Ela estava lá de novo, com aquele vestido longo branco, segurando um par de sandálias, sua pele era morena e não tinha cabelo, sempre que pensava nisso me questionava se foi por opção ou se ela tinha perdido, olho para si uma última vez e ela sorri pra mim, um sorriso sincero e caloroso.
- Tá na hora de acordar.
Acordo quando as luzes se acendem, fortes e constantes sobre meus olhos, eu queria tanto poder ficar naquele sonho mais um pouco, ele era meu único momento de paz.- Te trouxe uma coisa. - Um projetor desce pela parede revelando que era hora da aula. – Sua favorita, história.
Levantei da cama ainda de pijama e me sentei em minha mesa de estudos começando a prestar atenção na aula, tentando me esquecer de todo o resto enquanto foco toda minha atenção na Revolução Russa.Depois de três horas de aula o telão de recolheu e a portinhola por onde passava a comida se abriu, revelando meu café da manhã e um copo de suco de laranja.
- Algum pedido especial para o almoço?
- Poderia me trazer um doce? – O silêncio reinou do outro lado dos alto falantes do quarto. – Por favor?
- Coma tudo, vou ver o que consigo.
- Obrigado.
Nos últimos anos tudo o que eu faço é estudar e conversar com uma voz nos altos falante do quarto, não tenho controle de nada por aqui, não posso escolher o horário em que as luzes se acendem ou se apagam, não posso controlar se quero aula ou não, ou de qual matéria eu quero assistir, não posso controlar o que eu como, nem mesmo o meu tempo no banheiro sou eu que controlo é só demorar um pouco que já aparece um alto falante perguntando se eu estou bem ou não, a única coisa que eu realmente tenho controle nesse quarto é com o que eu sonho, mas não tenho como imaginar tanta coisa nos meus sonhos, porque também não conheço muita coisa.
- Você parece aérea?
- Não me sinto bem, tá muito quente aqui.
- A temperatura está baixa, suba na plataforma, farei sua leitura.
Subi na plataforma colocando as duas mãos sobre a barra de ferro, sempre me assusto quando o tubo fecha a plataforma me prendendo lá dentro, me deixa assustada como se estivesse sendo enterrada.Quando o escaneamento terminou, sou aconselhada pela tela a me deitar por conta de febre, mas o que raios é febre.
- Sua temperatura corporal está alta, o que está indicando um provável choque em seu sistema interno, e melhor que se deite até que ela se normalize, se sente cansada?
- Não.
- Que pena, porque então terei que te colocar para dormir.
Uma fumaça começa a ser emitida pelos pontos de ar no teto do quarto me fazendo me sentir sonolenta, volto para cama e me acomodo debaixo dos lençóis enquanto me sinto cada vez mais sonolenta.
- Boa noite querida.
Acordo com o som de vidro se quebrando, o quarto inteiro treme tirando todas as coisas de lugar, meus livros começam a cair das prateleiras enquanto minha cama parece se mover involuntariamente.- O que está acontecendo?
- Por favor vá a plataforma e se acomode na maca.
Faço o que ele manda, e me prendo na maca suspensa sobre a plataforma pela cintura e o tubo se fecha, a mesma fumaça de mais cedo preenche todo pequeno espaço assim que estou fechada, aquilo estava me deixando aterrorizada.- Estou com medo.
- Durma, tudo vai estar melhor quando acordar.
Fui gradativamente caindo naquele sono induzido enquanto todo meu mundo literalmente desmoronava.
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Me chame de Maya
Teen FictionQueria ser como essas pessoas com sorte, pessoas que a vida simplesmente acontece, e que parecem nem se esforçar para isso. Mas eu não sou assim, não nasci com essa sorte, pensando bem, talvez eu tenha nascido com ela, mas perdi, como perco tudo na...