o desconhecido é assustador

15 1 0
                                    

Sorri abertamente, afinal era o que eu queria e estava logo a minha frente. A solução de todos os problemas. Era apenas mais dois passos e estaria tudo acabado.

-Você poderia fazer isso no predio ao lado? -uma voz falha atras de mim perguntou, me virei no susto e vi uma garota, ela usava as mesmas roupas do hospital que eu indicando que também era paciente.

-O que? -perguntei sem entender.

-Perguntei se você pode se suicidar naquele prédio ali. -respondeu apontando para o segundo predio do hospital, pisquei algumas vezes olhando para o tal predio, eu não fazia ideia de como reagir a situação.

-Aquele predio... -apontei para ter certeza. -Eu não conseguiria entrar mesmo que quisesse.

-Então volte mais tarde. -respondeu dando de ombros.

-Mas...

-Shh! -ela fez sinal de silêncio. -Esta começando.  Saia daqui.

Olhei em volta na procura do que estava prestes a começar e pude ver no horizonte o sol se pondo e se afundando no emaranhado de predios ao longe, memorias me vieram a tona.

Quando pequena não perdia nenhum anoitecer,  minha avó e eu sempre tentávamos em uma pracinha perto de casa para ver o sol se despedindo da população ingrata, claro que não pensava desse jeito naquela época... Quando eu voltava pra casa, dividia um binóculo com meu primo para apreciarmos as estrelas. Era uma época boa...

O horizonte ficou escuro, não havia mais sol... olhei para baixo vendo as ruas movimentadas e dei um passo para tras recuando, não conseguiria, não hoje.

Olhei para onde a garota estava e não a encontrei, estava sozinha novamente, senti meu rosto molhado e percebi que estava chorando, me deixei cair no chão e me permiti chorar, me permiti gritar. Foi algo nostálgico de certa forma.

Mas como o que é bom dura pouco logo apareceram alguns medicos eme arrastaram para meu quarto, não recuei, não me debati e muito menos reagi.

agoniaOnde histórias criam vida. Descubra agora