Brett
— Brett Wallace. – Ela diz com uma voz sensual e fria, olhos em mim, determinados, destemidos. – Quer saber a cor das minhas peças íntimas também? – Ergo uma sobrancelha, não costumo ver ex presidiárias usando um vocabulário como esse. Peças íntimas? Não, elas nunca têm tanta classe, muito menos assassinas. – Como posso saber se é mesmo o meu agente de condicional? Tem uma credencial? – Quero rir, é estranho e intrigante, ela é diferente e me irrita ao mesmo tempo que me diverte.
— Tenho algo melhor que isso, um bloco onde posso preencher meu relatório te enviando de volta a prisão agora mesmo, vai ser um recorde. – Ela vibra por dentro, posso sentir seu sangue ferver, Amber Payne doma a raiva e o medo, engole e posso sentir o bolo descer amargo por sua garganta.
— Confere. – Ela avisa correndo os olhos pela sala. – Quer... sentar? Sou nova nisso, eu não sei bem como vai ser essa coisa entre a gente.
— Pode apostar que vou explicar tudo. – Agora eu corro os olhos pelo pequeno apartamento, ando pela sala, nada de bebidas, parece limpo e a vizinhança não é das piores. Estico o pescoço para ver o quarto e o banheiro. – Namora Aprill Smith?
— Não. – Ela responde achando graça.
— Melhor. Essas brigas de casais sempre acabam mal para quem está em condicional e não pode se enfiar em encrencas.
—Obrigada pelo conselho.
—Alerta. – Eu a corrijo, tem uma jaqueta de couro pavorosa pendurada em uma cadeira, faço careta e meus olhos seguem para cozinha.
— Aprill é como uma irmã. Quer um copo de água? – Ela oferece. – Aqui é só o que tem. – Ela sorri mentindo sem convicção.
— Não, obrigado. – Vou até a janela, dá para ver as ruas movimentadas e as luzes dos cassinos que começam a se acender em um fim de tarde infernalmente quente e seco. O apartamento parece ter guardado o calor de todo o verão e quase posso sentir pena dela, embora os cabelos molhados indiquem que acaba de sair do banho e nesse instante está em melhores condições que eu.
— Então, senhor Wallece, como vai ser?
— Brett, apenas Brett, não é necessário tanta formalidade, de modo geral não sou seu inimigo, se é claro, estiver disposta a seguir as regras. – Um leve movimento em seus olhos diz muito, Amber Payne não está disposta a seguir as regras, é bom que saiba que não vou permitir que repita seu feito de adolescente, ninguém mais vai morrer por suas mãos, não enquanto eu estiver por aqui.
Ela se senta na cadeira onde a jaqueta descansa, é uma mulher incrivelmente bonita e penso em todos os caminhos que podia ter seguido quando escolheu o crime e a prisão.
Eu caminho até o sofá e me acomodo, ela morde o lábio e passa os dedos pelos cabelos, depois gruda as mãos no assento da cadeira e me encara, está tensa, muito mais do que deveria, talvez seja apenas medo de voltar para prisão, eu não sei, o tempo vai dizer o que ela esconde.
— Onde está o gigante azul? – Questiono nem sei porque, eu estudei todo o processo, a joia jamais foi encontrada, vale milhões, reviraram tudo, a casa de Dmitriev, o cassino, todas as coisas dela e de metade dos homens que trabalhavam para ele, nada, nunca foi encontrado.
— É um detetive ou um agente de condicional? – Ela questiona e sorrio, realmente não é da minha conta, a justiça disse que não está com ela e o que penso não importa.
— Aprill é prostituta, sabe disso?
— Não, ela é garçonete no Diamond Hotel.
— No cassino do hotel, você quer dizer. – Ela meneia a cabeça.
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Amor (em) Condicional(Degustação)
RomanceAmber Payne passou nove anos presa, agora livre, ela tem planos bem definidos, vai buscar justiça. Passou nove longos e solitários anos atrás das grades planejando isso e finalmente o dia chegou. Ao menos era o que esperava, mas Brett Wallace, seu a...