Depois de ter escrito a carta para a minha família, coloco dentro de um envelope e deixo em cima da cabeceira embaixo de um porta retrato com uma foto minha e da minha família no natal passado, época que eu ainda tinha prazer na vida.
Após isso eu desço as escadas e saio de casa em direção ao lugar onde darei fim a minha própria vida: Ponte Hercílio Luz, uma ponte que fica aqui no centro de Florianópolis. Chegando lá, eu subo na ponte decidida a me jogar, no momento que estou prestes a pular sinto meu corpo ser puxado por alguém.
– Não faça isso pelo amor de Deus!
– Quem é você?
– Ah desculpe, eu me chamo Guilherme Almeida, prazer
– Pra mim não é nenhum prazer, você me interrompeu de fazer a coisa mais importante da minha vida
– Desde quando se matar é a coisa mais importante da vida de alguém?
– Da minha é, e se não fosse você agora eu já estaria morta, porque você fez isso?
– Porque se matar não é a solução, não importa o que você esteja passando, sempre dá para recomeçar
– Recomeçar. Tá aí uma coisa que eu venho tentando já há 1 ano e nunca consigo
– Eu sei que parece impossível recomeçar do zero, mas é possível
– Pra você pode ser possível mas pra mim não é, a minha vida não tem mais sentido
– Não faz isso com você. Pensa nos seus pais. Pensa no quanto eles vão sofrer se você se matar, eles se importam com você
– Ninguém me ama, eu sou um lixo, um fracasso, pra que continuar viva?
– Não fala assim. Você é importante sim. Seus pais te amam, me deixa te mostrar que há uma solução pra você
– NÃO! EU VOU ME JOGAR DAQUI EU VOU MORRER E TODO MUNDO VAI SER FELIZ!
– Por favor, não faz isso, deixa eu te contar um pouco da minha história e se depois disso você ainda quiser se matar, tudo bem, eu vou deixar você em paz, mas me dá só uma chance pra te mostrar que existe salvação pra você ainda
– Tudo bem. Mas eu só vou deixar porque quero que você me deixe em paz
– Está bem. Venha comigo
– Pra onde você vai me levar?
– Calma, eu só vou te levar até um lugar mais tranquilo para que possamos conversar. Confia em mim
– Tudo bem.
Mesmo relutante, eu aceitei e o Guilherme me levou até seu carro e me sentei no banco do carona, ele foi dirigindo e fizemos o percurso todo em silêncio. Guilherme parou em frente a um portão com uma linda casa, o que me fez o questionar.
– Que lugar é esse?
– É a minha casa. Na verdade, essa casa era dos meus avós e quando eles morreram deixaram para mim e eu moro aqui desde que voltei para a cidade
– Hum. Você não morava aqui?
– Não. Eu sempre morei aqui, mas me mudei para o Rio de Janeiro para fazer faculdade e voltei recentemente
– Hum.
Estranhamente, algo me dizia que eu podia confiar nele, então eu o segui até o jardim. Lá tinha um lindo banco de madeira com algumas flores em volta, Guilherme se sentou e me convidou a sentar ali também, e assim eu fiz.
– Bom... É
– Ah, é Raíssa. Raíssa Fernandes.
– Raíssa, lindo nome
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Ainda há Esperança
Espiritual"Eu sorrio, mas não por estar feliz, eu sorrio para não ter que explicar para ninguém a tristeza que existe dentro de mim, sorrio para não ter que escutar as pessoas dizendo que é frescura o que eu estou sentindo ou que eu estou querendo apenas cham...