Capítulo 37

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Harry

"What if I never started singing? What if you never told your family you were leaving?" - If We Never Met, JOHN.k

New York Times. Eram essas as letras que brilhavam no papel enquanto eu caminhava em direção ao setor de embarque do Aeroporto de Los Angeles. Eu tinha uma entrevista com o jornal mais aclamado dos Estados Unidos, mas isso não era o que importava. O que realmente importava era que eu estava indo para Nova Iorque. 

Decidi que não avisaria Anna, para fazer uma surpresa. Pedi à Layla para me ajudar a encobrir o fato de que estaria na cidade, e ela me disse apenas para ficar tranquilo, já que Ann estaria com Shawn e Mark no estúdio durante toda a tarde e noite. 

Relaxei no banco de espera da sala VIP enquanto tomava um suco verde com um sabor indefinido. 

Alguma coisa estava me dizendo que essa seria uma boa visita.

Anna

Nunca havia me sentido tão desconfortável quanto naquele momento. Estávamos no consultório do obstetra. Sim, quando digo "estávamos" é pelo fato de todos meus amigos estarem me acompanhando. 

Eu estava deitada na maca e ao meu lado estavam Layla, Grazi e Mark. O médico tinha pedido alguns minutos para resolver algo sobre uma paciente. Mas, esses poucos minutos para mim pareciam horas. Não conseguia mais esperar, tudo me deixava nervosa. Principalmente o fato de Layla estar ao telefone com Harry no momento, fingindo que nada disso está acontecendo.

- Tudo bem, Hazz. - minha amiga disse, em tom totalmente profissional. - Vou mandar o contrato de renovação para o seu advogado antes que você assine. Vou marcar uma reunião com ele, e depois te explico tudo. Ok? - ela deu uma pequena pausa, o que indicava que meu namorado estava a respondendo. - Então ficamos combinados dessa forma. Me avise se ficar com qualquer dúvida. Te encaminharei o e-mail da Gucci agora mesmo, mas sem possibilidade de edição, apenas visualização. Apague logo depois de ler. - parou de falar mais uma vez. - Ok! Um beijo para ti. - ela sorriu. - Pode deixar, eu digo a Anna que você está com saudades. - ela olhou em meus olhos com um sorriso esperto nos lábios. Meu coração quase saiu do peito. Eu também estava morrendo de saudades. - Tchau, Harry. - e assim a ligação foi finalizada. Por alguns segundos ela mexeu no telefone, creio que para enviar o tal e-mail que comentou com Styles, logo bloqueou a tela e guardou o celular no bolso. 

Eu não conseguia proferir uma palavra sequer, minhas mãos suavam frio e meu corpo tremia de todas as formas conhecidas e desconhecidas. O barulho da porta avisou a entrada do Doutor Joshua Cardiff.

- Bom, então vamos começar? - ele se sentou na cadeira que estava posicionada entre a maca e o televisor. Engoli seco e assenti. - Temos muitas pessoas aqui. Algum deles será o pai ou a mãe desta criança junto com você, Anna? - ele perguntou de maneira educada e até mesmo carinhosa. 

- São meus amigos. - disse em tom de voz baixo. - O pai... - cocei a garganta. - Ele ainda não sabe. 

- Entendo. - ele disse. - Tudo no momento certo, não? - ele sorriu fraco, fazendo suas rugas ficarem ainda mais visíveis e eu retribuí envergonhada. - Vamos fazer essa ultra agora. Você vai sentir um pouco gelado, ok? - maneei em concordância e ele colocou o aparelho de ultrassom em minha barriga, o movimentando lentamente. - Olha só. Esse aqui é o feto. - apontou para um pequeno borrão branco que aparecia na televisão. Parecia tão pequeno e frágil. - Você aparenta ter mais de duas semanas, eu diria até que daqui alguns dias você fará um mês. Sabe a data que foi concebido? 

- Dia 14 de dezembro, provavelmente. - falei baixo. 

- Correto. - ele sorriu. - Você quer ouvir o coração? - ele perguntou e eu paralisei. 

- Já tem como ouvir? - Grazi foi quem perguntou, animada.

- Sim, claro. - o homem em branco respondeu. 

- Pode me dar meu telefone, por favor? - eu pedi à Mark, que o guardava no bolso e logo me entregou. - Um segundo, doutor. - eu disse e ele concordou com um pequeno aceno de cabeça. Desbloqueei a tela e fui à minha agenda, logo iniciando uma ligação. 

Logo no primeiro toque a pessoa atendeu. 

Meine schwanger. - a voz de Cath soou ao outro lado da linha. 

- Hallo, meine liebe. - eu disse. - Bom, vou falar em inglês porque estou acompanhada de outras quatro pessoas falantes da língua. - eu ri e ela também. - Vou te colocar no vivo à voz. 

- A que devo tal ligação? - a voz de Heinze propagou pela sala. 

- Você estava presente, de certa forma, no descobrimento dessa gravidez. - suspirei. - Então quero que ouça conosco o coração dessa criança pela primeira vez. - disse.

- Você está falando sério? - ela quase gritou. - Espera, vou pra um lugar afastado. - ouvi barulhos de passos rápidos, como se Cath estivesse correndo. - Manda ver. 

Maneei para o médico, o dando o aval de que poderia procurar o batimento cardíaco naquele momento. Ele colocou o aparelho gelado novamente sobre mim e foi procurando, até que parou em um local específico no lado esquerdo de meu abdome. Com uma mão segurou o ultrassom e com a outra aumentou o volume da TV. Um ruído começou a tomar conta do ambiente. 

- Pronta para ouvir, Anna? - doutor Cardiff perguntou e eu assenti, mesmo sabendo que não, eu não estava preparada.

Ele movimentou o ultrassom alguns centímetros para esquerda e um estrondoso som de batidas encheu o consultório. Eram as batidas do coração da criança. 

Minhas mãos começaram a tremer enquanto eu ouvia aquele som. Aquele doce som. 

Eu sentia como se estivesse ouvindo minha música preferida pela primeira vez. Aquilo não soava como batimentos cardíacos, ao meu ouvir parecia uma linda melodia. Melodia essa que eu poderia ficar ouvindo incansavelmente. 

Pude sentir meu coração bater em uma velocidade maior que o da criança. O feto estava tranquilo, eu não. Pela primeira vez desde a descoberta da gravidez eu quis poder ter aquele pequeno ser em minhas mãos. Queria poder abraçá-lo e pôr a cabeça em seu peito para ouvir seu coração sem que fosse por um aparelho de ultrassonografia.

Olhei para o lado e pude ver que Grazi e Lay choravam feito criancinhas, já Mark tinha lágrimas nos olhos e um sorriso enorme no rosto. 

- Eu sabia que iria chorar. - Catherine disse com a voz embargada. - Que coisa mais linda! 

Sim, era lindo. E foi a partir daquele lindo momento que eu tive a certeza de que onde quer que eu fosse, eu reconheceria aquela criança apenas pelas batidas do seu coração, que se tornaram a minha música favorita. Uma melodia sem igual e com certeza a melhor canção que já fiz até hoje. 

Era meu. Eu estava carregando dentro de mim o fruto do amor que sentia por Harry. Era nosso. 

Nossa sorte, nosso amor, nosso filho.



The Last Song I'll Write For You | { Harry Styles }Onde histórias criam vida. Descubra agora