Logo que cheguei a casa, corri para meu quarto e comecei a jogar o máximo de roupas na bolsa. Ainda era fim de tarde e resolvi sair para me "despedir" de Chloe e Dave. Por sorte, os dois estavam juntos em uma lanchonete do bairro. Fui até lá e comecei a contar tudo o que estava acontecendo até o último instante com Harry.
- Nós vamos com você também! - Dave levantou a voz.
- Eu não posso deixar vocês se arriscarem por mim, será perigoso. Nem sei quando volto ou se volto.
- Amigos são para isso, Scarlett. Nós iremos. -anunciou Chloe.
- Por favor, gente...Eu imploro, não vão. -insistia, pois sabia o quão seria perigoso.
- Vamos para casa agora e iremos para sua casa ainda hoje. Vamos, Dave! - Chloe se levantou. Eles estavam certos que iriam e nada do que eu dissesse mudaria a vontade deles, mas isso mostrar o quanto eram meus amigos e se importavam comigo e também que todos estavam loucos para tirar um recesso da faculdade.
- Tudo bem, espero vocês em casa. Sei que não mudarão de ideia.
- Então, até mais. - disse Dave.
- Até. - respondi e dei um leve sorriso para mostrar um pouco de alegria com a situação, mas eu não estava alegre. Não queria os ver se arriscando por mim.
Eles se foram e eu continue sentada na Snack Snacks. Pedi uma vitamina e logo viajei, pensando em como minha vida havia mudado, como tudo era diferente do que eu pensava. (...)
Anoiteceu e Chloe e Dave finalmente chegaram. Sem minha avó ver, subiram para meu quarto e deixaram as malas. Eu não queria que minha avó dormisse sabendo que eu, dentro de algumas horas, iria viajar para algum lugar perigoso e desconhecido, apenas com a compania de 2 amigos e 1 filho de um presidiário.
Na manhã seguinte, às sete em ponto, Harry chegou. Escrevi rapidamente um bilhete para a minha avó para que ela não se preocupasse. O bilhete apenas explicava que eu resolvi ir até o início da minha vida, saber minhas origens. Entramos no carro e fomos, 4 adolescentes sem a menor experiência com o mundo, arriscando vidas apenas para saber quem era a pessoa que ameaçava minha avó, que foi capaz de querer me matar e, principalmente, quem é minha verdadeira mãe.
Seguimos com o carro por uns 13 km. Chegamos em uma área deserta, com certeza estávamos em uma região serrana bem afastada da cidade. Já deviam ser umas 9:00hrs.
- Onde seu pai está preso? - perguntei curiosa.
- Bom, ele ontem me ligou avisando que havia fugido da prisão e agora está na Irlanda. - me respondeu intercalando a visão entre a estrada e meu rosto.
- Você sabe que há um pouco de oceano entre o Texas e a Irlanda, não sabe? - perguntou Dave.
- Ah, sério? Obrigada por avisar. Não sou bom em geografia e nem em olhar meu GPS. - revirou os olhos.
- É, engraçadinho? E como faremos para atravessar o Oceano Atlântico de carro?
- Se seguirmos meu itinerário a risca, chegaremos perto do porto de Houston um dia antes da partida de um navio que irá para a Irlanda. - dizia enquanto balançava a cabeça no ritmo da batida de Feel So Close. - Vamos até o porto de Houston e dormimos por lá mesmo.
- E as passagens? - Chloe perguntou.
- Isso, deixa que eu resolvo. - respondeu Harry.
- Mas você trouxe dinheiro suficiente para nos hospedarmos em um hotel? - questionei.
- Imaginei que não trariam dinheiro suficiente para se hospedarem em hóteis por noites, então trouxe 2 barracas de acampamento. - me respondeu Harry.
- Além de tudo você não sabe contar? Somos quatro, como faremos para dividir? - hesitei. - Isso tudo é um plano seu, claro. Para dormir comigo, mas eu não vou cair nessa! - apontei o dedo no rosto dele. Com uma mão Harry segurou o volante e com a outra abaixou meu dedo.
- Primeiro, você não me avisou que seus amigos viriam. Segundo, pare de se achar, não armei plano nenhum para dormir com você, trouxe a quantidade para quem viria, no caso, eu e você. Nos dividimos, ué. - voltou a mão para o volante.