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O desconforto estava exposto nas ações e expressões de ambos. Jimin estava tão nervoso, que quando foi passar o café quase deixou cair água fervente em suas mãos.
Eles queriam ser como antes, capazes de conversar sem aquele clima estranho, parecia que não se encontravam à séculos, quando eram apenas nove anos.

ㅡ Acho que devo começar? ㅡ ela perguntou apertando os dedos, e suspirando. De fato, queria evitar aquilo, mas não podia ficar sem se desculpar.

ㅡ Jiehua, tudo que deveria dizer a você foi esquecido naquele dia. ㅡ Foi sincero, embora remoesse o passado, era impossível lembrar de cada palavra que deveria ter dito.

ㅡ Sinto muito pela atitude da minha filha, acho que é por onde devo começar, né? Ela não sabe nada, não deveria se meter em nossos assuntos.

ㅡ Entendo que guarda rancor, mas nem me conheceu ㅡ serviu café e tortinhas para ela. ㅡ No mínimo, é estranho uma garotinha te ofender sem ter feito nada.

ㅡ Agora entendo como se sentiu. Fui imatura embora mais velha, eu quem deveria controlar minhas paranóias.

ㅡ Quando iria me contar que tinha uma filha? ㅡ claro, não era o que desejava saber, mas que começassem pelo mais fácil.

ㅡ Antes de nos conhecer, ela já era nascida, eu fui mãe precoce. Meus irmãos não eram neuróticos sem motivos.

ㅡ Ela ficava com o pai?

ㅡ Não, ele a tratou como bastarda desde o início. Foi bruto comigo e depois fugiu ㅡ sorriu envergonhada.

ㅡ Bem, ele foi um idiota. Perdeu pessoas preciosas ㅡ pegou uma tortinha, antes de continuar: ㅡ Fico feliz que esteja andando...

ㅡ Sim, foram alguns anos já que os músculos atrofiaram ㅡ ela tocou a coxa por cima do vestido e apertou ali. ㅡ Foi um processo doloroso, no entanto, tive muitas motivações.

ㅡ Sempre confiei que conseguiria ㅡ abaixou o rosto, sem saber o que diria depois.

A mulher a sua frente, não era sua amiga, sua Jiehua. Era estranho, ele a conhecia e ao mesmo tempo não ㅡ pouco sabia sobre ela, e foi assim desde o início.

ㅡ Continua a dançar?

Aquela era uma pergunta que se pudera, evitaria. Jiehua desistiu de tentar quando suas pernas não mexiam, já ele o que fizera? Apesar de ser capaz, não o fazia. Correra do palco.

Maldita vergonha que o tomava, e enrubescia!

Como poderia dizer? Talvez ela já soubesse, e o julgava em seu interior. Não importava, era sua vida e não poderia exigir que seguisse o sonho que não era seu. Dançar ballet, nunca fora o que almejara no final.

ㅡ Voltei recentemente ㅡ respondeu seco.

ㅡ Fiquei triste quando fui ao teatro ver um "Jimin" dançar e não era você. ㅡ Sorriu triste, a culpa aumentando a cada mísero segundo.

Não queria magoar o amigo, mas estava tão abalada quando tudo aconteceu e ouvir que tudo estaria perdido era tão ruim. Escutou o médico afirmar que suas pernas não a manteriam de pé, ao menos não para dançar.

Quando seu corpo colidiu com o chão, tudo que sua mente repetiu era: "Tudo está acabado, eu fracassei. Agora serei lembrada como um fracasso."

Seu corpo doía tanto, o coração descompassado. Ainda sentia-se assustada pelos flashes que a pouco dispararam contra eles. Era suposto que houvesse silêncio no teatro, e o público mantivesse seus olhares apenas neles. Não foi o que aconteceu quando aqueles curiosos entraram naquele lugar.

ㅡ Infelizmente, não terão outras vezes senhorita Jiehua ㅡ o conhecido que atuava naquele hospital, a desacreditou. ㅡ O palco é um lugar onde deverá manter distância pelos próximos anos, se forçar demais não voltará a andar novamente.

Assustada, se recusou a olhar para qualquer outra pessoa que entrasse no quarto. Isso irritava as enfermeiras, por as ignorar quando perguntavam sobre seu bem-estar.

ㅡ Eu a avisei, Jiehua ㅡ o irmão gritou irritado. ㅡ A dança é uma maldição para nossa família! Papai foi embora para tentar ser um bailarino e nos abandonou, vovó morreu em uma viagem até uma audição e agora você...

ㅡ Não é minha culpa.

ㅡ Então é de quem? ㅡ o rosto de seu irmão estava vermelho. A preocupação e raiva crescendo no peito. O tomando.

ㅡ Calma, Hyun ㅡ o mais velho o puxou pelos ombros. ㅡ Foi um acidente, ninguém teve culpa. A Jiehua vai voltar a andar e vamos a apoiar, tudo bem? ㅡ suspirou vendo o outro negar.

ㅡ Eu nunca apoiei essa ideia maluca de "ganhar a vida" com dança ㅡ seus ombros caíram. ㅡ Ela tem uma filha para cuidar, tá? Não se esqueçam que a menina precisa de estabilidade.

ㅡ Hyun, nós cuidamos disso, e você apenas se preocupe com os seus estudos. Jiehua e eu, estamos cuidando da menina, você sequer ajudou.

ㅡ Pare de tagalerar como se eu não estivesse aqui, droga ㅡ bateu as mãos no colchão fino. ㅡ Me deixem descansar um pouco, depois resolvemos as coisas.

ㅡ Mas não o culpo, metade disto é minha culpa... Eu não deveria tê-lo acusado por ser responsável pela queda, quando eu hesitei ao me assustar com aqueles homens.

ㅡ É natural querer achar um culpado pelos nossos problemas e dores ㅡ afastou a xícara dos lábios, tremendo um pouco ao que a deixou na mesa de centro. ㅡ Naquele momento o mais óbvio era eu, e por um tempo acreditei que fosse.

ㅡ Queria ter te procurado antes e pedido desculpa ㅡ a voz magoada. ㅡ Mas eu não havia me perdoado e fui egoísta em tudo.

ㅡ Não se culpe quando também fui covarde, fugi quando me procurou. ㅡ Sorriu, ambos ficariam naquele jogo de "eu também tenho culpa," e tinham um pouco. Não pelo acidente, mas por não se desculparem antes e fugirem daquela conversa.

ㅡ Sinto muitíssimo. Sei que é um pouco tarde, mas quero meu Jimin de volta, entretanto, acho que é impossível por agora. ㅡ E estava certa. Como dois amigos retornariam ao que eram?

ㅡ Não podemos ser como antes, noona ㅡ foi verdadeiro. ㅡ Mas podemos tentar ser amigos como agora ㅡ se animou. Ambos sabiam que o perdão próprio deveria ser praticado antes de se aproximarem. Que mesmo que Jiehua perdoasse a Jimin, e ele a ela, não conseguiriam manter contato se odiassem a eles mesmo pelo passado. ㅡ Se me desculpar também, porque ambos falhamos em nossa comunicação.

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Mais tarde, se conseguir editar a outra att, eu volto com mais 😊

DANCER • JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora