Eu estava sentada em uma cadeira, recostada balançando a ponta do pé nervosamente. Parei e me sentei direito. Mas ainda mordiscava minha caneta azul. Suspirei e olhei para o horizonte. O sol estava se pondo, todo o céu estava avermelhado, comecei a sacudir a ponta da caneta.
- Eu preciso escrever! PORQUE NADA SAI???
Me levantei num ímpeto e a cadeira foi jogada para trás. Dei três voltas pela enorme sala, tudo parecia tão vazio, todo mundo adorava, cada móvel custava uma pequena fortuna. Coisas das mais modernas, ia do sofá em L cor de pêssego, a mesa de centro em vidro fosco. A tv tela plana na parede oposta que imitava o amadeirado da parede. Era quase um quadro pendurado.
Mas eu não estava admirando minha casa, eu não estava usufluindo do espaço. Estava irritada. Estava me sentindo vazia e sem foco. Não foi surpresa quando segurei meu MacBook de qualquer jeito e lancei pela janela. Meu celular começou a tocar, sem olhar quem ligava o lancei contra a parede, errei por dois centímetros a tv.
- Cris?
George entrou no cômodo assustado.
- Não é nada... Já vou limpar essa bagunça.
- Vou pegar uma pá.
Ele saiu andando e sumiu pelo corredor. De repente estávamos mergulhados em total escuridão, a noite havia caído.
George voltou já acendendo as luzes.
- Outro bloqueio? Não entendo porque essa pressa. Ninguém está te pressionando.
- Ninguém precisa me pressionar, eu já me pressiono sozinha.
- Quebrando a casa inteira?
- Já parei, me dê logo isso.
Ele me olhou preocupado, mas mesmo assim me entregou a pá e a vassoura.
- Que isso...?
George perguntou, e eu parei para olhar também. Uma mensagem piscava na tela estilhaçada.
Fiquei pasma. Congelei no lugar e não soube o que fazer. Na pressa de tentar ver se era real. Ou tentar consertar... cortei feio o dedo.
- Oh merda!
Ele correu para a cozinha e voltou com um pano de prato branco e limpo, enrolou em me corte e me ajudou a levantar.
- Tenho que te levar pra levar pontos, está sangrando muito.
- É ela...
- Ela quem?
A mensagem ainda piscava na tela rachada, mas logo ela apagou.
- Preciso encontrar... Oh merda
Lembrei que havia jogado o notebook também pela janela.
- Quem é ela, Cris?
- O nome dela é Megan.
Havia somente uma mensagem no inbox de uma das minhas redes sociais, era um"oi" tímido dela. Era impossivel não reconhecer a foto. Aquele sorriso. Ela havia mais uma vez sumido. E agora, retornado como se tivesse ido ali na esquina.
- E quem é Megan?
Olhei nos olhos do meu amigo, e sorri com pensamento distante.
- Uma garota... Ou melhor, A Garota.
- AQUELA?
- Sim, aquela.
- E está esperando o que? Vamos pegar meu computador e falar com ela agora mesmo!
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A Garota Do Quarto Ao Lado
Short StoryOne shot. Mas se eu cismar vira dois, três...