No início, quando tudo era normal.

12 5 3
                                    

Tudo se inicia em uma pequena cidade fria e chuvosa, belíssimas paisagens pouco exploradas. Nessa mesma cidade mora um adolescente de 16 anos, seu nome é Raphael. Mora com seu avô, Albert, seus pais faleceram quando ele tinha apenas 2 anos de idade. Desde então Albert se comprometeu a cuidar de Raphael até os seus últimos dias de vida.
Era exatamente 7 horas, quando Raphael se levantou para preparar o mingau que seu avô gostava de tomar pela manhã.
- Vovô, acorde, seu mingau está pronto. Disse Raphael encostando suavemente sua mão no ombro de Albert.
- Ajude esse pobre velhinho a se levantar, por favor. Disse Albert com uma leve risada.
Raphael cuidadosamente segurou em sua mão e o ajudou a levantar, Albert vagarosamente se espreguiçou, pegou sua bengala e andou até a cozinha, em direção a mesa.
Olhou pela janela e murmurou:
- Mais um dia de chuva! Essa cidade parece ter uma cachoeira entre as nuvens!
Logo após, encostou sua bengala no canto da mesa e se sentou.
- Vou ajudar o senhor vovô. Disse Raphael pegando uma colher e pondo sobre a boca de seu avô.
- Não meu rapaz! Eu consigo fazer isto sozinho.
Logo após pegou a colher com suas mãos trêmulas por conta da idade avançada.
Após terminar de tomar o mingau ele disse a Raphael:
- Preciso que você vá até a loja de conveniência e me traga algumas coisas.
- Ok vô, assim que essa chuva passar eu vou.
- Vá logo, você não é feito de açúcar, não faz mal se se molhar um pouco, leve aquele guarda-chuva velho que está no porão.
- Tá bem vô. Disse Raphael levantando os olhos.
Raphael foi até o porão procurar o guarda chuva, que estava próximo a um antigo barril de cerveja, abriu a porta e foi até a esquina para comprar o que seu avô lhe pediu. Já bem perto da loja, avistou uma família que havia acabado de chegar na cidade, certamente estavam se mudando para aquele local, foi quando ele ouviu um grito bem alto:
- Ei, Rapha!!! Eai mano!!!
Raphael tomou um susto.
- Ah, é você Juliano? Quer me matar de coração seu escandaloso!
- Foi mal cara! Tenho algumas novas pra te contar.
- Não precisa me dizer. Acabei de ver, uma família se mudou para aquela casa que era do Sr Rodolfo.
- Sim cara! Mas o que você não sabe é que eles são meus parentes. Meu tio Louis e minha tia Katarina, e minha prima, a Julieta.
- Julieta? Disse Raphael. Logo após a porta do carro se abriu. Era a Julieta.
Quando olhou para ela, ficou impressionado, nunca havia visto uma garota tão bonita.
Logo após Juliano Pegou em seu braço e disse:
- Vem cara, vamos até lá falar com ela.
- Julieta! Sou eu, Juliano, seu primo, esse é meu amigo Raphael.
Julieta ao ver seu primo, deu lhe um forte abraço, com imensa felicidade, pois fazia muito tempo que não se viam. Logo após se virou para Raphael:
- Oi! Eu sou Julieta, prazer em te conhecer. Disse ela lhe dando um abraço também.
- Prazer! Sou Raphael. Disse ele com as bochechas avermelhadas.
- Bom, depois eu falo com vocês, preciso entrar antes que eu fique resfriada, até mais! Disse ela esbanjando um belo sorriso. Logo os dois caminharam até a loja para comprar os cigarros.
- Cara, sua prima é linda.
- Todos da minha família são, disse Juliano sorrindo.
- Então você foi o único que saiu feio. Disse Raphael zoando. Os dois sorriram.
Conversaram por alguns minutos e se despediram, Raphael voltou para sua casa.
Após andar alguns metros, a chuva parecia estar leve, e ele desarmou seu guarda chuva, enquanto caminhava por uma estradinha de terra com árvores ao redor, com destino final a sua humilde casa de madeira.
Chegando em casa, entregou os cigarros ao avô e foi para o quarto. Como de costume, pegou seu livro de histórias medievais que tinha em sua pequena estante ao lado da cama, um livro que era herança de seu falecido pai, Augusto. Raphael adorava se imaginar naquelas histórias de bravura, de grandes heróis, entrava em um mundo só dele, sempre que lia esse livro, imaginava seu pai e sua mãe, e isso o alegrava, por mais que eles não estivessem ali. Guardou o livro e deitou em sua cama, olhando para o teto.
- Que dia entediante... Preciso arrumar algo para fazer.
Olhou pela janela observando uma linda floresta que era possível ver de seu quarto.
Logo em seguida Raphael se retirou de seu quarto, indo até a a pequena sala onde havia uma lareira. Pegou alguns pedaços de lenha e colocou sobre ela, e ateou fogo. Seu avô se aproximou. Os dois olhavam fixamente para o fogo. Rafael, pensativo, perguntou a  seu avô:
- Vovô, porque às vezes as pessoas que nós amamos se vão? Como eu queria que eles estivessem aqui agora...
Albert permaneceu em silêncio por um tempo.
- Porque a vida é assim. Uns se vão cedo demais, outros não. No final, vamos todos para o mesmo lugar.
- Você acha que eles estão olhando para cá agora? Questionou Raphael.
- Acredito que estão melhores do que nós. Disse seu avô soltando uma leve gargalhada.
Raphael sorriu. No fundo do seu coração, o que o confortava era a crença de que seus pais estavam bem, de que Deus estava cuidando deles lá em cima.
- A chuva parou. Vou até a casa do Juliano, ok vovô?
- Tudo bem meu neto, tome cuidado!
Raphael pegou sua bicicleta e foi até a casa de Juliano. Era uma tardezinha, o sol dava suas caras timidamente, entre as nuvens, Raphael pedalava por aquela estrada de lama, com uma leve brisa sobre seu rosto, os pássaros cantavam, soando um som agradável de se ouvir. Logo Raphael chegou. Ele já estava em frente a porta de sua casa.
- Eai mano! Vamos até trilha das árvores de bike? Disse Raphael.
- Bora! Vou pegar minha bicicleta .
Os dois saíram e foram em direção a trilha. Mais a frente deram de cara com Julieta.
- Ei, aonde vocês estão indo?
- Nós estamos indo até a trilha das árvores, disse Juliano.
Trilha das árvores? Parece legal, posso ir com vocês!?
- Mas é claro que pode, porque não? Disse Raphael.
- Ok, me esperem aqui vou pegar minha bicicleta.
E então os três foram em direção a trilha das árvores.
A trilha estava com bastante lama, os três passavam pelas poças de lama, em velocidade, todos soltando intensas gargalhadas, parecia que estavam vivendo um momento único. Já era um finalzinho de tarde quando eles estavam assentados sobre uma rocha imensa que ficava no final dessa trilha. Fixamente, observavam as árvores que pareciam não ter fim em meio aquela floresta. O sol aos poucos ia se escondendo, nuvens avermelhadas faziam do céu uma obra de arte única.
- Daqui a pouco vai anoitecer, acho melhor a gente ir embora, disse Raphael. Juliano e Julieta concordaram.
Após pegarem suas bicicletas, Juliano percebeu um pontinho azul de luz que aparecia bem no meio da floresta.
- Galera, vocês estão vendo o que eu estou vendo, ou estou ficando maluco?
Raphael e Julieta olharam rapidamente em direção a luz que Juliano apontava o dedo.
Que esquisito. Disse Julieta.
- Acho melhor a gente dar o fora daqui. Disse Raphael.
- Deixa de ser medroso cara. Disse Juliano.
- É melhor a gente ir embora. Amanhã voltamos aqui pra ver se essa luz vai aparecer novamente,Disse Julieta.
- Beleza, amanhã todos nós nos reunimos aqui pela manhã, fechou? Disse Raphael.
Todos concordaram e foram embora.

 O Portal Da FelicidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora