– Sabe Raíssa, eu levei um bom tempo para conseguir superar a morte da minha irmã, eu não conseguia aceitar o fato de que não pude fazer nada para ajudar a minha irmã sabe?
– Mas a culpa não foi sua Guilherme! Quando estamos nessa fase da depressão, tudo que queremos é ficarmos isolados, longe de tudo, queremos matar a dor que estamos sentindo
– Eu sei Raíssa, mas depois da morte da minha irmã, eu fiquei muito mal, tão mal que eu não conseguia nem ir para a faculdade direito, eu não tinha forças para levantar da cama, eu comecei a entrar em depressão por causa da perda da minha irmã, eu não conseguia aceitar que ela com tão pouca idade já havia sofrido tanto. Aí eu recebi essa bolsa de uma universidade no Rio de Janeiro e meus avós me apoiaram a ir, eles falaram que seria uma válvula de escape para mim, que seria muito bom para mim ter com o que ocupar a minha mente e não pensar tanto na minha irmã, e com muita relutância eu resolvi escutá-los e pedi transferência da minha universidade aqui e fui para o Rio, me matriculei no mesmo curso e passei os últimos 4 anos da minha vida decidido a ajudar as pessoas que passam por essa doença chamada depressão a entenderem que a morte não é a única solução
– Tá pode ser que talvez não seja a única solução, mas e quando a gente precisa de alguém para nos ajudar? Quando a dor já é tão grande e você já não aguenta mais carregá-la dentro de você e tudo o que você mais quer é que alguém te ajude, é que alguém chegue pra você e diga que vai dar tudo certo, vai ficar tudo bem, só que as únicas palavras que você recebe é: "Ah para de drama" "Isso é frescura" "Ela está querendo chamar a atenção"
Ao invés de receber palavras de consolo, de conforto, você recebe palavras que machucam, palavras que tocam no profundo da sua alma e causam um grande estrago, e aí depois que você se mata, as pessoas ficam falando: "Nossa, ela era tão calada, a gente nunca ia imaginar que ela sofria a tal ponto de se matar". Mas é claro que não imaginava, na hora que precisávamos de ajuda todos diziam que era frescura, que era pra chamar atenção apenas e na hora que nos matamos querem se mostrar solidários? As pessoas tem que parar com essa hipocrisia, com essa falta de empatia, falta de amor, tem que parar de serem hipócritas e começarem a prestar mais atenção nas situações ao redor– Nisso eu concordo com você Raíssa. Realmente as pessoas são muitos hipócritas, não se importam umas com as outras e quando se importam é na época do mês da Prevenção ao Suicídio, em Setembro, só que se esquecem que não é só no Setembro Amarelo que as pessoas depressivas precisam de ajuda, até porque não é só nesse mês que elas se matam
– Exatamente. Só que elas se esquecem disso e nos outros 11 meses do ano elas não estão nem aí, por isso a melhor solução para nós é a morte sim, melhor morrer do que continuar vivendo nesse mundo cheio de hipócritas
– Não Raíssa. Morrer nunca é a melhor solução
– Como não?
– Sabe Raíssa, eu terminei a faculdade de Psicologia vai fazer 1 ano e nesse tempo em que fiquei lá no Rio eu fiz estágio para a faculdade em um consultório e eu vi tantos casos, tantas pessoas que entraram em depressão, alguns casos até piores que o da minha irmã e ali eu vi que eu tinha escolhido a profissão certa sabe? No começo, eu escolhi fazer Psicologia porque eu gosto de ajudar as pessoas, mas depois da morte da minha irmã eu vi que eu tinha um chamado maior pra aquilo e Deus me mostrou isso
– Deus? Como se ele se importasse comigo
– Pode parecer que não, mas existem pessoas que ainda se importam com você, seus pais, seu irmão, eu me importo com você e estou aqui querendo te ajudar, mas acima de todos nós, existe alguém que se importa com você mais do que você possa imaginar: Deus. Eu tive uma experiência única com Ele após a morte da minha irmã
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Ainda há Esperança
Spiritual"Eu sorrio, mas não por estar feliz, eu sorrio para não ter que explicar para ninguém a tristeza que existe dentro de mim, sorrio para não ter que escutar as pessoas dizendo que é frescura o que eu estou sentindo ou que eu estou querendo apenas cham...