Capítulo 17 - O fim do terror

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     Meses depois...

    Após o suicídio de Hitler, os nazistas se renderam e já estava no papo a grande derrota dos países do Eixo. O pai de Eric contou que a maior tensão passou a estar concentrada entre Estados Unidos e Japão.
   Com os dois bombardeios nas cidades de Hiroshima e Nagasaki, o Japão se rendeu e os países Aliados venceram. Com isso, o nazismo e qualquer tipo de ato ou símbolo ligado a ele, passou a ser considerado crime, com a consolidação dos direitos humanos depois da criação da ONU. Esta, apesar de seus problemas, tenta ajudar as vítimas do holocausto a se restabelecerem na sociedade de modo que a perseguição não ocorra novamente.
   Os boatos de que nós, judeus, deveríamos fazer a Aliyá, ou seja, voltar para a nossa Eretz Israel, havia começado desde o século XIX. E a ONU dizia que ajudaria na construção do estado de Israel, onde poderíamos viver pacificamente, onde todos os judeus estariam reunidos, assim como antigamente. O problema é já existem outros povos morando lá, que também não devem gostar muito da gente. O medo de sermos perseguidos de novo surge em minha mente e me pergunto:

   "Meu Deus, por que tanto ódio, tanta perseguição, tanto sofrimento? O que fizemos de errado?"

   Meu pai estava pensando na possibilidade de ir para lá. Gostaria muito de morar neste lindo país, com pessoas como eu, que não me detestam e nem me xingam de "rata imunda", mas sentiria falta de Eric e esse seria o grande obstáculo. Além do mais, a família dele pretendia voltar para a Alemanha, mas por enquanto isso não seria possível, já que o país se encontrava destruído pelas bombas. Eles voltariam logo que o país estivesse reconstruído. Às vezes penso que preferia não sentir tanto, pois o amor só causa dor e disso eu já estou farta. Eu queria poder controlar os meus sentimentos.

   × × ×

  Um bom tempo se passou. Agora que a Guerra tinha terminado, eu já havia completado 22 anos. Eu e meu pai ainda estávamos morando em Varsóvia, mas agora em uma vila mais afastada da cidade. Eric e seus pais ainda moravam na mesma casa. Uma vez por mês eu pegava um bonde e ia até a cidade para visitá-lo. Ele mandava também cartas para mim, dizendo que algum dia gostaria de vim visitar minha vila.
   Era primavera e eu cheguei com um vestido novo que eu mesma havia costurado. Sentei no banco e como de costume, comecei a ler meu livro esperando pelo meu amigo amado. Para não correr o perigo de outros alemães fazerem alguma coisa comigo, sempre nos encontrávamos em um parque que ficava mais vazio.
   Ele chegou e me cumprimentou.
   – Estava com saudades.
   – Também estava, mas é que não é sempre que posso pegar o ônibus, Eric. A passagem é cara, e lá na vila estamos passando por grandes dificuldades.
   – Entendo. Estou ainda de ir te visitar lá. Prometo não tardar.
   – Tudo bem. Eu fico no aguardo. Eric, preciso te falar algo.
   – Diga.
   – Eu estava pensando em me mudar para Israel com meu pai. Sentirei muito sua falta, mas não tenho como mais ficar aqui. Lá teremos uma vida melhor.

   Ele segurou minha mão com o olhar triste.

   – Me perdoa Hannah, me perdoa, eu deveria ter te ajudado mais. Sei que vocês ainda estão passando por muitas dificuldades e isso é tudo culpa de nós, alemães, eu não estou te dando tanto amor quanto você merece. Não vá, por favor.
   – Não, Eric, você fez muito. Não se sinta triste, nada disso é sua culpa. Mas entende que é o melhor para mim e meu pai? Eu não posso ficar dependendo de você, e além do mais, acho que nós dois juntos não daria certo. Você parece ter medo de assumir para o mundo que gosta de mim. Como quer que eu fique aqui?
  
   Ele assentiu e compreendeu o meu lado. E enquanto estava falando começou a chorar.

   – Você tem toda razão, Hannah. Eu não sou tão corajoso quanto você. Tenho medo do julgamento dos outros, sou um completo idiota. Eu te amo, minha Hannah, mas você merece uma pessoa melhor do que eu.
   – Meu querido Eric, eu só mereço você, pois também te amo! Apenas prometa fazer de tudo para ficarmos juntos e eu darei um jeito.
   – Eu prometo... Eu prometo!

   Ele estava agora chorando de emoção, com um belo sorriso no rosto. Fiquei bem mais feliz e enxuguei suas lágrimas, lembrando das vezes em que ele enxugou as minhas quando eu estava nas profundezas do desespero.
   Dessa vez em que ele me beijou foi o melhor e mais longo beijo, porque antes dele tínhamos expressado todas as nossas verdadeiras emoções e agora sabíamos que nos amávamos de verdade. Quem diria que com meus plenos 22 anos eu já tinha achado o amor para toda a minha vida...

   – Vou embora com você, quero conhecer sua vila e acabar com a sua espera de uma vez.
  
   Nós dois rimos um pouco.

   – Tudo bem então...

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