CAPÍTULO 6 - A DECISÃO DE LEON

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- Vai querer me bater, é? – perguntou Leon, com um sorriso irônico no seu rosto.

- Olha só isso. – disse Omar, indignado.

- Você é folgado, né? – perguntou Leandro.

- Que medo de vocês. – ironizou Leon.

- Quero ver você dar risada quando eu quebrar a sua cara. – disse André.

- Só assim mesmo, né? – riu Leon.

- Só assim o quê? – perguntou André.

- Só assim pra me bater, com suas amiguinhas te ajudando. Você sabe que se viesse sozinho ia apanhar de novo, seu fraco.

- Fala isso de novo. – André tentou atacar Leon com um soco, mas o garoto desviou e o empurrou na direção dos seus amigos. – Você tá ficando louco moleque? – perguntou furioso.

Ricardo, Omar e Leandro se prepararam para atacar o garoto, mas junto a André, ficaram surpresos ao ver Leon sacar um canivete que tinha guardado consigo em segredo. Os quatro recuaram ao ver aquilo. – Venham! – disse Leon. – Eu posso até apanhar, mas pelo menos um de vocês eu mato!

- Ele não vai fazer nada. – disse Ricardo.

- Então vem fazer o teste! – Leon intimou.

- Você é louco? Vou chamar o Marcelo. – disse Omar.

- E vai falar o quê? Que eu puxei uma faca porque veio quatro mocinhas baterem em mim? – questionou Leon.

- Isso não vai ficar assim!

- Ué André, você não é valentão? Vem agora! –Leon provocou.

- Você vai ver! – ameaçou André, que junto com seus amigos, saiu correndo do banheiro, deixando Leon só.

Pela lei, portar canivetes não é proibido, mas não é algo legal moralmente, geralmente quem porta esse objeto está mal intencionado, porém esse não é o caso de Leon. Após seu último confronto com André, onde Marcelo interveio, o valentão ameaçou o garoto dizendo que quando ele mesmo esperasse, ele ia se dar mal. Desde esse dia, sem ninguém saber, Leon levava seu canivete pra qualquer lugar que fosse, nem seus melhores amigos e seus pais sabiam disso. O garoto sempre se questionou se realmente deveria fazer aquilo, achando que estava exagerando e que nunca precisaria, ele estava até pensando em parar de carregar o objeto consigo, por sorte ele estava com a arma no momento em que mais precisou.

Ainda se recompondo após a adrenalina tomar conta de seu corpo, Leon começou a pensar em que história contaria para seus amigos, mas ele nem teve tempo de chegar a uma conclusão. Leon ainda estava com o canivete na mão quando Edgar entrou no banheiro, o garoto tentou esconder, mas seu amigo já tinha visto.

- Tá escondendo o que aí?

- Nada. – respondeu Leon, nervoso.

- Você é louco? Tá fazendo o que com isso? Se alguém te pegar você se ferra. – disse Edgar.

- Eu sei cara, mas...

- O que você tava fazendo aqui sozinho com isso na mão? – parou por alguns segundos. – Você não ia se cortar por causa de uma menina não, né?

Leon ficou surpreso. – Se cortar? Claro que não.

- Então o que você tava fazendo?

- Era armação do André. Ele veio com os amigos dele, iam me bater.

- Que merda... E aí?

- E aí que eu tive que pegar o canivete, se não eu ia tomar uma surra.

- Fodeu, agora que eles vão querer te bater mesmo.

- Não quero falar disso agora.

- É melhor mesmo, a professora mandou dizer que se você não estiver com diarréia é pra subir agora.

- Então vamos. – respondeu Leon rindo.

Naquele mesmo dia, já em casa, o garoto deitado em sua cama ficou pensando no que aconteceu, será que essa sua busca iria levá-lo a mais emboscadas?

Será que seus amigos estavam certos? Com dezessete anos Leon nunca havia sequer beijado, e ele era o culpado por nunca ter feito algo para mudar isso, quando via meninas que lhe chamavam a atenção, ele simplesmente as deixava ir embora, a única vez que paquerou uma garota, coincidentemente ela tinha namorado, e esse ameaçou matar Leon se ele não parasse com aquilo. O medo e a insegurança sempre fizeram Leon ser um garoto com desejos reprimidos, o que havia de tão especial naquela garota pra ele ficar tão ansioso por achá-la? Nem ele mesmo sabia a resposta, foi nesse momento que Leon finalmente decidiu desistir.

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