Era tarde da noite quando os sinos tocaram lá fora, levantei de minha cama em um pulo e fui até a janela, la no fundo uma luz forte e laranja manchava tudo ao redor. Fogo.
Pessoas curiosas(como eu) enchiam as ruas para ver qual casa estaria queimando, com um empurrão na porta minhas duas irmas Clarice e Angelí se juntaram a mim na janela.
_De quem será a casa Amelia?
_Não sei Clarice, esta muito longe para ver bem.
_Só espero que não seja a casa de Lady Marcella. Tinhamos uma prova de vestidos amanhã, e não posso remarcar.
_Nossa Angelí como pode estar preocupada com vestidos quando alguma vida pode ter sido perdida?
_Algo realmente terrível, mais meus compromissos são igualmente importantes.
Bufei para elas, no mesmo momento em que mamãe entro ruidando com as três por estar tarde da noite espiando as janelas.
_Só gostaríamos de ver a quem pertencia a casa que agora se foi mamãe.
_Ah querida foram os Deverrot's.
_Quem?
_Um casa de gentis senhores, moravam no final da rua querida tinha muitas macieiras, que Deus guarde suas almas.
_Eles morreram mamãe?
_Sim Amelia, infelizmente faleceram. Lady Marcella acaba de informar a mim e seu pai, uma terrível tragedia de fato.
Meus olhos se encheram de lagrimas, aqueles senhores, eu gostava de fazer o caminho mais longo da escola para velos dançar, sempre admirei seu amor, em como nem o tempo, a idade e as marcas da velhice em seus corpos diminuíram seu amor, e agora se foram, e pelo fogo, que morte horrível para um casal tão delicado. Minhas irmãs e minha mãe se foram me deixando em meu quarto com meus pensamentos, depois de chorar por muito tempo, acabei me entregando ao sono.
Na manhã seguinte a vida seguia como se nada houvesse acontecido, minha revolta por tal comportamento era visível em meu rosto, como podiam? Como podiam agir com se duas das pessoas mais vivas de toda a vila não houvessem perecido a chamas a apenas algumas horas atrás? Era extremamente perturbador, os sorrisos e conversas rotineiras, apenas eu aparentava estar de luto, e durante toda a manhã meu humor foi sombrio, nem minhas irmãs ousaram se aproximar de mim com algum tópico de conversa sobre noivados bailes e vestidos. O dia no colégio feminino ao qual fraquentava não foi melhor, algumas alunas até se dignaram a fingir tristeza, mais a maioria aparentava não se importara nada com a morte do gentil casal, Ao sair do colégio havia agitação nas ruas, no caminho de volto evitei meu rotineiro atalho para não ver a destruição da casa, não sentir o silencio, a falta da melodia que ecoava ou a falta dos dois amantes dançando tão apaixonados.
Usando o caminho mais curto cheguei bem mais cedo em casa, e todos ali estavam em alvoroço, como sempre, mais um baile seria realizado em breve, e minha irmãs mais velhas estavam em êxtase com a ideia de todos os condes e lordes presentes, nada as agradava mais do que a ideia de casamento, porem isso não era para mim, casamentos falsos e vazios, por posições na sociedade, somente fachada. Meu casamento seria por amor, como o casal do final da rua. Ao contrario jamais me casaria.
Caminhando pelas duas mulheres estéricas gritando e berrado ordem fui até a cozinha e me servi de um copo de suco, minha mãe apareceu por lá e resolveu me inteirar sobre o baile, como se eu me importasse com tais eventos.
_As noticias chegaram cedo da manha que o prefeito dará um baile em homenagem aos Deverrot's, aparentemente eram artistas de imenso talento, como homenagem algumas das obras encontradas nos escombros da residencia serão exposto no salão de baile. Vendo que se abalou com suas mortes, devesse ir filha, prestas homenagens, e admirar boas obras de arte nunca fora sacrifício.
_Claro mamãe, estarei lá.
Não me espantou nem um pouco, que o prefeito usasse da morte de dois moradores para angariar fundos em mais um baile, Não me espantaria também, se as obras por magica fossem leiloadas pelo maior lance, nada mais animador do que lucrar as custas de pessoas falecidas. Me admirava que mais ninguém pensasse o mesmo, será que eu sou a estranha? A anormal, por achar absurda a ideia de dançar, beber e flertar as custas de duas pessoas que tragicamente faleceram mais deixaram obras de artes para trás? Aparentemente sim, pois cada criado na casa estava ansioso pelo baile, minhas irmãs enfartariam antes mesmo de chegar lá, passaram o dia berrando ordens e correndo de um lado ao outro nos corredores. Por volta das seis da tarde, minha mãe apareceu com um embrulho para mim, eu já sabia que era um vestido, isso era tudo que eu e minhas irmãs ganhávamos, mais fingi surpresa mesmo assim.
Abri o embrulho e de lá retirei um vestido roxo e lilas, o efeito em degrade na cauda realçava meus cachos muito negros, e meus olhos também negros. Demoramos uma hora para me por no vestido, tantos laços fitas e camadas, o espartilho me apertava tanto que eu estava ofegante, mais devo admitir depois de pronta, estava linda, usava luvas até os cotovelos brancas e um salto também branco, por mais que ninguém pudesse velo, meu cabelo caia em ondas, e em meu pescoço uma linda e fina corrente de prata.
Todas descemos até nosso Mala posta, nossa família ainda mantinha alguma riqueza por parte de meus falecidos avós, podíamos contar com certos luxos, uma carruagem do tipo diligência, nos aguardava a porta, dois garanhões um branco, um malhado a puxava, entramos as três e em seguida minha mãe, ficamos um tanto espremidas mais não arriscaríamos sujar nossos vestidos indo um quarteirão apé, para minha mãe exibir nossa riqueza era essencial.
O Caminho até o palacete foi curto, menos de dez minutos, morávamos relativamente próximos, mais descemos de nossa carruagem nos misturando as multidões de abastadas matriarcas, em buscas de esposas em potencial para seus filhos, a festa era uma caçada e a melhor presa levava o premio, que não minha opinião não eram tão bons assim. Um rapaz não era um premio bom o suficiente para todo aquele sufoco, nem perto disso. Como sempre, fui me recolhendo até estar bem para trás, deixei minha mãe e irmãs na frente para exibir seus melhores vestidos e joias, os rostos cobertos de maquiagens, fazendo com que até alguns dos homens já casados parassem um momento para observar.
Eu não me destacava e agradecia a Deus todos os dias por isso, sem toda a atenção das mães, maridos, filhos, eu podia de fato aproveitar a festa, nunca havia tido vontade de experimentar nada além de champanhe, mais hoje por algum motivo minha pele se arrepiava constantemente, as portas ainda não haviam sido abertas e todos aguardávamos pacientemente, ou fingíamos, já que a cada passo que dava podia ouvir alguém reclamar sobre a demora.
Ali bem a vista havia uma untuosa senhora, em seu vestido de festa amarelo parecia um grande limão siciliano, minhas irmãs também a olhavam porem pareciam debochar dela. Eu a admirava, em uma sociedade como a nossa, mulheres se matam sem comer para alcançar corpos perfeitos enquanto aquele senhora, pouco se importava, e ela em seu volumoso e natural corpo, parecia mais feliz que qualquer um.
Rangidos reverberaram quando uma fresta da porta abril e o prefeito iniciou um discurso, que durou graças aos céus muito pouco, e então uma luz atingiu a todos quando as grandes portas foram abertas, e então, entramos.
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Infinito
RomanceA vida começa e termina, é o ciclo da vida. Mas as vezes não, as vezes ela se torce e se repete, e cabe a nós concertarmos o que foi rompido. Essa é uma historia de amor que vai além do tempo. Até mesmo, além da morte.