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   Brian nadou até o mediterrâneo com uma velocidade anormal, mesmo que o mar estivesse um completo caos, ele só queria achar Roger, e sua raiva acabou o consumindo.

   Seguindo o cristal de gelo de Lawrence, ele achou Storak, viu um exército imenso se preparando para começar a se espalhar pelo mundo matando os humanos, mas seu foco era o palácio central, feito de pedras negras pontudas.

   Brian atravessou uma das paredes, deixando pedras por todos os lados, diante dele, estava Ma Aruy, com seus conselheiros, e ela parecia muito feliz.

  — Olha só, o nosso tritão! — Ela bateu palmas cinicamente. — Graças a você, varrer a humanidade vai ser bem mais fácil...

   Ele avançou contra ela, agarrando seu pescoço com força.

   — Cadê o Roger?

   — O seu humano? — Ela sorriu, e ele a enforcou com mais força. — Certo, Hasael, traga, mas me solte primeiro.

   Por mais irado que ele estivesse, ele soltou a mulher, aguardando o tal tritão voltar com seu marido, porém Hasael voltou apenas com uma urna de pedra e entregou para Brian.

   — O que é isso?

   — Pediu seu marido, não é? — Brian abriu a urna, e sentiu a cabeça girar quando viu apenas cinzas. — Você chegou tarde demais, o seu amiguinho branquinho deve estar sendo queimado agora.

   — É mentira! — Ele gritou, com as mãos tremendo e segurando a urna.

   — É mesmo? — Ma Aruy mostrou para ele a aliança de Roger. — É realmente uma pena.

   Brian estava em um estado de desespero tão grande que não conseguia ver se ela estava mentindo ou não com clareza, mas ao que tudo indicava ela falava a verdade. Ele havia perdido Roger, o grande amor de sua vida estava morto.

   Ele soltou um grito de dor tão alto que algumas pedras do palácio caíram. As lágrimas azuis e brilhantes de Brian manchavam seu rosto, enquanto ele formava uma bolha protetora ao redor da urna.

   Em um milésimo de segundo, ele já estava em cima de Ma Aruy.

   — Você cometeu o pior erro da sua vida!

Pouco tempo atrás...

   — Droga... — O tritão resmungou, tentando se soltar mais depressa, já que um soldado havia acabado de entrar na cela.

   — O que está fazendo?

   Antes que o soldado pudesse terminar de perguntar, as correntes que prendiam o tritão congelaram e racharam. Lawrence se soltou, avançou contra o soldado com rapidez, arrancando a espada de seu cinturão e partindo sua cabeça em dois.

   Roger acabou vomitando.

   — Queira perdoar-me alteza...

   — Eu não vou conseguir jantar por dias depois disso. — Disse o loiro, tentando se recuperar enquanto Lawrence o libertava das correntes. — Na boa, você é um dos últimos caras do mundo que eu imaginei ser esse tipo de soldado, pra mim você era tão...

   — Sensível?
 
   — É, sensível.

   — Eu sou sensível, uma verdadeira manteiga derretida, mas eu sei o que é viver na guerra. — Ele suspirou. — Vamos tentar não chamar a atenção, e chegar até Estera Maris o mais rápido possível.

   Assim que saíram da cela, perceberam que a água estava mais agitada, eles até conseguiam escutar o som de raios e trovões.

   — Acho que o Brian já deu falta de mim.

   — Ele não percebeu que tá fazendo Exatamente o que ela quer. — Lawrence segurou o pulso do loiro, andando pelos cantos com ele. — O erro dela é achar que o exército dela vai segurar o Brian...

   — Mas são muitos soldados!

   — Mas o Brian... Um líder verdadeiro no auge do seu poder é como a própria ira do mar.

   De repente, os dois de grito estridente, que transmitia dor e sofrimento, pedras começaram a cair, e Roger teve que se agarrar no tritão para que ele desviasse de todas elas.

   — O que está acontecendo?! — questionou o loiro.

    — Sendo sincero, eu não sei! — Lawrence respondeu, nadando o mais longe daquele palácio possível, colocando Roger em suas costas.

   Porém, eles foram encurralados por um batalhão de Soldados, eram vários soldados, e eles eram apenas dois, um deles sem poder nenhum.

   — Peguem os prisioneiros! — Um deles gritou.

   — Alteza, — Lawrence disse com tanta calma e tranquilidade que assustou Roger, enquanto fazia um escudo de gelo para ele. — Fique atrás do escudo, e eu sugiro que não olhe. — O suíço formou outra espada usando cristais de gelo, se afastando do loiro.

   — Eles são muitos, você pode...

   — Morrer em batalha não é problema para um Storak. — Ele repetiu a mesma frase que já ouvira várias vezes de seus treinadores. — Porque um soldado Storak digno não morre em batalha.

   Sendo soldado de Estera ou não, sua missão era proteger Roger.

   O loiro fez como ele pediu, ficou atrás do escudo de olhos fechados, ouvindo apenas gritos e o som de lâminas.

   Voltando à sala do trono, vários soldados de Ma Aruy estavam prestes a avançar contra ele, ela os escondeu por toda aquela sala, e esperava que eles a defendessem.

   Porém, ele ergueu uma das mãos, a deixando aberta, assim que a fechou, a água ficou vermelha de tanto sangue, ele tinha acabado de esmagar milhares de soldados apenas usando seu domínio sobre a água.

   Aquilo fez o olhar confiante de Ma Aruy se transformar em um olhar de pânico.

   — Hasael!

   Ela gritou, e o servo estava indo ao seu socorro, até o tritão usar a outra mão livre para agarrar o pescoço dele.

   E quebrá-lo com apenas uma das mãos.

   — Hasael seu idiota! — Ela gritou, vendo Brian soltar o corpo do tritão pálido.

   — Eu não vou te matar assim... Eu quero uma morte lenta pra você. — Brian disse com a voz mais baixa.

   Ela foi tentar agarrar o colar, mas Brian rapidamente agarrou sua mão, segurando a outra em seguida, lembrando do conselho de Lawrence que estava na carta.

   Brian quebrou as mãos dela, ouvindo ela gritar de dor e o som dos ossos se partindo, em seguida, arrancou o colar que ela usava no pescoço.

   — Você não tem noção da execução que eu quero te dar... — Brian quebrou a concha dela com a própria mão. — Por que tirou o Roger de mim!

   — Não me mate! Eu não matei seu humano! Ele e o Lawrence estão na cela! Pode pegar o círculo dourado de casamento dele de volta se quiser!

Beyond The Sea 2 • MaylorOnde histórias criam vida. Descubra agora