- Acho melhor te levar pra casa. - James disse. Eu não acreditei muito.
- Agora? Eu pensei que íamos...
- Não. - Ele me interrompeu.
Os olhos azuis pareciam tristes mas ao mesmo tempo, cheios de desejo. Eu não sabia bem o porquê de ele me levar embora e mesmo que soubesse ainda não entenderia.
Achei que ele quisesse ficar comigo, desde que nos conhecemos foi o que ele disse. E na noite anterior ele tinha dito que gostava de mim. Estava tudo perfeito e então na melhor situação possível ele diz que não. Eu não entendia.
- Clary, eu sei que não deve fazer sentido. Mas eu estou fazendo isso porquê eu gosto muito de você. - Ele parecia exitar. - Eu não quero estragar nossa amizade.
Friendzone.
- Mas...
- Eu me apeguei a você, não quero ser um babaca e agir como se você fosse qualquer uma. - Pode parecer estranho, mas ele me dispensar por gostar de mim fez meu coração aquecer um pouquinho. - Então, vou te levar pra casa.
...
- Tudo bem. - Foi tudo que eu consegui dizer.
Jamie me levou de volta para casa logo depois de se vestir. A volta no carro foi silenciosa, eu não entendia o que aconteceu. Eu não entendia por quê eu estava me sentindo como se estivesse... magoada.
O que ele fez foi certo, não foi?
● ● ●
Eu acabei de sair da faculdade e estava sentada num banco enquanto esperava o ônibus, o metrô nesse horário é perigoso.
Não falei com Jamie depois de tudo. Não sabia como ele estava e também não sabia se podia continuar com a nossa amizade. Ele era maduro o suficiente para não estragar nossa amizade enquanto eu queria que não fosse apenas uma amizade.
- Olá.
Olhei para o lado e a silhueta jovem e os cabelos negros como carvão eram familiar.
- Professor Buck. - Eu disse apenas para cumprimentar, mas ele entendeu um convite para uma conversa.
- Você não parece muito bem. Aconteceu alguma coisa? - Os olhos azuis expressavam preocupação.
Eu odeio professores, acham que podem interferir na sua vida como boas influências. Nunca gostei dos meus no ensino médio, nem na pré escola.
- Não é da sua conta. - Eu não estava num bom dia.
- Tudo bem. Sobre o que quer falar?
- Sobre nada, só estou esperando o ônibus.
Ele fechou os olhos e tirou os óculos pretos de armação antiga. De repente me senti uma idiota. O professor não tinha nada a ver com aquilo e eu não podia descontar nele.
Conforme os segundos se passavam eu me sentia cada vez mais culpada por ter sido rude.
- Me desculpa - Não me aguentei. - eu não queria ser mal educada.
- Não tem problema, é perigoso ficar sozinha a essa hora da noite. Quer uma carona? - Ele não poderia ter oferecido antes?
- Eu aceito, muito obrigada.
Ele se levantou e pegou minha mochila antes de mim, eu não esperava esse gesto de cavalheirismo mas não reclamei. Os ombros largos pareciam não fazer esforço para carregar as duas mochilas (a minha e a dele).