O palacete fora construído para mostrar nada mais que grandeza, grandes colunas de mármore brancas se erguiam poderosas como deuses olhando para todos nós de cima, essas mesmas paredes mantinham um teto abobadado com as mais lindas pinturas, anjos querubins, nosso senhor Deus enviando nosso salvador Jesus Cristo até maria, toda historia contada ali.
Fomos todos caminhando em direção ao grande salão, o prefeito a nossa frente fazia pequenas paradas de suspense quando ordenava um de muitos criados presentes, que revelassem a pintura por de trás de finos tecidos pretos, a cada puxão uma pintura aparecia, a cada pintura um coro de admiração se seguia, permaneci por ultimo bem ao fundo, só assim poderia admirar realmente as pinturas, sem o falatório ou interrupções, a cada pintura meu coração se apertava, ser que eles as haviam pintado? Será que em algum lugar lá fora eles tinham herdeiros para reclamar as obras, sempre estavam sozinhos, se tinham filhos nunca vieram velos.
A comitiva de pessoas demorou-se em algumas pinturas, o falatório a todo volume se seguiu até o centro do salão onde uma unica pintura estava posicionada no palanque, era uma moldura de corpo todo, grande imponente, o mesmo tecido negro a cobria, todos se juntaram a frente se espremendo para ver a obra por baixo do tecido. O prefeito veio a frente, se posicionou em um pequeno banquinho e se voltou aos ali presentes.
_Que agradável noite esta, onde todos nos reunimos para admirar trabalhos encontrados na residencia, dos Deverrot's, que oportunidade oportuna quando em meio a terrível tragédia, encontramos beleza, esta obra atrás de mim, de acordo com muitos artistas que foram convidados para analisá-las, é a mais rica e bela entre todas, e com o maior prazer e em homenagem aos nossos estimados Senhor e Senhora Deverrot. Os apresento, O pedido.
Com um puxão de mão o tecido foi ao chão e o suspiro de espanto correu por todo o salão, minha mãe foi além e deu um gritinho, todos gesticulavam, e cochichavam, e o motivo era simples, a pintura, era eu.
Como era possível? Não tenho tal resposta mais ali estava eu em um vestido azul marinho luvas brancas até o colar de prata em meu pescoço, e diante de mim posto em um joelho estava um lindo rapaz, com suas duas mãos delicadamente segurando uma das minhas, ambos sorriamos, e o brilho no olhar era claro, um casal, um casal apaixonado, como os dois senhores, eu encarava a pintura perplexa quando uma mão me agarrou e começou a me puxar até o palanque, ao tentar ver quem me puxava, dei de cara com minha irmã Clarice. Ela me levou até minha mãe que me arrastou o resto do caminho até o palanque.
Assim que pus os pés no palanque um maior suspiro de espanto e mais intenso ecoou pelo salão, todos me olhavam, os olhos arregalados, comparando a mim e a pintura, um grito estridente encheu o salão e todas as cabeças se voltaram para trás, a volumosa mulher de vestido amarelo abanava suas mãos no alto, e um rapaz tentava inutilmente se esconder ou fugir, mais ela foi mais rápida, o agarrou pelo braço e como eu, o pobre foi arrastado até o palanque, bastou um olhar para saber, era ele, o rapaz da pintura, parecia mais jovem como eu também, mais eramos nos dois, ali, quais eram as chances? Nossas mães estavam em polvorosa, e eu e o rapaz, estávamos ambos vermelhos de vergonha sem mal olhar um para o outro, depois de um minuto todos nos encaravam esperando por algo, mais como eu decidi não me mover o rapaz tomou a dianteira, fez sinal para que eu lhe desse a mão, para um comprimento.
Me virei de frente para ele, e no momento em que nossas mãos se tocaram uma dor atingiu meu estomago fui tomada por visões de arvores passarem correndo, e então um precipício uma mão sempre segurando firmemente a minha e então um brilho de lamina uma espada um grito de dor, e então eu estava em queda livre, e atingi a água.
Quando voltei do transe o rapaz estava caído de joelhos a minha frente os olhos arregalados em minha direção estavam cheios de lagrimas, olhando ao redor todos nos encaravam, arranquei minha mão da sua e o encarei mais uma vez. Ele se levantou fingiu um sorriso e sussurrou baixinho de um jeito que só eu pudesse ouvir.
_Você sentiu isso? Viu o que vi?
_Eu... Eu não sei do que esta falando, com licença.
E sai em disparada, esbarrei em varias pessoas mais não me importei, precisava sair daqui, rápido, quando encontrei a saída e me encontrei do lado de fora do palacete respirei fundo e comecei a correr em direção a minha casa, pude ouvir pessoas me chamando mais as ignorei, continuei correndo segurando a barra do vestido com as mãos corri e corri, até ver Josefina nossa governanta e corri direto para seus braços, a intimidade com os criados era criticada, mais se eu pudesse ter duas mães Josefina seria uma delas com certeza. Ela secou minhas lagrimas e alisou meus cabelos.
_Minha pequenina, o que houve?
_Não quero conversar Josefina, pode só ficar comigo um tempo? Prometo não atrapalhar.
Suas mão negras e macias, alisavam meu rosto e o segurava em concha.
_Claro minha menina, meu colo é seu sempre que precisar. Venha vou preparar um chá e nos sentaremos na sala você pode me contar o que a aflige, ou não. Tudo bem?
Dei apenas um aceno de cabeça e Josefina me levou até a sala, se foi para a cozinha mais voltou com uma xícara fumegante de chá, se sentou no sofá comigo e me abraçou me mantenho aninhada a seus braços, em meio a soluços de choro, contei a ela o ocorrido. Ela nada disse apenas ouviu enquanto eu narrava a noite mais confusa e constrangedora de toda minha vida.
Depois de mais ou menos uma hora, minha família irrompeu pela porta da frente, minha mãe gritava meu nome furiosa. Josefina se levantou e foi até minha mãe, certamente para tentar acalmá-la, não obteve sucesso. Chegando a sala olhou direto para mim, uma sobrancelha arqueada tão acima que parecia impossível.
_Tem alguma noção do constrangimento que nos causou Amelia? Fugir daquela maneira? Empurrando como a um boi raivoso. Você recebeu uma honra imensa e largou o rapaz lá, como pode?
_Honra? Estavam todos me olhando como a uma criatura de circo.
_A pare de dramatizar as coisas Amelia, estavam todos admirados com as semelhanças nada mais, e o pobre rapaz passou horas pedindo perdão se ouve-se dito algo inadequado, o que duvido muito, pois ele se mostrou nada mais que um excelente rapaz.
_Ele não disse nada, eu não fui embora por causa dele mãe, estava constrangida, e nervosa e todos ficaram me olhando...
_Devia se sentir grata por chamar atenção, você não se destaca muito minha filha, e por culpa sua, que se esgueira como a uma cobra pelos lugares que vai. Bom pelo menos algo bom saiu de toda essa confusão, o rapaz se chama Sebastian e pretende vir aqui amanha acompanhado de sua mãe, ele disse querer se desculpar com você, mais pela carruagem da família pude dizer que são abastados, então se comporte e tente fazer amizade com o rapaz pelo menos, sei que a ideia de casamento para você é o mesmo que a forca.
Ela não podia estar falando serio, eu serviria de entretenimento para Sebastian e sua mãe, minha mãe tinha planos maiores disso eu não tinha duvidas, mais e ele? O que teria para me dizer? Será que ele havia visto o mesmo que eu? Sei que viu algo mais fugi tão depressa que não tive tempo nem vontade de perguntar o que. Quando me levantei para argumentar, me lançou um olhar de aviso, e se foi. corri até meu quarto Josefina atras de mim. Enquanto chorava minha ama, me ajudava com o o vestido, minha vontade era jogá-lo no fogo.
Já fora do maldito vestido e vestida com uma simples camisola, me sentei a janela e olhei para além, o que fora aquela visão, e porque os senhores tinha uma pintura minha? E com Sebastian?
Hoje não havia mais o que fazer, mais amanha? Amanhã eu começaria meu plano para afastar qualquer ideia de casamento que ele pudesse ter ou minha mãe ou quem fosse.
Amanhã.

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Infinito
RomanceA vida começa e termina, é o ciclo da vida. Mas as vezes não, as vezes ela se torce e se repete, e cabe a nós concertarmos o que foi rompido. Essa é uma historia de amor que vai além do tempo. Até mesmo, além da morte.