As estrelas

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Desde pequena, meus pais sempre me ensinaram a ler as estrelas e vê-lãs como um norte...fui criado no meio de 5 irmãos, ou seja, sou a única mulher, além de minha mãe.

Desde pequena também, eu tinha o sonho de conhecer o mundo, porem tive de abdicar desse sonho para puder focar na realeza e cuidar dos meus irmãos caçulas...porém 16 anos depois aqui estou eu....

- Alícia, filha o seu pai gostaria de falar com você??- Diz minha mãe.

- Tudo bem minha mãe, só irei me arrumar e já desço- Digo saindo rapidamente da cama.

Saio da cama, penteio os meus cabelos, enquanto, vejo pela janela a imensidão que pode vir a ter depois das barreiras do reino, sempre me disseram que o mundo lá fora era perigoso para uma frágil princesa, mas eu não sou uma frágil princesa, não gosto de como as mulheres têm de ser submissas aos homens, eu não aceitaria calada, porém estou mais preocupada com o que o meu pai gostaria de me constatar...

- Pai, posso entrar?- Pergunto batendo na porta

- Pode minha filha- Responde ele

- Comi foi a noite do senhor??- Pergunto

- Ótima minha filha, mas o assunto que temos de tratar é sério...

- Você sabe que o seu pai já está velho, e não poderá assumir o trono para sempre...

- Não estou entendendo meu pai...- Digo

- O ponto que eu quero chegar, é que preciso que você esteja disposta a assumir o trono do reino quando eu partir...

- Mas meu pai, você sabe do meu sonho de conhecer o mundo, e aliás, eu tenho 6 irmãos, por que eu tenho de assumir o poder- Digo furiosa

- Alícia, não aumente esse tom para mim menina, se eu falo que você tem de assumir o trono, você assumirá querendo ou não- Diz ele

- Mas meu pai...

- Mas não Alícia, você tem um reino, não pode deixar o trono, você sabe que as mulheres têm de se casar, e criar os filhos de seus maridos...

- Não quero ser submissa a nenhum homem- Digo

- Você não tem querer, terá de se casar querendo ou não...não será uma rainha solteira- Diz ele

- Olha já cansei dessa conversa..- Grito saindo rapidamente da sala.

- Menina, volte aqui- Berra meu pai

Me tranco no meu quarto, sei que por um lado o meu pai tem razão e só quer o meu bem, mas ele tem de entender de que meu sonho é além das barreiras., me deito...

- Filha posso entrar??- Diz minha mãe

- Pode- Digo

- Filha, ô minha filha, não fique brava com o seu pai, no fundo ele só quer seu bem- Diz minha mãe sentando do meu lado na cama.

- Minha mãe, eu sei, mas ele sabe que o meu sonho é outro- murmuro

- Querida, sabemos do seus sonhos, mas pelo fato de ser muito mais velha do que seus irmãozinhos, você tem de assumir o trono, pelo nosso reino- Diz ela

- Entendi

- Peter não faz isso
- João não corra com facas
- Marcos não se pendure no lustre

- Preciso ir minha filha, depois conversamos...pense no que eu te disse- Diz minha mãe saindo do meu quarto.

Fico só novamente, e dessa vez não quero ficar trancada o dia todo no meu quarto, saio discretamente do castelo...

- Eaí Trovão, vamos passear??- Digo ao meu cavalo

Ele relincha, faço carinho nele e depois monto.

- Não conte para ninguém viu Trovão?!- Digo

Não saímos do reino, cavalgamos em bosques próximos ao meu castelo, em um desses bosques fica o lugar aonde eu mais gosto de frequentar, O bosque, lá eu posso ficar em paz, só eu e meus pensamentos...vamos em direção a ele.

O tempo passa, o dia voa como as páginas do meu livro, esqueço de tudo ao meu redor, quando me toco...já está tarde, não quero que o pai reclame comigo, não gosto de discutir com ele.

Vou cavalgando sob a luz da lua, ouço o barulho da natureza, os animais, plantas, tudo em sintonia.

Porém quando chego no castelo, o que me resta são as lembranças desse momento de prazer...entro no castelo novamente despercebida, me troco e vou jantar...

- Por que demorou tanto para descer- Pergunta meu pai.

- Desculpa meu pai, estava penteando meus cabelos- Digo olhando para baixo.

- Vamos querida, sente antes que seu prato esfrie- Diz minha mãe empurrando minha cadeira.

O silêncio toma conta da mesa, não total pois meus irmãozinhos parecem furacões, olho para meu pai e tomo uma iniciativa...

- Meu pai, desculpe pelo o que eu fiz hoje pela manhã- Digo

- O importante é reconhecer que errou minha filha, te perdoo- Diz ele

- Que bom que vocês se entenderam- Diz minha mãe

- Bom, foi até bom que você disse isso Alícia...- Diz meu pai

- O que meu pai??- Pergunto

- Alícia, já acertamos...sua coroação vai ser na próxima semana

- NÃO- Grito enquanto bato na mesa

Todos me olham chocados com a minha atitude, meu pai levanta na mesma hora...

- Chega Alícia, você está muito malcriada nesses últimos dias...- Grita meu pai

- Você vai ser coroada querendo ou não- Grita meu pai.

- Não vou não- Digo o enfrentando.

- Gente, acalmem-se- Diz minha mãe tentando apagar o fogo

- Cala boca Vitória, a culpa foi sua, você mimou demais essa menina, mas, eu vou concertar isso nesse exato momento...

Ele me pega pelos braços, me puxa, me joga na mesa e começa a me estapear, o mundo gira, a dor se mistura a luz da lua que vejo através da janela, vejo minha mãe tirando meus irmãos da sala, de repente, depois de muito tempo consigo respirar...ele para repentinamente, olho para trás...meu pai está caído no chão, vou o ajudar ainda mancando...

- Pai, pai você está bem?- Pergunto chorando

- Não respira, seu coração bate lentamente, não sei dizer.

O que será que vão pensar de mim, eu matei meu pai de desgosto??...não penso em nada, visto um capuz velho, pego meu cavalo e saio do reino, vou cavalgando, sob a luz intensa do luar, ouço meus pensamentos misturados aos sons selvagem da floresta noturna...me deparo com estranhos, desço o cavalo...

- O que uma mocinha da a essa hora da noite em uma floresta escura?- Pergunta um deles

- O que vocês querem??- Pergunto assustada

- Seu cavalo- Diz um deles

- Não, meu cavalo não- Digo

Se armam...

- Vamos trovão!!- Digo montando nele

- Corremos, começa a chover e relampejar, não vejo um palmo em minha frente, olho para trás com medo e estarem nos seguindo, quando olho para frente bato a cabeça em um galho, caio do cavalo e bato a cabeça e tudo fica escuro, perco meus sentidos, acordo com uma voz...

- Moça, moça, você está bem- Diz alguém

- Aonde eu estou- Pergunto confusa

- Relaxe, não faça esforço- Diz ele

- Sinto uma forte dor na cabeça- Digo ainda sem conseguir enxergar direito.

- Qual é o seu nome- Pergunta ele

- Não sei, acho que perdi minha memória...

Nos tempos da coroaOnde histórias criam vida. Descubra agora