Uma noite estrelada no Egito

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A noite havia caído perto da fronteira com a Tunísia, e como de costume, fiquei na oficina analisando cada modelo de avião; revisando os motores, combustível e o estado de cada um. Ficaria praticamente a noite inteira acordada para garantir que tudo estivesse pronto para o ataque da manhã, mas passou longe de ser uma noite solitária, já que vários soldados passavam para conversar comigo; pedindo para contar histórias, me trazendo água e comida, alguns até procurando aprender ao me verem. O que mais me fez companhia foi um garoto chamado Jean, alguém bem sincero e atrapalhado na minha humilde opinião, ele me fez rir bastante, e apesar de meio impaciente, teria um ótimo futuro se saísse vivo dessa guerra. Seria perfeito para um assistente, dessa vez bem longe do Havaí.

-Então você modificou o motor para conseguir suportar uma maior quantidade de combustível sem superaquecer e perder leveza? Isso é genial General Zoe! Os americanos sempre estão um passo à frente em tudo.

Já estávamos brincando com o motor dos modelos recém chegados da minha brigada há uma hora, Jean mexia neles igual uma criança que havia ganhado o presente dos sonhos; delicado, preciso e extremamente carinhoso. Estava me divertindo com ele, contando da minha vida, dando risadas, foi como se o Moblit estivesse comigo mais uma vez.

-Me diga soldado, quantos anos você tem?

-17, senhora Zoe.

Bem jovem, mais do que perfeito para começar no mundo da aviação. Se tudo desse certo e ganhássemos a guerra, pediria sua transferência para meus cuidados na América, o colocando como novo assistente e futuro líder de esquadrão. Um prodígio muito mal utilizado pelo que me contou, mas o Capitão Levi não era tão culpado, ele não tinha a menor noção de como lidar com essas habilidades, por essa razão me mandaram como reforço.

-Não se preocupe Jean, pode me chamar apenas pelo nome. Você é uma boa pessoa, terá um futuro maravilhoso se decidir seguir carreira.

Ele sorriu para mim, um pouco mais cedo havia me contado sobre sua família, do quanto a mãe o amava, chegando no ponto de às vezes tratá-lo como uma criança. Eu achei muito fofa a história de como ela fazia omeletes quando ele estava triste ou ia bem na escola, realmente, as vezes são os pequenos gestos que significam tudo.

-Obrigado pela companhia soldado, mas é quase uma e meia da manhã, pode deixar que eu acabo tudo sozinha, quero vê-lo disposto pilotando ao meu lado.

O que posso dizer, quero homens de confiança ao meu lado quando partir para o front, e esse garoto conquistou ela muito facilmente. Se não for um sinal divino de que devo levá-lo comigo, eu não sei o que é, fora a alegria e entusiasmo que exalava sua alma.

-Muito obrigado senhorita Hanji, nem sei como lhe agradecer pelas duas melhores coisas que me aconteceram.

-Duas?

Será que havia deixado tão na cara? Eu pretendo roubá-lo do baixinho explosivo, mas não mencionei nada sobre esse tipo de coisa em nenhum momento da conversa. Caramba, devo ter deixado muito na cara, preciso tomar notas com o Erwin nessa parte.

-Duas, mademoiselle Hanji, a resposta que você deu no Capitão 1,60 de puro ódio Ackerman melhorou meu dia em 100%. Eu e os outros soldados agradecemos do fundo de nossos corações, espero que tenha uma ótima noite senhorita Hanji, no que precisar, acorde-me sem medo.

Disse acenando para trás enquanto ia embora, caminhando lentamente para o alojamento dos soldados. Na hora em que me encontrei sozinha, desatei a rir, simples assim.

-Capitão 1,60 de puro ódio Ackerman. Meu Deus, estou passando mal.

[C]Já me encontrava deitada no chão de tanto que ria, esses cadetes eram os melhores, queria poder levar todos comigo para a América, ou melhor, a do Sul, o humor deles era bom demais para ser de um país frio ou que fica no Norte.

Logo Após a GuerraOnde histórias criam vida. Descubra agora