Pear Harbor

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"Eu me lembro como se fosse ontem, mesmo que tenha acontecido a quase 4 anos atrás, algumas memórias são difíceis de engolir, ainda mais quando envolvem alguém querido. Estava acordada desde às 5 da manhã, tomando meu chocolate para tentar relaxar os nervos, havia ficado a noite inteira analisando um caça de guerra da LuftWaffe que foi capturado pelos pilotos da Royal Air Force, a terra da rainha era a única resistente aos bombardeios alemães constantes, ainda mais em áreas civis. A guerra estava ocorrendo há apenas 3 anos, a França fora esmagada de uma maneira humilhante, também, depois do tratado parcial que lhe foi imposto, não culpo tanto o povo alemão por querer se reerguer após a primeira guerra. Mas jamais poderia concordar com a maneira que Hitler conseguiu essa façanha, tirando a liberdade não só de seu povo, como também a vida daqueles que não se encaixavam em seu ideal de perfeição ariana; por mim, teríamos nos unido a França e a Inglaterra antes que os alemães colocassem a suástica no topo da Torre Eiffel. Porém, como citei anteriormente, talvez a França tivesse encarado as consequências de seus próprios erros, se o Tratado de Versalhes não tivesse condenado quase que exclusivamente a Alemanha, essa guerra nem teria acontecido para o início da conversa."

-General Zoe, senhora, o que faz acordada tão cedo?

Parece que não sou a única que acorda cedo nesta base, nem tenho como julgar meu assistente, o nascer do sol nessa parte do Havaí é a segunda coisa mais bela que meus olhos já viram na vida. Só não se comparavam as praias de minha terra natal, que tanto sonhava em visitar após o fim dessa guerra cruel e racista.

-Bom dia meu caro soldado, receio que será bem comum me encontrar aqui nesses horários, aceitaria um pouco de chocolate quente?

Apesar de todo medo que um soldado demonstra quando está ao lado de alguém com um nível de patente superior, sempre gostei de deixar meus subordinados livres para uma boa interação, afinal, já fui uma aviadora básica antes de me tornar a primeira general mulher dos Estados Unidos. Sinto saudades dos dias em que pilotava os caças em meio aos ares, sentido a liberdade de estar no céu e a vitória de conquistar meu cargo e respeito, mesmo em uma parte socialmente fechada para mulheres.

-Não se preocupe senhora Zoe! Irei fazer meu café.

O jeito atrapalhado e desesperado do Moblit era adorável, desde o dia que chegou como um dos pilotos novatos, percebi grande potencial nesse garoto, que foi se formando e especializando em mecânica-aeronáutica. Como precisava de bons homens, pedi ao general do exército geral ceder o garoto prodígio, trazendo ele para nossa base em Pearl Harbor, onde o transformei em meu aprendiz e assistente pessoal.

-Moblit querido, já deixei claro em nossa última conversa, temos tanto tempo de convivência e tantas afinidades que enquanto estivermos sozinhos, pode se dirigir a mim apenas como Hanji.

Ser chamada de general e senhora Zoe faziam com que eu sentisse pelo menos 30 anos a mais nas minhas costas. Não que ainda fosse uma jovem moça com seus 15 anos de idade, mas aos 28 mantinha a mesma aparência de quando era adolescente, graças a herança latina de meus pais.

-Me desculpe, senhorita Hanji, apenas prefiro chamar-lhe com o respeito que merece. Você fez de tudo por mim, então quero tratar-lhe o melhor possível.

Ele é realmente um doce de pessoa, sempre dando seu máximo e cuidando da minha saúde mental. Nosso café durou até umas 06:30 da manhã, aproveitei para desabafar tudo que sentia, o quanto queria que a guerra acabasse, poder ver a terra que ficava além do continente e encontrar um jeito de ajudar mais a mãe de nosso país. Ficamos observando a mar do navio onde estávamos, era uma manhã particularmente linda para estar tão angustiada como estava, até ele colocar uma das mãos em meu ombro.

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