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   — Me ajuda a carregar as coisas amor!

   Roger e Brian tinham voltado da lua de mel no Brasil, eles estavam muito felizes, foram dias maravilhosos com muito sol, praia, descanso, sexo...

   Enfim, eles deveriam voltar à rotina normal no dia seguinte, Roger trabalhando no centro de biologia marinha, Brian no parque marinho... Tudo em paz. Os dois estavam indo para casa de Freddie, já que ele estava dando um jantar e queria que eles estivessem lá, estava com saudade de seus amigos já que eles passaram duas semanas e meia fora.

   Já era noite e eles estavam com o carro estacionado na frente da casa de Freddie, tirando os pratos que ficaram encarregados de levar, e como sempre, o casal ficava com o "prato vegetariano do Bri".

   Enquanto estava carregando sua travessa de panquecas de legumes, alguém apareceu por trás e lhe deu um pequeno susto ao se agarrar em seus ombros.

    — Buu!

    — Ai cacete! — Roger agarrou a travessa com força, olhando para trás. — Lawrence!

   E lá estava o homem de pele clara e cabelos brancos, que ele tinha parado de esconder. Depois que ele revelou seu segredo e casou com Paul, eles ficaram mais próximos, Roger realmente gostava dele.

   — Desculpa mim.— Certo, ele não era totalmente fluente em inglês. — Eu só quis brincar um pouco, eu senti falta de vocês.

   — É melhor a gente conversar com mais calma lá dentro, sabe, sem o risco de derrubar nada. — Brian sorriu, fechando o carro. — É bom te ver de novo.

   Os quatro entraram na casa, e ja conseguiram sentir que algo não estava indo muito bem na cozinha.

   — Freddie, você tá queimando tudo aí! — Paul foi correndo até a cozinha, vendo o amigo todo atrapalhado enquanto cozinhava. — Jim você não tá vendo seu marido quase queimando a casa?!

   — Ver eu tô vendo, só queria ver até onde ele ia com isso.— Jim riu, deixando um dos gatos no chão. — Ele insistiu em aprender a fazer comida.

   — E eu estou aprendendo! Vocês que são chatos. — O persa torceu o nariz. — E daí que eu só deixei a frigideira no fogo com nada dentro por um bom tempo e ela começou a queimar?
 
   — Pelo menos o Brian pode jogar uma onda gigante aqui pra apagar o incêndio.— John riu.

   Sim, Deacon ficou por dentro de toda a história envolvendo sereias um pouco antes dos dois se casaram, eles confiavam em John e sabiam que ele não iria contar, nem sobre Brian e nem sobre Lawrence.

   — Muito engraçado. — Brian sentou ao lado dele no sofá, cumprimentando Victoria com um toque de mãos. — Posso colocar a mão no bebê?

   — É claro. — Ela sorriu, colocando a mão de Brian sobre a barriga. — Ainda estamos escolhendo o nome,eu acho que vai ser menina.

   — Eu acho que vai ser menino. — John interferiu.

   — Eu tenho o instinto de mãe.

   — E eu o de pai.

   — Trouxeram os vinhos? — Jim mudou de assunto, se levantando e indo até a cozinha. — Lawrence você tem uma tarefa muito importante, manter as bebidas geladas.

   — Eu já deveria saber. — O suíço tocou nas garrafas e as duas congelaram.

   — Licencinha, cozinheiro passando. — Freddie saiu da cozinha, levando a lasanha que tinha feito com sangue e suor. — Deve estar maravilhosa.

   — Que autoestima. — Roger brincou, tomando seu lugar na mesa. — Também né, depois de quase criar um incêndio, isso tem que estar bom.

   — Fiquem a vontade, e se quiserem deixar sobras pros gatos, a gente agradece. —  Freddie acrescentou, tomando o seu lugar na mesa também. — Ainda bem que eu insisti pro Jim levar a mesa grande...

    — Aqui estão as taças. — Jim sentiu ao lado do marido, deixando um beijo na bochecha do mesmo. — Podem começar gente.

    Eles montaram os pratos, encheram as taças de vinho e começaram a conversar. Roger e Brian foram atacados com várias perguntas de como foi a viagem pro Brasil.

    — O pessoal lá é legal. — Disse Brian com um sorrisinho. — A comida também é legal.

   — Ele comeu um pote enorme de cinco litros de cupuaçu inteiro. — Roger riu.

   — Aquele negócio é muito bom! — Brian se defendeu. — E você que comeu três cachorros quentes completos antes do passeio de barco e quase vomitou na água?

   — Completos? — John perguntou.

   — No Brasil tem o pão e a salsicha, e eles colocam um monte de coisa em cima, batata palha, maionese, purê de batata...

   — Estranho. — Freddie comentou.

   — Agora eu tô com vontade de comer um desses. — Disse Victoria. — John?

   — Ela vai me falir antes do bebê nascer de tanta comida que ela pede. — Deacon coçou a nuca.

   — Isso porque não quis gastar com a camisinha... — Paul sussurrou, mas Roger escutou e começou a rir.

   Durante as conversas e risadas na mesa de jantar, Brian acabou reparando em Lawrence, ele estava estranho, olhando fixamente para a janela, sem sequer piscar, e ele também não estava sorrindo, o que era raro.

   — Amor... — Ele disse, se levantando. — Eu vou lá fora pouco.

   — Aconteceu alguma coisa? — Perguntou Paul. — Quer que eu vá com você?

   — Eu só preciso de um pouco de ar. — Ele sorriu rapidamente, antes de deixar a sala e ir para o lado de fora.

   Todos na mesa voltaram a comer, achando que ele só queria um tempo para respirar, mas algo na cabeça de Brian dizia que havia algo errado com ele.

   — Com licença, eu esqueci meu celular no carro. — Brian se levantou, e saiu sem esperar nenhuma resposta de ninguém.

   — A lasanha está tão ruim assim? — Freddie arqueou uma sobrancelha.

   — Ela tá ótima, fica tranquilo. — Respondeu Roger, voltando a comer, tentando capturar alguma coisa pela janela da sala.

   Enquanto isso lá fora, Brian saiu e não viu nenhum sinal do suíço, achou aquilo estranho, pra onde ele iria àquela hora? E sozinho?

   — Lawrence? — Brian começou a andar aos arredores da casa, e não havia nenhum sinal dele. — Onde você se meteu?

   Ele avançou um pouco na rua, olhando para a frente das outras casas, mas a rua estava simplesmente deserta.

   Desistindo de procurar ele, Brian deu meia volta e decidiu entrar na casa de Freddie, mas para sua surpresa, lá estava Lawrence, parado na frente da porta.

   Ele estava sério, mas assim que viu Brian, a abriu seu costumeiro sorrisinho.

   — Ah Brian? Está tudo bem? — Ele perguntou, sorridente. — Estava me espionando?

Beyond The Sea 2 • MaylorOnde histórias criam vida. Descubra agora