Chave De Sombras e Mentiras

O Fim e o começo de uma nova era

Matthew a arrastou até uma torre que subia uma outra escadaria em espiral, e dado o fato que Matt teve que acender uma tocha para enxergarem o caminho ela presumiu que o lugar que ele planejava leva-la era antigo se não havia luzes elétricas como o resto do castelo até onde a mesma vira até aquele momento.
Eles subiram e subiram até que Camille estivesse enjoada e quase pedindo uma pausa antes de darem de cara com enormes portões de ouro maciço esculpido em imagens lindas e horrendas ao mesmo tempo, imagens de uma fauna e flora rica, de pessoas sendo abertas em altares, de deuses reluzindo em toda sua gloria em batalhas, de um homem acorrentado num lugar que se assemelhava em uma caverna enquanto lhe pingava nos olhos veneno de serpente, e aquela imagem em especial foi familiar para a garota, era uma das lendas que ela conhecia sobre o Deus do caos. Imagens de guerreiras em cavalos infernais alados lutando contra um exercito de cadáveres pútridos sendo comandados por uma figura encapuzada, mas a imagem que lhe prendeu a atenção era a de um reino lindo de gloria sendo devorado por um enorme tipo de serpente enquanto todos saiam de lá por um portal que mostrava uma Londres vitoriana, os menos afortunados que fiavam para trás eram retratados como almas gritando em desespero, era lindo, e desesperador, ela sentia como se tudo aquilo que foi entalhado no minério não fossem meras representações mas sim momentos que a mesma tivesse presenciado, como se tivesse vivido tudo aquilo.
O garoto achando que ela estava apenas impressionada e um pouco sobrepujada com a grandeza do portal sem perceber que era outra coisa que a tinha deixado tão hipnotizada, lhe deu alguns instantes para apreciar os portões antes de voltar ao seu trabalhado como tour
- É meio intimidante - comentou o garoto quebrando o silencio tirando-a do estupor de lembranças que não sabia se era loucura, imaginação, ou magia
- Realmente- sussurrou e completando com a fala mais firme depois de se recompor- Como se abre essa coisa ?- perguntou reparando que não havia fechadura, nenhuma maçaneta, nada.
Muspelheim deu um risinho de deboche
- As vezes eu esqueço que você não conhece nada sobre nosso mundo- comentou deixando a garota com cara feia
- As vezes eu esqueço como você é um babaca  - murmurou e o garoto fingiu que não escutou e  apenas deu de ombros como se é, ele concordasse que era mesmo 
- Sabe princesa, assim você me machuca de verdade- brincou enquanto colocava a mão sobre a porta que se abriu incrivelmente silenciosa com o toque acendendo por alguma magia que ela desconhecia todas as tochas do lugar deixando tudo iluminado- Essas portas se abrem ao toque de qualquer um com sangue real das 3 famílias, qualquer outra pessoa que tentasse acionaria os alertas de roubo do castelo- explicou colocando a tocha que ele havia acendido em um suporte, criando mais perguntas que respostas para a garota curiosa
- Porque ?- questionou e ele que ja esperava por essa pergunta, mesmo a conhecendo a pouquíssimo tempo, deu um sorrisinho de lado
- Você verá- dito isso os dois adentraram um salão enorme, com o teto oval todo preenchido com uma pintura num estilo classicista como o de Mantegna, mas isso não era nem de perto a coisa mais impressionante no lugar que em cada parede estava repleto de quadros com pessoas que mais pareciam deuses pelo modo em que foram retratados, e logo abaixo de cada quadro havia um pedestal de mármore aparentemente vazio 
- Esses quadros são um tipo de homenagem aos principais governantes que fizeram coisas incríveis e importantes na nossa evolução- ele explicou enquanto ela olhava maravilhada ao redor parando no centro da sala aonde outros sete pedestais de mármore estavam posicionados, cada um abrigando uma pequena chave de prata, como aquelas feitas para antigas fechaduras, cada uma era diferente e elaborada, uma parecia ser esculpido um dragão em rubis, a outra pedras de gelo em lápis-lazúli, outra decorada de folhas com esmeraldas e topázios e por ai vai. Matthew seguindo a linha de visão para onde Camille estava mais interessada colocou a mão em suas costas a guiando para mais perto das chaves para mostrar melhor enquanto explicava 
- Essas chaves são o verdadeiro motivo desta sala ficar constantemente trancada, cada uma delas representa a magia de cada família governante e diz as lendas que cada uma é a chave para um grimorio que conta os segredos do poder maior de cada família, e como toda lenda, todos os grimorios foram perdidos na fuga para a terra- explicou entediado, afinal ja sabia a historia de cor salteada e realmente duvidava desse conto de fadas, mas a garota que não conhecia sua própria linhagem até pouco tempo estava fascinada por tudo aquilo
- Se são apenas três famílias, por quê sete chaves ?- questionou estudando a chave que supôs que era da sua família, descorada com ametistas e obsidianas
- Porque princesa antes da fuga da nossa terra natal éramos cinco famílias, cinco governantes para os cinco elementos, os Muspelheim como você ja viu somos do fogo, de todo tipo - a olhou com malicia para a mesma que só revirou os olhos para o comentário- os Niflheim com a agua, de todo tipo variando do mar até gelo, os Vanir com o elemento espirito, o que eu sinceramente não sei o que abrange,- ela ficou decepcionada com essa declaração ja que queria saber mais sobre sua própria linhagem ja que nem ela sabia o que aquilo abrangia-  E por fim as duas famílias extintas, os Svartalfheim que controlavam a terra, sendo animais e todo o resto, eles tinham laços tênues, mas eram os poucos que ainda mantinham laços com o povo fae, você sabe, gingantes, globins, essas coisas, depois da extinção deles o povo das fadas se aliou com os inimigos da coroa, foi uma serva deles que tentou pegar você no hotel por sinal- ela fez uma careta com a lembrança- Por fim a família mais neutra de todas,  os Ginnungagap dominavam os ventos, as brisas de verão, tudo relacionado ao ar
- O que aconteceu para extinguir essas duas famílias?- Matt para dar essa explicação a levou de volta para perto dos quadros, mas dessa vez para três em especifico
- Essas são a trindade salvadora, as mulheres que impediram que todos morrêssemos em Asgard , essa é Caeline Ginnugagap - ele apontou para o quadro de uma mulher como a pele creme um ricamente bronzeada com os cabelos curtos brancos e os olhos negros como a noite- essa é Jayane Svartalfheim- ele apontou para o quadro ao lado mostrando uma linda mulher negra com os cabelos cor de fogo cheios e os olhos de um amarelo brilhante como uma águia- Essas duas- ele continuou- Reinaram na época da queda, na época de Freya, sua ancestral mais importante- ela olhou para o quadro de uma mulher assustadoramente parecida com ela, a pele pálida, os olhos violeta e os cabelos negros como os de corvo- Dizem os nossos livros de historia que para evacuar a população de vários mundos e impedir que todos virassem pó teria que ser usado um feitiço poderoso que exigia um preço muito alto, exigia duas linhagens de sangue, olha sinceramente não tenho muito orgulho dos meus antepassados por isso, os Muspelheim e os Niflheim se recusaram a fazer parte disso, deixando tudo para as três, Freya teria que ser a pessoa que faria o feitiço pois como ela controlava o elemento de espirito era a única que sobreviveria ao processo todo, então Jayane e Caeline se sacrificaram doando para Freya um grão de seus poderes para que o equilíbrio não fosse danificado e suas linhagens não morressem de vez- Camille estava e choque com essa explicação, ela admirava as duas mulheres, pois ela mesma não sabia se teria essa coragem de se sacrificar assim de bom grado, encarando os três quadros ela começou a sentir algo diferente, vendo flashes de lembranças que não eram suas, e ao fundo ela ainda podia ouvir um eco de Matt explicando sobre as chaves de onix e a chave de diamantes que destrancavam o livro dos vivos e dos mortos que também haviam sido perdidos. Os Flashes era curtos e confusos, três amigas numa torre treinando, um homem todo encapuzado oferendo um livro, um bebê de olhos bicolores com amarelo e negro, uma arena estilo romana, coisas confusas que a mesma sabia que não havia visto, até que tudo parou e ela apenas ouviu um sussurro 
Ja esta na hora querida
ela viu os olhos de Freya brilharem de algum jeito e teve a sensação de que os seus brilhavam do mesmo modo, ela foi se aproximando daquele quadro sobrenatural como um inseto é atraído pela luz, quanto mais chegava perto mais escutava o mesmo sussurro
Ja esta na hora
Ja esta na hora
Ja esta na hora
quando ela tocou um dedo no quadro os sussurros pararam