O que somos e onde estamos?

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Creio que para a maioria das pessoas a principal questão filosófica seja "O que de fato somos, e onde estamos?", para aqueles quem tem fé ou algo parecido é uma questão fácil de responder, embora se tornarmos essas indagações um pouco mais complicadas a resposta se tornará algo em torno de um paradoxo quase insolucionável. Se pergunto para um amigo religioso próximo a mim o que somos, a resposta dele será resumidamente parecida com isso: "Somos humanos, criados por Deus." E se eu prosseguir e fizer mais uma pergunta a resposta seguirá a mesma linha de pensamento.

- E por que estamos vivendo?

- "Ora, porque essa é a vontade dele."

Usei aqui como base algum de meus conhecidos, que são ou pelo menos seguem doutrinas religiosas e já tive a oportunidade de discutir essas questões. Agora, se pergunto para uma pessoa que não é religiosa ou que não tem fé em nenhum tipo de criacionismo ou inteligência superior a de nós humanos a resposta para a mesma questão seguirá uma base semelhante mas completamente oposta, algo em torno disso: "Somos humanos, mas não sei o que de fato somos", embora as palavras possam ser outras, ou até construídas com muito mais conteúdo, a resposta não passará de uma simples opinião. Se prossigo com a segunda pergunta a resposta terá o mesmo "tom": "Não sei", "Pretendo descobrir", "Acho que devemos dar uma razão para a vida, um objetivo ou um sentido próprio.". Essa última resposta serve para aqueles que pensam que a vida é um livro em branco e que somos nós quem devemos preenchê-lo; compactuo com alguma das partes dessa linha de raciocínio, mas preciso de algum espaço para construir realmente as minhas considerações.

Já experimentei e tive sólidas opiniões acerca dos pontos aqui levantados, e um pouco de cada uma delas hoje formam o alicerce desse pensamento mais do que concreto do qual acredito, pelo menos para mim, fazer sentido. Em alguns momentos da minha vida na qual estive mais próximo das doutrinas religiosas, do cristianismo e da igreja, cheguei a ser uma pessoa completamente convicta de que somos fruto da criação de um ser divino e que somos moldados por ele. Se as mesmas perguntas que descrevi nesse texto fossem feitas para mim nesse período do qual mencionei minhas respostas seriam de fato, bem parecidas com as aqui apresentadas ou até mesmo idênticas. Em outro momento da minha vida, que intitulo de "O período ceticista de mim" as minhas respostas seriam vazias, incompletas e até mesmo sem sentido: "Não somos nada, apenas estamos vivendo", "Estamos vivendo, mas isso não quer dizer que a vida possui algum sentido.", nesse período eu fui tomado por um pensamento que era moda na época, ou pelo menos eram as perspectivas da maioria das pessoas no qual eu tinha um contato mais íntimo.

Tendo já discernimentos completamente opostos da mesma questão, embora tenha aqui tratado com muita pouca profundidade a minha posição acerca dessas dúvidas o meu pensamento atual tem pelo menos resquícios das duas facetas. Ao tomar um pouco mais de consciência e autonomia de meus pensamentos olhei para o mundo de uma maneira diferente e notei algo que para muitas pessoas e até mesmo para a própria religião serve como um de seus pilares argumentativos. O mundo, ou pelos menos a nossa realidade, possui um grau de perfeição incomparável, indiscutível e singular. Se olharmos ao nosso redor todas as coisas das quais temos por perto possuem um sentido para existirem, assim como todas as partes do nosso corpo, e quando ampliamos essa visão para algo mais abrangente, todos os itens da natureza possuem uma lógica para existirem ou estarem ali. Por esse motivo, a minha mente limitou-se a perspectiva de que somente um ser superior ou algo que tem uma soberania acima da nossa pudesse de fato ter construído tudo o que hoje vemos. Se esse "ser" é parecido, semelhante ou até mesmo igual com o Deus que estamos acostumados a tratar, não é uma questão inteligível e que eu com o meu conhecimento limitado possa responder. A noção que pretendo passar é que o grau de logicidade das coisas existentes no mundo, não me deixam opinar ou até mesmo ter a intenção de acreditar que foi tudo obra do acaso, no entanto, há ainda uma série de dilemas e atribulações que de fato bloqueiam a concretização irrefutável dessa linha de opinião. Acerca da questão dos limites do meu conhecimento e de todos os outros seres humanos, pretendo trabalhá-las mais pormenorizadamente em algum dos capítulos seguintes deste livro. 

Minhas considerações acerca da vidaWhere stories live. Discover now