3. Revelação

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— Professora idiota, vou ter um ano difícil com essa velha, nessa matéria idiota. —Tim vinha andando na rua, caminhando em direção a casa pela calçada e chutando uma garrafinha. O garoto resmungava e bufava, praticamente amaldiçoando sua professora. — Eu só espero que esse curso dela não seja no sábado, ninguém merece acordar cedo mais um dia. —Tim soltou o ar como se estivesse sofrendo.

O garoto chegou em casa, juntou a garrafa que havia vindo chutando desde a escola e a levou para dentro consigo. Assim que abriu a porta e entrou, Tim jogou a garrafa no lixeiro que ficava na entrada da porta, tirou os sapatos e começou a subir as escadas.

— Eu poderia ir na festa da Rachel hoje. —O garoto riu dele mesmo. — Tenho que parar de ter ideias idiotas, eu não sirvo para isso, não mereço essas festas e essa vida normal de adolescente, nem amigos, não mereço a Mel. —Ele suspirou novamente, o garoto suspirava bastante.

Assim que entrou no quarto e se jogou na cama, ouviu alguém o chamando, ele levantou a cabeça olhando aos redores e logo viu quem era, se aproximou da janela e viu dona Jasmine parada na janela da casa vizinha, o chamando com um sorriso no rosto.

Dona Jasmine era uma enfermeira aposentada que era vizinha de Tim desde sempre, era ela quem cuidava do garoto quando ficava doente, era ela quem cuidava da sua alimentação, era ela que o ajudava com os trabalhos da escola, e era ela a única pessoa pra quem Timothy nunca conseguia dizer não quando aparecia com um bolo no dia do seu aniversário. Aquela senhora era uma mãe para ele.

— Meu garotinho, preciso da sua ajuda bem rapidinho aqui em casa. —A senhorinha falou balançando os braços na janela.

— Já estou indo vó. —Timothy se acostumou a chamar a senhora carinhosamente de vó, mesmo ela não sendo sua avó de sangue, e ela adorava a ideia de ter um netinho.

Rapidamente ele fechou a janela e trocou de roupa, em alguns minutos estava apertando a campainha da casa de Jasmine e ela logo abriu, como sempre com um sorriso no rosto.

— No que eu posso lhe ajudar? —Ele perguntou enquanto a mulher fazia sinal para que entrasse e ele entrava.

— O encanador concertou o cano do porão, mas eu preciso de ajuda pra subir aquelas caixas de lá, tem muita coisa que não molhou, mas tem que ser rápido. —A senhorinha fechou a porta rápido e começou a caminha para a cozinha.

— O vovô não tá em casa?

— Não, ele saiu hoje cedo, sabe como ele é, sempre fugindo do trabalho. —Ambos riram enquanto Tim foi em direção ao porão. — Vou fazer uns biscoitos para você.

— É melhor eu começar logo então. — Tim puxou as mangas da camisa que usava, calçou uma bota que estava perto da escada, acendeu a luz do porão e começou a descer.

Não tinha mais de vinte centímetros de água ali, mas era o suficiente para que algumas caixas começassem a flutuar. Tim começou primeiro carregando as caixas que estavam em cima de outras, e por isso totalmente secas, ele ia subindo caixa após caixa e deixando tudo no quarto vazio da casa, enquanto isso Dona Jasmine preparava biscoitos.


As gêmeas chegaram em casa após a aula. A casa delas era enorme, com a maior parte das paredes de vidro, e de dois andares, numa parte mais calma da cidade, afastada do centro tumultuado. Ao chegarem, foram recebidas por um dos empregados, que logo informou que a mãe delas estava na sala.

Ellaine Collins, a garota criada na pacata cidade de Lakestone que ganhou bolsa de medicina em uma faculdade, e voltou anos depois como a Doutora Collins, uma brilhante médica que agora supervisionava o hospital da cidade. Ellaine morou um ano em Lake sozinha, enquanto as filhas moravam em Orlando com o pai, mas agora ela havia resolvido reunir toda a família, começando pelas filhas.

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