixonado e por quem havia lutado contrariando a todos que jamais aceitaram sua união com a ruiva.

Olhou para Catarina e sentiu raiva. Aquele casamento significava a derrota sobre seu amor com a plebeia, significava nadar em meio a ondas fortes para chegar até quem ele amava, mas morrer na praia.

- Aceito. - Falou de modo seco e quase inaudível. Só estava aceitando casar-se com a rainha de Artena devido ao fato de que seu reino e o dela precisavam de um empréstimo junto ao Conselho da Cália para reerguer seus reinos que passavam por uma severa crise após a guerra travada entre Artena, Montemor e Lastrilha, sendo este último reino governado pelo ambicioso rei Otávio, cujo maior desejo era a posse do Vale de Laios, território pertencente à Artena.

Devido aos estragos da guerra, ele não teve outra opção a não ser aceitar a proposta de casamento de Catarina, pois unindo os dois reinos as chances de sucesso no pedido de empréstimo eram quase certas.

Mas Afonso bem sabia que apesar da intenção de usar o casamento para reerguer Artena, Catarina nutria por ele profundos sentimentos e sabia que certamente ela tentaria se aproximar, coisa que ele jamais permitiria.

Sentia atração pela mulher e isso era um segredo que levaria consigo para o túmulo. Por vezes já se pegou desejando beijá-la, tocá-la, sentir suas mãos passeando pelas curvas daquele corpo enlouquecedor, mas nunca externaria isso, pois tinha plena certeza de que o amor que sentia por Amália uma hora o faria esquecer aquele desejo momentâneo.

- E assim eu vos declaro marido e esposa. - O bispo falou fazendo o rei de Montemor despertar de suas divagações. Olhando para a aliança em seu dedo ele só imaginava o quanto aquilo era real e no quanto queria fugir de tudo.

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A primeira noite como casados foi, para Catarina, uma verdadeira decepção. Ela havia passado dias pensando e preparando tudo para aquele momento.

Encomendou uma camisola vermelha linda, imaginando que Afonso finalmente a perceberia como mulher ao menos por um momento.

E quando surgiu na frente dele usando-a e deixando seus longos cabelos soltos, por um instante, ao ver seu olhar ela achou que conseguiria ter sua primeira noite com o marido, mas não muito depois sentiu o coração partir-se com a primeira de incontáveis decepções.

- Catarina, entenda que nós nunca seremos um casal de verdade. Eu jamais lhe dei e nem darei qualquer esperança de que algo ou algum sentimento possa se desenvolver entre nós. - Ele lhe dizia sem deixar qualquer margem de dúvida em sua voz. - Sabe que não é a mulher que amo e insistir só a fará sofrer. - Falou e lhe virou as costas preferindo deitar no chão em uma espécie de colchão improvisado do que deitar a seu lado.

- Mas Afonso, por favor deixe eu me aproximar de você. Verá que posso ser uma companhia agradável. - Ela disse tentando chegar perto, mas sendo prontamente repelida.

- Por favor, não insista. Será melhor para nós dois. Boa noite. - Ele disse deitando-se e virando as costas para ela.

Naquela noite, pensada por ela como uma forma de se aproximar de Afonso, Catarina sentiu a primeira de muitas decepções que aquele casamento ainda lhe traria. E ela chorou, Deus como chorou, e mal sabia que ainda haveriam muitas lágrimas a serem derramadas.

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Cerca de um mês depois e ambos seguiam casados. Na frente dos súditos, pareciam o mais feliz dos casais, mas só Catarina sabia o quanto estava quebrada por dentro.

Era simplesmente impossível para ela esquecer o dia em que descobriu que Afonso e Amália continuavam se encontrando as escondidas. No fundo, apesar de tentar enganar a si mesma e a seu coração, ela sabia de tudo, mas nada se comparava a dor de saber que era verdade.

Ela e Afonso não trocavam mais que as palavras necessárias ao convívio e, na esperança de uma nova aproximação, ela o convidou para jantarem sozinhos em uma noite. Imaginava que o clima aconchegante de  um jantar a dois regado a um bom vinho fariam o homem percebê-la mais que como uma esposa por conveniência.

Porém, a resposta a seu convite fora mais uma negativa. Afonso lhe disse que precisaria sair para tratar de negócios do reino e ela sentia a desconfiança crescer mais e mais.

Quando era fim de tarde, ela percebeu quando ele saiu apressado e dispensou os guardas indo, sabe-se lá para onde, sozinho. Sabia muito bem que rei ou rainha nenhum sairia para tratar de negócios sem levar consigo guardas para sua segurança. Ela não pensou duas vezes antes de seguir seus passos.

Mantendo uma distância segura para não ser vista, ela viu Afonso seguindo para uma parte um pouco mais afastada do reino e indo em direção a uma casa simples. Assim que ele entrou no local ela foi em direção a uma janela da casa e olhando para o interior da mesma viu  aquilo que, no fundo sabia ser verdade, mas seu coração apaixonado lhe fazia ter esperanças de que fosse mentira.

Dentro da tal casa, Afonso estava com Amália em meio a calorosos beijos e carícias, enquanto do lado de fora estava uma Catarina destruída em meio a lágrimas que desciam de seus tristes olhos como cascatas.

Tirando forças que ela nem imaginava ter, saiu correndo daquele lugar e afastou-se o suficiente para não ser vista. Apoiou seu corpo cansado em um tronco de árvore e sentindo a força em suas pernas se esvair, ela sentou-se abraçando as próprias pernas enquanto chorava.

- Por que? O que essa mulher ridícula tem que eu não tenho? - Ela sussurrava enquanto as lágrimas grossas desciam por seu rosto. Ficou ali por um tempo que mais pareceu uma eternidade e reunindo o resto de forças que possuia, foi até seu cavalo e montou-o indo em direção ao castelo.

Assim que chegou ao lugar, todos perceberam o quão alterada ela estava. Seus cabelos desgrenhados, a roupa amassada e suja de terra, além do rosto visivelmente abatido denunciavam que a rainha não estava bem.

Entrou em seu quarto feito um furacão e naquele dia os vasos decorativos não ficaram intactos para contar a história.

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Olha quem está aqui de novo pra postar mais uma fic? Eu mesma.

Gente, eu tive a ideia dessa short fic do nada ouvindo when i was your man do Bruno Mars e comecei a escrever.

Ela será uma fic pequena e já está praticamente inteira escrita.

Vamos a alguns pontos:
1 - A guerra que mencionei não foi causada por Catarina. Otávio quem travou a guerra para conquistar o Vale de Laios.

2 - Catarina e Rodolfo não se casaram aqui.

3 - Não haverá a explosão da mina.

4 - Teremos Constantino por aqui e ele não sequestrou a Catarina. Contarei sobre a história dele mais na frente.

5 - Afonso ainda vai se arrepender muito de ter sido um estúpido com a Catarina.

No mais, por enquanto, é isso. Espero muito que gostem e deixem suas opiniões? Posto mais?

Até mais ❤❤❤❤❤

When I Was Your Man (Short Fic)Onde histórias criam vida. Descubra agora