Capitulo 04

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  • Dedicado a Simone Camargo
                                    


Música do capítulo: Best of me – Christina Aguilera

* * *

Mia

Nunca quis incomodar.

Sabia que estava fazendo isso ao morar com André. Não que ele demonstrasse isso em algum momento, muito pelo contrário. Era uma delícia estar com ele. Sentia uma paz que há muito tempo não sentia.

O problema era que sua namorada a odiava. O sentimento era recíproco, mas não podia evitar o sentimento que a cada dia na casa dele, estava atrapalhando ainda mais seu namoro.

Além disso, estava desenvolvendo sentimentos por André que não deveriam estar ali. Talvez fosse porque ficou muito tempo dependente de alguém e agora estava sozinha. Ou talvez apenas fosse o sentimento de posse com o amigo e estava confundindo tudo. Ou a convivência.

Sentia tanta falta da Cami. De ter com quem conversar e poder entender tudo o que estava acontecendo na sua vida. E como conversar com André quando todo seu sentimento envolvia ele?

Quando as coisas estavam começando a ficar fora de controle, bolou um plano: ficaria longe, muito longe de André. Ele é seu melhor e único amigo, assim manteria. Além disso, ele tem namorada.

Isso já é motivo suficiente para ela ficar longe dele.

Seu plano funcionou perfeitamente por um tempo. Como normalmente chegava em casa muito antes dele, era fácil se trancar no quarto ou até mesmo ficar vendo televisão na sala, até o horário que sabia que ele chegaria. Assim não teria problemas com que estava sentindo, muito menos com a namorada dele.

O único problema foi naquele bendito dia, em que completaria seis meses da morte da Cami.

Sentia-se sozinha, frágil e precisava desesperadamente do colo de seu amigo. Ficou, inclusive, na sala esperando ele chegar em casa. Como não esperava ninguém, vestia seu moletom cinza e uma regata rosa de ficar em casa enquanto assistia A origem dos Guardiões, comendo a segunda caixa de Bis, quando André entrou no apartamento acompanhado de Julie.

Sem graça por não ter precavido a vinda dela.

— Ora, ora! Quem está aqui. Tudo bem Mia?

— Bem Julie, e você?

— Ótima!

— Oi Dé.

— Oi Mia — ela não conseguia sentir o olhar dele queimando ela. Queria pular em seus braços para que ele dissesse que vai ficar tudo bem e que ela não foi à culpada pela morte da amiga, mas não poderia fazer isso. Além de não entender, seria desrespeitoso para Julie.

Mia inventou uma desculpa qualquer e foi para seu quarto depois de arrumar a bagunça que havia feito na sala, sumindo com qualquer resquício de Bis que havia comido. Sentando na cama, sentiu-se derrotada.

Nunca precisou tanto de seu amigo como naquele momento. Tomou outro banho para disfarçar o barulho de sua frustração, enquanto as lágrimas escorriam junto com a água do chuveiro. Quando, finalmente, desistiu de sua auto piedade, deitou para que sono viesse rápido, mas não conseguiu. Logo escutou a namorada do André compartilhando para Mia e para o resto do prédio, o quanto ela e André poderiam ser sexualmente barulhentos.

Nada poderia ficar pior naquela noite não é mesmo?

Bufou inconformada e fez o que todo incomodado deveria fazer sempre: se retirar.

O tipo certo de amor (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora