2. Me deixa viver para matar ele.

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Connor não falava a dois dias. Richie tentava iniciar conversa, tentava se desculpar, porém nada saia da boca do homem.

Ele não me ama mais? Ele quer terminar? Isso é bom ou ruim? Por favor fale alguma coisa. Qualquer coisa. Grite comigo. Me bata. Mostre que ainda sente alguma coisa. Por favor.

Eles estavam sentados no sofá, lado a lado, enquanto Connor fumava. Richie, distante em seus pensamentos, voltou a realidade ao sentir algo queimando em sua mão. Connor apagara o maço do cigarro na palma da mão do namorado, e puta que pariu, doía pra caralho.

Eles se encararam por alguns segundos, quando Connor se levantou e foi para o quarto.

Richie foi para a cozinha, passar água onde Connor havia o queimado. Ele não aguentava mais isso. Talvez fosse hora de fugir. Os otários com certeza o ajudariam.

Mas e se Connor fizesse algo contra eles?

Richie colocou a mão na boca, contendo os barulhos que deixava escapar enquanto chorava miseravelmente, sem direção.

"Eu sei que você está me traindo." Assustado, Richie se virou, encontrando o namorado na porta da cozinha. "Com aquele filho da puta do Mike."

"O quê? Mike? Da onde você tirou essa ideia?"

"O porteiro me contou ontem a noite, como você tentou o beijar no carro e o disse que o ama." Richie não tinha visto maldade em suas ações. Os otários sempre foram bastante afetuosos uns com os outros, então aquela interação não era nada fora do normal. "Eu nunca teria imaginado que você me trairia. Quer dizer, não com o Mike. Com o Eddie, definitivamente."

"Amor, eu e o Mike somos apenas ami–"

"Cala a boca, Richard!" Connor bateu seu punho na mesa, fazendo com que Richie se encolhesse em seu canto. "Você vai pagar por isso, seu merda."

Richie mal desviou de um copo sendo jogado em sua direção. Ele tentou correr para a porta, mas seu namorado foi mais rápido, segurando seu pulso com força e o jogando no chão.

"A brincadeira só começou, querido."

Eddie não entendia. Não entendia porque Richie, a melhor pessoa que ele já havia conhecido, insistia em continuar com aquele babaca.

Sim, Eddie estava completamente apaixonado. Isso não era segredo para ninguém, exceto provavelmente Richie. Mas isso não muda o fato de que Richie merece alguém melhor, mesmo que esse alguém não seja ele.

Eddie e Richie eram amigos desde sempre. Quando se cresce em uma cidade pequena com apenas uma escola você meio que se acostuma a ver os mesmos rostos e a ter as mesmas amizades desde cedo.

Eles se conheceram quando tinham 4 anos, Eddie estava chorando por ter perdido uma pequena flor que segurava, quando Richie se aproximou e o ofereceu outra, inocentemente. Apesar de terem se passado exatamente 39 anos, Eddie ainda se lembrava desse momento, vagamente. É claro, ele não se apaixonou a primeira vista. Afinal, ele tinha 4 anos.

Eddie se lembrava claramente do momento em que se apaixonou, quando eles tinham 18 anos. A mãe de Eddie tentou o impedir de se mudar junto com Richie para ir a faculdade. O amigo, que estava o ajudando a colocar as coisas no carro, não aguentou ouvir a discussão e se meteu no meio. Defendeu Eddie e a mandou calar a boca, ou ele enfiaria o pau naquela boca de velha gorda e retardada. Clássico.

Eddie riu e chorou muito naquele dia. Ele e sua mãe nunca mais se falaram. Triste, porém libertador. Richie sempre o havia incentivado a seguir a própria vida. E depois de sair das garras dela, ele finalmente podia. E ele nunca teria conseguido sem Richie. Se ele não estivesse lá naquele dia, provavelmente Eddie teria se rendido aos pedidos da mãe e continuaria em Derry.

Sonho de amor | ReddieOnde histórias criam vida. Descubra agora