Capítulo II

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Depois de ter escrito a carta para a minha família, coloco dentro de um envelope e deixo em cima da cabeceira embaixo de um porta retrato com uma foto minha e da minha família no natal passado, época que eu ainda tinha prazer na vida.

Após isso eu desço as escadas e saio de casa em direção ao lugar onde darei fim a minha própria vida: Ponte Hercílio Luz, uma ponte que fica aqui no centro de Florianópolis. Chegando lá, eu subo na ponte decidida a me jogar, no momento que estou prestes a pular sinto meu corpo ser puxado por alguém.

– Não faça isso pelo amor de Deus!

– Quem é você?

– Ah desculpe, eu me chamo Guilherme Almeida, prazer

– Pra mim não é nenhum prazer, você me interrompeu de fazer a coisa mais importante da minha vida

– Desde quando se matar é a coisa mais importante da vida de alguém?

– Da minha é, e se não fosse você agora eu já estaria morta, porque você fez isso?

– Porque se matar não é a solução, não importa o que você esteja passando, sempre dá para recomeçar

– Recomeçar. Tá aí uma coisa que eu venho tentando já há 1 ano e nunca consigo

– Eu sei que parece impossível recomeçar do zero, mas é possível

– Pra você pode ser possível mas pra mim não é, a minha vida não tem mais sentido

– Não faz isso com você. Pensa nos seus pais. Pensa no quanto eles vão sofrer se você se matar, eles se importam com você

– Ninguém me ama, eu sou um lixo, um fracasso, pra que continuar viva?

– Não fala assim. Você é importante sim. Seus pais te amam, me deixa te mostrar que há uma solução pra você

– NÃO! EU VOU ME JOGAR DAQUI EU VOU MORRER E TODO MUNDO VAI SER FELIZ!

– Por favor, não faz isso, deixa eu te contar um pouco da minha história e se depois disso você ainda quiser se matar, tudo bem, eu vou deixar você em paz, mas me dá só uma chance pra te mostrar que existe salvação pra você ainda

– Tudo bem. Mas eu só vou deixar porque quero que você me deixe em paz

– Está bem. Venha comigo

– Pra onde você vai me levar?

– Calma, eu só vou te levar até um lugar mais tranquilo para que possamos conversar. Confia em mim

– Tudo bem.

Mesmo relutante, eu aceitei e o Guilherme me levou até seu carro e me sentei no banco do carona, ele foi dirigindo e fizemos o percurso todo em silêncio. Guilherme parou em frente a um portão com uma linda casa, o que me fez o questionar.

– Que lugar é esse?

– É a minha casa. Na verdade, essa casa era dos meus avós e quando eles morreram deixaram para mim e eu moro aqui desde que voltei para a cidade

– Hum. Você não morava aqui?

– Não. Eu sempre morei aqui, mas me mudei para o Rio de Janeiro para fazer faculdade e voltei recentemente

– Hum.

Estranhamente, algo me dizia que eu podia confiar nele, então eu o segui até o jardim. Lá tinha um lindo banco de madeira com algumas flores em volta, Guilherme se sentou e me convidou a sentar ali também, e assim eu fiz.

– Bom... É

– Ah, é Raíssa. Raíssa Fernandes.

– Raíssa, lindo nome

Ainda há EsperançaOnde histórias criam vida. Descubra agora