Capítulo 4 - Discussões e mistérios

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Após aquele embate entre rei e rainha de Montemor,  eles não tocaram mais no assunto da discussão e Catarina realmente parecia ter desistido mesmo de Afonso e só agora ele percebeu o quão reais eram suas palavras.

Ele se questionava tantas coisas que as vezes nem sabia por onde começar. Deveria estar feliz, certo? Se ele dizia tanto que amava Amália, deveria estar feliz com a desistência de Catarina de tentar conquistá-lo, não é mesmo? Porém, sua cabeça formava um nó quando tentava achar resposta para tais perguntas.

Afonso já não sabia mais que respostas tinha para aquelas dúvidas. Começou a por em dúvida seus verdadeiros sentimentos pela plebeia, já não tinha mais tanta certeza daquele amor que dizia sentir. Ele se sentia culpado.

Culpado por ter feito Catarina sofrer, mesmo que nunca tenha tido a real intenção de fazê-lo, culpado por fazer ela se sentir tão sozinha, culpado por tê-la deixado sempre sozinha o esperando quando o convidava a estar com ela e agora também se sentia culpado por começar a questionar o que sentia em relação a rainha.

Ele não tinha mais visto Amália após o episódio na feira. Além de estar completamente ocupado com os assuntos do torneio, estava apreciando bastante a companhia de Catarina, ainda que esta só conversasse consigo assuntos referentes ao evento e a reconstrução dos reinos.

Ele havia começado a enxergar a rainha como uma mulher. Ela era inteligente, destemida, decidida e não tinha medo de encarar de frente nada que se apresentasse em seu caminho. E Afonso precisava admitir para si mesmo que esse, provavelmente, era o motivo de não ter permitido suas aproximações. Ele temia tudo que ela representava, temia não ser suficiente e temia mais ainda seus próprios sentimentos, que admiravam cada vez mais essas e inúmeras outras características de Catarina.

Fugiu um pouco de seus pensamentos confusos, pois preparava-se para ir ao encontro de Amália, mas dessa vez não sentia tanta animação quanto antes. Saindo de seus aposentos ele saiu do castelo rumando a casa onde costumavam se encontrar.

Após algum tempo, começou a se aproximar do lugar afastado e a ruiva percebeu sua presença e a medida em que ele se aproximava ela notava sua expressão fechada e sabia que o assunto a ser tratado naquele dia era o acontecimento na feira. Assim que ele desceu do cavalo, amarrando-o em uma árvore ela se aproximou.

- Meu amor, quanto tempo faz que não nos vemos. Você sumiu por vários dias. - Ela disse e ele apenas assentiu calado indo em direção ao interior da casa e ela o seguiu.

- Amália, eu serei bem direto com você. - Ele começou e a ruiva ficou tensa, pois sabia que o assunto da feira viria a tona. - Eu não gostei nada das insinuações que fez a Catarina naquele dia. Sabe bem que ela poderia ter ordenado que levassem-na à forca, não sabe? - Ele perguntou sem rodeios.

- Meu amor, sobre aquilo me perdoe. Eu o fiz sem pensar direito nas consequências... - Ela disse e ele a interrompeu.

- Sem pensar direito nas consequências, Amália? Pois eu te digo quais seriam. A essa altura você poderia estar morta, pois bem sabe que Catarina poderia muito bem tê-la mandado a forca e ela só não o fez devido ao fato de que o torneio se aproxima e tudo que menos precisamos agora é de um escândalo. Ou acha que todos os outros reinos não saberiam? Se soubessem logo o motivo viria a tona e seria descoberto que meu casamento com ela é apenas de fachada e advinha o que mais iria acontecer? Adeus empréstimo e adeus reconstrução dos reinos, pois além de termos de devolver tudo, ainda seríamos julgados em uma comissão com os demais reis e rainhas devido a farsa do casamento. - Afonso falou quase gritando.

- Me desculpe, Afonso, por favor. - Ela se aproximou segurando seu rosto entre as mãos fazendo ele olhá-la. - Eu não pensei em nada disso, só queria que ela soubesse que pode ter tudo que sempre desejou, o reino, o poder, mas que não pode ter aquilo que mais quer: você. - Assim que falou isso, ele a olhou desacreditado e se afastou.

- Não posso acreditar no que acaba de me dizer. - Ele disse sentando-se na cama e apoiando a cabeça entre as mãos. - Desde que toda aquela cena aconteceu, Catarina só me dirige a palavra quando é necessário, não conversamos sobre nada além dos assuntos reais e ela, por vezes, me trata com total indiferença.

- E isso não é bom? Assim, ela percebeu que você não quer nada com ela e logo esse casamento pode acabar. Quando toda a poeira abaixar poderemos ficar juntos novamente. - Amália disse e Afonso não acreditou.

- As coisas não são assim tão simples. Nada se resolve da noite para o dia e eu sei melhor que ninguém disso, sei melhor que ninguém o quanto agir por impulso traz péssimas consequências. - Ele falou e a plebéia engoliu em seco, pois entendeu bem ao que ele se referia.

- Você fala de um jeito como se estivesse arrependido de tudo. - Ela disse. - Também não é fácil para mim. De esposa e candidata a rainha, desci ao nível de mera amante do rei.

- Minha mente está confusa. Não sei mais o que pensar, como agir daqui para a frente. - Ele falou e levantou-se. - Não está sendo fácil para ninguém sustentar toda essa situação e Catarina sabe sobre nós, sempre soube e não sei se ela suportará muito tempo sem explodir.

- Catarina sempre soube que esse casamento seria apenas de fachada e tão logo o empréstimo fosse concedido e os reinos reconstruídos, nós ficaríamos junto de novo. - Ela falou e se aproximou de Afonso. - Você me prometeu isso, Afonso.

Ele ficou calado naquele momento. Não sabia mais o que dizer e nem como agir e mais uma vez a culpa lhe atingiu e sentia que o preço de sua impulsividade mais uma vez estava muito alto. A plebéia o salvou da morte e ele devia isso a ela e sua família.

Era apenas uma confusão de sentimentos devido a tudo que vinha acontecendo. Logo tudo ficaria bem novamente. Pelo menos era nisso que ele buscava acreditar.

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O torneio anual da Cália se aproximava. Faltavam apenas mais alguns dias para a cerimônia de abertura. Todos já haviam confirmado suas presenças em Montemor, porém ainda faltava uma pessoa: o rei de Vicenza.

Catarina estava com Gregório na sala de reuniões discutindo alguns últimos detalhes sobre o evento e eles não puderam deixar de mencionar sobre o convite para o misterioso homem.

- Será que ele realmente não irá aceitar? - Catarina questionou. - Todos já confirmaram suas presenças e apenas ele ainda não nos deu nenhuma resposta ao convite.

- Espero que sim, majestade, muito se fala sobre o misterioso rei de Vicenza, sobre sua força, sua coragem e a história de sua ascensão ao trono. Seria uma oportunidade ímpar de movimentar o nosso evento se ele revelasse sua identidade aqui. Isso atiçaria a curiosidade de todos atraindo ainda mais visitantes, além da oportunidade de nos aproximarmos dele. -  Gregório falou e Catarina concordou com cada palavra dita.

- Espero realmente que ele aceite nosso convite. As vezes fico me questionando se esse homem misterioso é realmente tão misterioso assim. Será que ele é alguém que conhecemos? - Catarina perguntou.

- Majestade, isso realmente é algo que só saberemos se ele resolver aparecer. Mas algo me diz que sua identidade será uma grande surpresa. - Gregório falou e Catarina ficou pensativa.

Quem era esse homem? Será que ele era realmente alguém tão misterioso quanto queria fazer parecer?

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É minha gente, Catarina está mesmo decidida a esquecer o Afonso de vez e isso não será tarefa difícil se depender do nosso rei de Vicenza que logo dará as caras por aqui.

Nos próximos capítulos vou contar sobre a história dele e sua ascensão ao trono de Vicenza, além de explicar outras coisas sobre ele e sua história com a Catarina.

Afonso que lute.

O que acharam? Espero que tenham gostado e até mais ❤❤

Ps: pra quem acompanha Rise em breve teremos capítulo novo.

When I Was Your Man (Short Fic)Onde histórias criam vida. Descubra agora