01. pra sempre, chuva.

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Se você dissesse que hoje em dia eu seria bem sucedido na vida, provavelmente eu iria rir até engasgar. Porque como o completo azarado que era, ter um futuro mais que satisfatório pra mim, era completamente impossível.

Naquela época eu possuía cabelos escuros, e uma franja que gritava todas as manhãs um "corte-me". Eu me enxergava no espelho e gostava do meu físico, tampouco algum dia tivera problemas sobre a minha aparência, porém sempre que encarava os meus próprios olhos, eu me sentia feio. Não um feio de corpo e rosto, mas um feio de alma e psicológico. Porque caso fossemos sinceros, eu não era a pessoa mais feliz do mundo.

Sempre me imaginei desempregado, provavelmente tendo uma única manta como forma de sobrevivência. Me imaginava deitado nas ruas íngremes do chão sujo, com algum tipo de placa de cartão pedindo por umas míseras moedas pedaço de pão. Porque eu nunca fui inteligente, nunca fui responsável, e fora chutado de casa pelos meus próprios pais por simplesmente ser atraído pelo mesmo sexo que o meu. Então seguia com o pensamento de que se não conseguia agradar sequer os meus parentes, então não agradaria ninguém.

Porque eu pensava que a coisa mais simples do mundo era ser prestativo para quem lhe criou. E se era inútil até mesmo para eles as chances de ser alguem bom no futuro eram nulas. Prossegui com essa teoria por um ano e meio.

Jihyun era uma mulher perfeita. Ela arrumava o meu quarto todas as manhãs, e me deixava chorar nos seus ombros todas as noites. Não se importava pelos meus resmungos sôfregos, e me dava permissão para encharcar as suas blusas finas. Me alimentava e lia livros até eu conseguir adormecer, para logo depois cuidar de mim pelos pesadelos incessantes que eu possuía, mesmo beirando os meus vinte anos.

Passado um tempo eu resolvi tomar uma atitude adulta, e parei de me lamentar por coisas desnecessárias. A tia Jihyun não me repugnava por gostar de garotos, e sempre me passava segurança quando dizia que amar era válido para todos. Ela tambem conseguiu retirar a minha imagem dormindo na rua, a embacando e a transformando num completo borrão. E foi relaxante.

Porém conheci Minhyuk.

Até hoje, com meus vinte e três anos não encontrei palavras pra descrever esse homem e o bem que ele me faz todos os míseros nasceres do sol. Mas acho que posso afirmar que sou um completo bobo apaixonado.

Ele apareceu como se fosse uma simples partícula de poeira. Daquela que se impregnava nos móveis e então esvoaçava no ar até parar no chão da sua sala. Contudo, descobri que Minhyuk era muito mais que isso.

Porque ele era um pedaço de estrela que tivera a luxuria de cair sobre mim.

Minhyuk conseguiu embalar todas as minhas insegurancas e receios, para então seguirem rumo ao infinito, mas um infinito bem longínquo. Conseguiu pegar nas minhas qualidades e imperfeições para então beijar cada uma delas e dizer que era normal ser composto também por erros. E felizmente, ele permanecia comigo por três longos anos.

E não poderia me sentir mais orgulhoso e sortudo por ter o último pedaço de corda da esperança, aqui do meu lado.

🌻

A sacola branca por entre os meus dedos balançava conforme eu me movia apressado nas ruas movimentadas de Busan.

Será que ele iria gostar?

Era tudo o que eu questionava desde que tinha saído daquela loja de tecnologia, com o rosto composto por determinação e nervosismo.

Talvez tenha sido precipitado demais.

Os fios (agora ruivos) dos meus cabelos, faziam o favor de cobrir os meus olhos brilhantes, porém não foi por isso que deixei a minha aura feliz de lado. Era um dia especial.

o sol e os seus taehyung's. [taekook]Onde histórias criam vida. Descubra agora