mortem anima mea

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Camille olhava fascinada para os inscritos na pedra, e se esquecendo momentaneamente do corte que latejava em sua mão, e tocou com os dedos ensanguentados os desenhos manchando a parede de carmesim , quando o contato do sangue quente com a pedra gelada aconteceu os sussurros subiram de nível ate um tom agudo de explodir os tímpanos, como um grito ensurdecedor, que aparentemente só ela escutava, pois Matthew a olhava com espanto enquanto essa cedia sob o chão e tapava os ouvidos na esperança de que os gritos cessassem, mas eles não paravam, pelo contrario, ficavam cada vez mais altos, ate que ela sentiu as mãos ficarem molhadas, suas orelhas haviam começado a sangrar e nesse instante ela não aguentou e soltou um berro mais alto que os gritos das sombras
- CHEEEEEGA! - por um instante tudo ficou em um mórbido silencio , ate que as sombras tomaram formas monstruosas que se destacavam pelo seu excesso de escuridão. Os monstros foram se aproximando lentamente, como um predador espreitando sua presa a fazendo se afastar ate sentir a parede gelada contra a coluna, quando ficou atacaram com tudo deixando-a suspensa no ar num grito silencioso que durou poucos segundos antes dela desabar com tudo e tudo escurecer

Aconteceu de novo, sou um espectro, uma observadora apenas, soube assim que sai da escuridão, era a mesma sensação de com a tia Izobel no dia de sua morte, mas dessa vez era ligeiramente diferente, não demorei muito tempo para perceber porque. Eu via através dos olhos de alguém, não apenas um mero espectro mas uma invasora num corpo estranho, de certa forma era pior, pois como espectro ainda podia me mexer como desejava, mas agora, era realmente apenas isso. Uma espectadora.
Comecei a prestar atenção ao meu redor, assustada percebi que estava no mesmo corredor onde estava a poucos instantes antes, mas este estava um pouco diferente, dessa vez haviam tochas acesas em todo o caminho deixando tudo iluminado e quente, e os grifos na parede contavam outra coisa, pareciam invocações e devoções feitas em varias épocas, com diversos tipos de sacrifícios, desde animais ate virgens sacrificadas em nome de uma deusa, assim que vi seu nome senti um arrepio correr a espinha do corpo que estou ocupando e sua respiração se condensar no ar e uma voz suave, nova e antiga, que parecia guardar todos os gritos de terror das almas condenadas
- Por quê viestes ao meu templo me invocar Freya, o que faz a deusa das guerreiras procurar a mim, uma simples guardiã de almas- merda, isso deve ser uma visão de uma memoria antiga de Freya, ela deve ter deixado isso plantado naquele lugar para que só pudesse ser desbloqueado por alguém do mesmo sangue, fazia sentido, só uma coisa que a voz que ainda estava oculta pelas sombras disse que não parecia se encaixar, a Freya era uma Rainha, não uma deusa
- Ah Hel - PUTA MERDA, PUTA MERDA, PUTA MERDA. O que desgraça Freya esta fazendo invocando a deusa dos mortos ???, - Não seja modesta querida, você não é apenas uma guardiã e sabe muito bem disso, achei que você seria mais receptiva afinal faz muito tempo que não nos vemos em Vanaheim nem mesmo em Valhala, mas temo que isso esteja prestes a mudar, não é mesmo ?- Hel ainda não havia saído das sombras ate então, mas com uma risada forçada ela veio ate a luz das tochas que automaticamente se transformaram em uma chama esverdeada e gelada o que era irônico considerando que aquilo era fogo
- Ah Freya desconfio de que esteja certa, por sinal estou ansiosa por este banquete- não sabia se ficava horrorizada com a aparência da Deusa ou Maravilhada com ela, a parte em que ela deixava exposta sob as luzes esverdeadas tinha os cabelos loiros, longos e lindos, a pele perfeita, ela era alta e esguia e vestida com uma capa vermelha, mas o lado que ela ainda deixava semi escondido pelas sombras era ainda mais esplendoroso, era assustador mas eu não conseguia tirar os olhos e parar de ficar impressionada, metade de seu rosto era como uma caveira retorcida com um chifre que se erguia acima de sua cabeça, o resto dessa metade de seu corpo era uma mistura não tão nojenta mas espetacular e bizarra de pele saudável e ossos, como se aquela parte fosse apenas tatuagens, mas eu sabia no fundo do meu ser que não era apenas tinta impressa em pele, mas sim uma coisa física e real
- Irmã, eu sei que você vê o mesmo que eu vejo, e sabe que preciso impedir, pois nem você e suas bestas conseguirão sobreviver para se banquetear da carnificina que se aproxima, algo muito pior que o Ragnarok- O sorriso da deusa se apagou, dando lugar a uma carranca
- O que quer Freya, vá direto ao ponto
- Quero que me mande ao mundo mortal, para que eu possa impedir a profecia
- O que ganho com isso ?- Hel perguntou cínica e a dona do corpo emprestado respondeu no mesmo tom
- O que quer ?- Senti meus lábios ( de Freya) se abrir num pequeno sorriso de lado
- A alma da sua verdadeira herdeira- agora Freya quem exibia uma carranca, senti o sangue se esvair de meu rosto
- Não vou lhe dar a alma de um futuro filho meu- Hel deu uma risada de gelar todos os meus ossos e murmurou o nome de Freya algumas vezes em tom de descrença rindo baixinho
- Oh querida de que me valeria um filho seu, ele não teria a morte teria ?- Senti Freya ficar cada vez mais rígida, enquanto respondia
- Não, não teria
- Então por esse motivo não quero um filho seu, quero sua herdeira, sabe que não sou burra Freya, como todos vocês deuses Vanir e Aesir parecem pensar, muito pelo contrario, eu tenho uma inteligência muito afiada querida
- você diz como se não fosse uma de nós, diga logo aonde quer chegar Hel, chega de enrolação, seja clara- o sorriso de Hel aumentava a cada palavra dita
- A magia de necromancia que você quer que eu use para te mandar para o mundo mortal é muito complexa, ela lhe tornaria mortal enquanto eu guardaria, com muito esmero diga-se de passagem, sua alma imortal ate que você resolva morrer por lá para reaver sua alma Imortal, mas esse feitiço lhe daria uma vida nova, sem memorias do que você realmente é, então você provavelmente terá filhos, mas eles não terão a morte nas veias, mas eu vejo mais do que digo e sei que haverá uma herdeira algumas gerações após suas férias no mundo mortal que será herdeira de mais de um deus, ela será uma grande protagonista de outra grande profecia, quero que me prometa a alma dela- seu sorriso cortava seu rosto macabro ao meio, e o mais bizarro era que ate seus dentes era divididos, metade eram retos e brancos e a outra metade eram podres e estavam desfalcados, seu bafo pútrido de decomposição misturado ao aroma de rosas chagava ate mim causando uma ânsia de vomito, sinceramente não sei como Freya estava aguentando, talvez tinha algo a ver com o fato dela ser uma a merda de deusa, coisa que eu ainda estava processando por mais que eu fui muito burra de não perceber antes, deveria ser isso que seu irmão que provavelmente era o deus Frey queria contar a Freya no diario, que ela era uma deusa. Sem perceber meu colapso mental Freya respondeu a deusa com bafo de defunto com a voz um pouco falhada
- Como eu posso resolver as coisas se eu não lembrarei quem eu sou o que exatamente eu tenho que fazer por lá Hel- Freya estava desesperada
- Isso não é problema meu, o plano é seu, deveria ter se planejado melhor, é pegar ou largar, a escolha é toda sua, a alma da sua herdeira e eu te ajudo com o feitiço e guardo sua imortalidade
- Só tenho uma condição
- Não acho que esta em posição de exigir condições, mas fale qual seria essa condição, e eu decidirei se a acatarei ou não- barganhou
- Frey vai comigo- eu estava certa, não sei se fico feliz ou mais desesperada ainda
- Os irmãos inseparáveis- Hel riu com escarnio- Feito- Dito isso Hel estendeu a mão da parte morta do corpo que Freya apertou, eu esperava sentir ossos frageis mas eram incrivelmente resistentes e o aperto parecia que iria quebrar os ossos da minha mão ( de Freya), que automaticamente apareceu um símbolo como três triângulos intrincados, que de alguma forma eu ja sabia o nome, era um Valknut ( o nó dos mortos).


Com o fantasma do sorriso de Hel Camille voltou para seu próprio corpo e pela segunda vez no dia se viu nos braços de Matt, Fato que ela não deixou de notar claro, mas estava muito chocada para realente se importar
- Parece que eu sempre acabo com você no colo Princesa- ele deu um sorrisinho sacada de lado, mas o brilho em seus olhos mostravam que ele estava assustado e preocupado, as bochechas de Camille ficaram rosadas com o comentário do garoto, mas ela logo fez questão de revirar os olhos e disfarçar, dizendo em tom de deboche
- Eu posso andar Matthew, só nos seus sonhos eu estaria no seu colo por vontade própria- ele deu uma risada e levantou uma sobrancelha como quem dissesse " tem certeza" mas logo ficou serio
- Tem certeza que esta bem ?
- Tirando o fato que estou condenada ao inferno, acho que sim

Valknut :

Com o fantasma do sorriso de Hel Camille voltou para seu próprio corpo e pela segunda vez no dia se viu nos braços de Matt, Fato que ela não deixou de notar claro, mas estava muito chocada para realente se importar- Parece que eu sempre acabo com ...

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