II - O começo de uma amizade

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- Você já veio para Londres antes? – Sirius estava voltando a conseguir respirar tranquilamente depois da fuga da mui antiga e nobre casa dos Black. Ele ria de toda aquela situação ridícula, de todos os frufrus, vestidos gigantes, adereços no cabelo e tias com cara de enjoo.

- Só uma vez quando criança. Meus pais odeiam cidade grande.

- E estão querendo te jogar aqui para a eternidade, ainda mais na prisão Black.

- Aparentemente sacrificar seu único filho valha o preço de não perder a fortuna.

- Então, meu caro James Potter, é melhor ir conhecendo bem onde está se metendo. Esta é Londres. O céu sempre cinza como se fosse um grande deus melancólico prestes a chorar todos os dias. Mas sabe quando Londres fica realmente bela?

Sirius subiu em um dos bancos da praça em que estavam passando e espalhafatosamente anunciou:

- Nas noites! Ah, as noites em Londres! Onde todo gato vira pardo e podemos tomar bebidas de verdade e esquecer de nossos problemas. Gosta de cerveja, Potter?

- Uma cerveja seria ótima agora.

Sirius enganchou seu braço na do novo amigo.

- Então uma boa cerveja é o que terá. Vou te levar na melhor taverna que Londres pode proporcionar ao nosso novo James Potter.

James não conseguia disfarçar seu fascínio pelas ruas de Londres. Durante a viagem até a casa dos Black, James estava tão irritado que nem conseguiu olhar a paisagem pela janela da carruagem. Tudo que sentia era o cheiro fétido de poluição das fábricas e do rio Tâmisa. Mas era inegável: Londres era linda, ainda mais durante a tarde da noite. A escuridão escondia a pobreza, a desigualdade e a sujeira das ruas, tornando os ladrilhos brilhantes pelo clarão da lua como pedras preciosas. Quando viu, estava enfiado numa pequena taverna escondida em uma rua apertada e escura, um copão de cerveja em suas mãos.

- Sirius! Vejo que hoje trouxe um acompanhante. – Uma senhora de seios fartos atrás do balcão disse com intimidade ao ver o jovem Black.

- Este é James Potter, Madame Rosmerta. Ele não é de Londres e estou apresentando para ele o que tem de bom aqui.

Rosmerta colocou outro copo de cerveja na frente do garoto.

- Então esta é por conta da casa. Bem-vindo a Londres, mocinho.

James pegou o copo e virou em sua boca, soltando uma risadinha.

- Esta taverna é incrível.

- Três Vassouras é um lugar que ninguém da minha família ousaria frequentar e é exatamente por isso que eu amo. – Sirius tinha soltado seu cabelo do laço que sua mãe fizera anteriormente, revelando os fios até os ombros.

Duas moças de vestes reveladoras estavam passando próximos a eles. Uma delas sentou-se no colo de Sirius e a outra se dependurou na mesa em frente ao James.

- Estão interessados em completar a noite? – A garota no colo de Sirius perguntou com uma voz arrastada. Ela possivelmente devia achar aquilo sensual.

- Bem, garotas. Eu não sei meu amigo, mas eu não posso. Estou noivo. – Sirius pegou seu copo de cerveja e tomou um bom gole.

- Noivo? – Foi James que levantou a voz. Até então Sirius não tinha lhe dito nada.

- Ah, faz bons meses já. O nome dela é Marlene.

A moça no colo de Sirius levantou-se, arrumando sua saia:

- Poderia fazer uma despedida antes de casar-se então.

Sirius tirou uma moeda de seu bolso e entregou para ela.

Gaslight - Os Marotos na Era VitorianaOnde histórias criam vida. Descubra agora