Capítulo 27

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Harry

"You've got a friend in me" - Toy Story

Depois de passarmos a noite cantando e comendo na casa de Louis, já era de manhã e estávamos a caminho de Frankfurt. Poder encontrar os garotos novamente foi uma experiencia surreal, era como se nunca tivéssemos ficado distantes.
Louis pessoalmente nos deixou no aeroporto. Abracei meu amigo de longa data e o desejei um feliz aniversário adiantado. Dei um beijo no topo da cabeça de Freddie, que estava na cadeirinha do carro, e esperei para que Anna também se despedisse deles. Logo que ela fez, nos ajeitamos e fomos para o embarque.
Eu não tinha mais medo de beijar ou abraçar Ann em público. Eu me sentia seguro o suficiente para estar ao lado dela e não me importar com o que diriam. Algumas pessoas, em sua maioria mulheres, nos encaravam com certa inveja no olhar. Mas, nada disso nos intimidava – pelo menos não me intimidava.
Desde a oficialização do nosso namoro, não tenho a visto usar as redes sociais com a mesma frequência de antes. Ela me diz que faz isso para aproveitar as férias, mas eu desconfio que seja por medo do que podem estar dizendo.
Estávamos no avião e Anna dormia como uma princesa ao meu lado, ela tinha um pequeno sorriso nos lábios, que me fizeram querer saber sobre o que sonhava. Peguei meu celular e comecei a usar algumas redes socias de forma fantasma; apenas vendo a timeline e não indiciando que eu estava por ali. Vi algumas fotos de Anna aparecerem para mim, e a última era uma dela com Freddie no colo, tinha um sorriso lindo e verdadeiro. Haviam muitos comentários bondosos por ali, muitos que eu sei que ela adoraria ler, pois elogiavam seu trabalho, além de sua aparência. E se tinha uma coisa que Anna amava, era ser reconhecida por seu esforço.
Mas, no meio daquele mar positivista, alguns comentários negativos brilhavam. E por mais que fossem poucos, talvez alguns numa proporção de ¼, eu sabia que os olhares de Anna iriam direto para eles, sem pestanejar. Parece que todos nós temos essa vontade louca de se autodepreciar, e esses comentário apenas facilitavam isso.
Ann não estava com tanta frequência nas redes por isso, ela não queria motivos para se entristecer. Vimos claramente o que Madu e Shawn passaram por conta de tudo isso, e creio que ela quer evitar que aconteça o mesmo conosco.
Me esforcei para dormir um pouco até chegarmos à Alemanha novamente.

Anna

- Me diz, como foi conhecer a One Direction toda? – Carlinha estava sentada ao meu lado na cama, e Fernanda estava no sofá pintando as unhas dos pés.
- Foi incrível, são todos muito simpáticos e amorosos. – eu disse e minha irmã sorriu. – Um dia vou leva-la para conhece-los.
- Nem brinca, Anna. – ela riu nervosa.
Já era de tarde e eu havia chegado a pouco de viagem, mas eu gostava desses momentos entre garotas, e gostava do fato de estarmos tão unidas. Fazia um tempo que não nos víamos simultaneamente, ou eu apenas via Carla, ou apenas via Nanda.
Minha cunhada deu um suspiro de alivio quando terminou de passar a ultima camada de esmalte branco no dedinho.
- Qual a programação de hoje? – ela perguntou levantando do sofá e pisando de forma estranha no chão.
- Papai disse que está acontecendo uma feira de adoção de animais aqui. O que acham de irmos? – Carla disse em tom animado.
- Eu estava mesmo pensando em conquistar uma amizade canina. – eu complementei. – Acho que devemos ir. Vamos colocar uma roupa e falar com os rapazes.

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A rua onde ocorria o evento do Tierhilfe Frankfurt estava relativamente cheia, várias barracas com diferentes ONGS e abrigos estavam com animaizinhos disponíveis para adoção.
Minha mão estava entrelaçada na de Harry, que conversava com meu irmão mais velho. Estávamos parados em frente ao estande da Federação Animal da Alemanha e eu observava os cachorrinhos, até que vi uma bola de pelos dourada, reclusa e chorando no canto do grande cercado que estava ali. Soltei da mão de Styles sem que ele percebesse e caminhei até ao pequeno ser. Coloquei meus dedos pela grade, tocando levemente seus pelos macios.
- Ei, por que está sozinho aqui, em rapaz? – sussurrei para o animal, que rapidamente começou a abanar o rabo em resposta. – Que tal você arrumar uma casa, em? – o cachorro, que parecia ser um Golden, levantou a cabeça, parecendo entender cada palavra que eu dizia. – E o que você acha de irmos para minha casa? – ele soltou um latido fino. – Então você será meu novo melhor amigo, menino. – acariciei seu focinho, e logo senti uma presença ao meu lado. Virei meu olhar e rapidamente encontrei o de Harry.
- Teremos um novo companheiro agora? – ele perguntou e eu sorri, assentindo. – Ele é lindo. – tocou levemente na cabeça do animal, e com a mão livre chamou uma das responsáveis pela ONG para ajeitar os papéis da adoção.
Depois que conversamos com a mulher e assinamos todos os termos de responsabilidade sobre o animal, poderíamos finalmente leva-lo para casa.
- Essa será nossa primeira responsabilidade como um casal. – Harry disse enquanto estava agachado em frente a pequena bola de pelos, e eu segurava a guia. – Precisamos de um nome para esse garoto. Alguma sugestão, amor? – ele virou o olhar para mim e todos os meus sentidos pediram socorro. Ele tinha me chamado de amor, ele literalmente tinha acabado de fazer isso. Sorri, sem muita reação e ele se levantou já me abraçando. – Não quer que eu te chame de amor? – ele beijou minha bochecha e eu neguei. – Então, vou continuar te chamando assim, amor. – selou nossos lábios rapidamente e eu sorri.
- Sehnsucht. – eu disse e ele fez uma feição engraçada. – Pode ser o nome dele. – olhei para o cachorro que estava deitado e mordendo sua própria pata. – Significa 'saudade incontrolável', algo que vem do coração sem sabermos o porquê. – suspirei. – E eu quero que ele seja o que nos conecta quando estivermos sentindo essa saudade. – Harry me afundou em seus braços e beijou o topo da minha cabeça.
- Então Sehnsucht será o nome dele. – ele sorriu. – Carinhosamente conhecido como Sehn. – rimos e nos beijamos rapidamente. – Vamos para casa, daqui a pouco o jantar será servido, e creio que seus irmão já querem ir, porque já estão todos a caminho do estacionamento. – apontou para frente e pude ver minha família caminhando unida.
- Precisamos comprar coisas para o Sehn. Uma cama, comida, tudo. – eu disse. – Vamos daqui a pouco. Pedimos um taxi, ou algo do tipo. – Harry sorriu e acenou em concordância.
- Tudo que quiser.

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Sehn estava deitado no chão da sala de música enquanto eu estava sentada em frente ao piano. Ele estava extremamente quieto e calmo, aproveitando cada nota tocada, como se gostasse do que ouvia.
Meus olhos fechados faziam com que meu tato ficasse apurado, me permitindo sentir o acabamento de ébano das teclas. Uma brisa fria passava pela fresta da janela e eu sentia meus pelos arrepiarem por conta disso.
Meu celular estava em cima do sofá, e tocava sem parar. Aparentemente eu não tenho dado a atenção que deveria para as redes sociais e coisas do tipo.
Pela insistência de quem ligava, de certo era algo importante. Então decidi sair da frente do piano e pegar o aparelho. No momento que levantei, Sehn mexeu um pouco a sua cabeça para ter certeza se eu sairia dali ou não.
- Calma, rapaz. Só vou ali no sofá. – abaixei e fiz carinho em sua cabeça.
Andei até o móvel e o telefone ainda tocava, na tela o nome 'Mark' brilhava.
- Achei que eu ia ter que pegar um voo até a Alemanha pra você falar comigo. – meu amigo disse assim que atendi a ligação.
- Como sempre nem um pouco dramático, não é? – eu soltei uma risada. – Diga o que é tão importante para eu ter quase seis chamadas perdidas suas. – vi que Sehnsucht levantava um pouco agoniado, então abri a porta para que ele fosse até a varanda pegar um ar e fazer o que fosse necessário.
- Três coisas. – ele pontuou. – Primeira: Parabéns pelo namoro, não é nenhuma novidade que isso aconteceria. – revirei os olhos mesmo que ele não pudesse ver. – Segundo: Alan Walker quer que você participe da produção do novo single dele. – eu não sabia quem era essa pessoa, pesquisaria um pouco mais depois. – Terceiro: O álbum que você produziu para Sandy em seus últimos meses no Brasil estava concorrendo a categoria de Melhor Produção pelo Premio Multishow, e ganhou. Eles querem um vídeo seu agradecendo pelo prêmio. A estatueta chegará um pouco depois do natal. – ele falou tão rápido que eu me perdi em algumas partes e tive que começar a assimilar as coisas ao juntar palavras soltas.
- Ok, vamos lá. – suspirei. – Obrigada pelas felicitações, estamos muito bem. – rapidamente meu pensamento foi até Harry, que estava na sala com meus irmãos e padrasto assistindo a algum jogo do Manchester City. – Não sei quem é Alan Walker, mas você sabe que eu não recuso trabalho, sou workaholic até demais. Então peça para ele entrar em contato comigo, por favor. – sorri. – Bom, eu nunca esperaria que fosse ganhar um prêmio, mas se isso realmente aconteceu, eu faço o vídeo. Eles querem para quando?
- Vai acontecer a gravação da premiação daqui dois dias, vai ao ar apenas no final do ano. Mas, quanto antes melhor. Se puder enviar hoje ou amanhã para o endereço de e-mail que eu te enviei por mensagem, já vai ser um tópico a menos nessa discussão. – ele falou e do nada soltou uma risada, me fazendo ficar cheia de dúvida. – Meu Deus, estou me sentindo a Layla. – quando eu entendi o motivo de sua risada, acabei por acompanha-lo nela. É, realmente ele estava parecendo um assessor. – É isso, basicamente. Vou falar com o Alan hoje mesmo.
- Ok. Obrigada, Mark. – eu disse.
- Como estão as coisas aí? – seu tom de voz subitamente pareceu transmitir preocupação. Eu sabia que ele falava sobre meu pai.
- Estão indo bem. Eu achei que seria mais difícil, mas está tudo fluindo. Até mostrei uma música minha para Harry.
- Você o quê? – eu soube que nesse exato momento o queixo de Marcus tinha ido ao chão. – Que orgulho, Ann. Só falta mostrar para o mundo agora.
- Um passo de cada vez, Mark. – soltei um suspiro pesado.
- Isso quer dizer que você...
- Eu não sei, Marcus. Eu não sei. – disse, com calma.
- Só espero que decida fazer o certo. – ele disse e eu dei um sorriso. – Feliz natal adiantado, Ann.
- Para você também, meu amigo.
Desligamos a ligação eu voltei para o que estava fazendo.

The Last Song I'll Write For You | { Harry Styles }Onde histórias criam vida. Descubra agora