Capítulo 2

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Sill Freitas, AMIGAAAA! Um lindo e doce feliz aniversário, cheio de sonhos, amor, amigos e felicidade, já sinto saudade. Toda sorte do mundo. Parabéns!!

AVISO IMPORTANTE - Essa é uma história de amor, como as outras que costumo escrever, ainda pode ser lida em companhia de suas filhas ou mães, embora o pano de fundo seja um pouco diferente, ainda vamos falar de amor, amizade, superação. BEM-VINDOS!!!!!!!!




Dias Atuais

Amber

Quanto alguém precisa tirar de você até que deixe de ser quem é?

O ranger metálico e frio da primeira grade sendo aberta, os passos ocos e constantes se espalhando no silêncio fúnebre, a tranca destravada em um clic elétrico, o ranger estridente e os passos ocos e constantes a se repetir, a terceira tranca, mais ranger da nova grade a correr seca abrindo espaço e de novo os passos, agora mais perto, mais agudos, ecoando pelos corredores e a respiração em suspenso.

O som dos passos desaparece quando a imagem uniformizada estaciona na minha frente, olhos congelantes repletos do nojo que já conheço. Sargento Marshall, tem os cabelos curtos penteados para trás sob o quepe da corporação, no uniforme impecável, a plaquinha com sua identificação.

Ela me encara em posição de sentido, com um ódio tão evidente que poderia me acertar a alma se eu ainda tivesse uma.

Meu coração acelera e as pernas tremem quando ela desprende o molho de chaves do cinto e me observa saboreando o poder uma última vez, lenta e provocativa ela coloca a chave na fechadura, gira e é o som mais bonito da vida, ela empurra a grade que nos separa para lateral, dois passos para trás de novo em posição de sentido.

— Está livre, senhorita Payne. – O desprezo em sua voz soa ainda mais como incentivo, ergo o queixo desafiadora, poderia acerta-la, adoraria fazer isso, mas ela também adoraria, assim poderia me empurrar de volta para cela por mais dez anos. – Prefere ficar? – Seu riso se espalha e provoca burburinhos nas celas e ela sabe que isso logo pode se tornar um problema. – Saia logo daí.

Obedeço a sargento Marchall pela última vez, dessa vez não tem o pavor que havia em mim quando aos quinze anos fui enterrada viva no presidio feminino de Nevada.

Quando passo por ela sinto o perfume doce e forte que vem dela, me embrulha o estomago, caminho pelo corredor fazendo ecoar meus passos em acordo com os dela, o ranger das grades atrás de mim, me lembra o pavor do mesmo som de nove anos atrás, quando o que restava da minha alma se foi em um longo pânico que me dominou por semanas.

Grade após grade, minha vida vai ganhando luz, meu coração descompassando e minhas forças se esvaindo, ainda parece mentira, ainda parece um sonho impossível.

A sargento me acompanha até o balcão de saída, eu podia vê-lo pelas frestas de uma janela quando passava para o refeitório ou o banho de sol e sabia que um dia, eu me debruçaria sobre ele para recolher meus pertences e assinar minha liberdade.

— Mary vai entregar suas coisas e dar as informações que precisa. – A sargento me diz com um sorriso que ameaça explodir, em seu cinismo habitual. – Nos vemos em breve, Amber Payne, espero por você. Não acho que vá demorar a estar de volta.

Ela gira em seus calcanhares e marcha de volta para dentro do presidio. Mary me encara sem nada demonstrar, em seu trabalho mecânico, me estende papéis e aponta o local que devo assinar.

Amor (em) Condicional(Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora