Um Agradecimento Duvidoso.

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Acordei com uma lâmpada acessa em minha cabeça, uma brilhante ideia do que iria fazer no dia: um agradecimento em forma de carta e alguns biscoitos, pois comida sempre é bom.

Desci os degraus da escada de madeira em pulos e fui ao banheiro me preparar. Tomei uma ducha quente digna de uma apresentação de dança, uma de canto e uma amostra de meus poderes aquáticos.

Quando terminei, me sequei e com a toalha felpuda enrolada em meu corpo, escovei bem o cabelo prendendo ele com meu lacinho, terminei minha cerimônia matinal de higiene e corri nas pontas dos pés de volta ao meu quarto.

O dia anterior havia acabado comigo desmaiando na cama após uma ducha tão rápida que teve a única finalidade de tirar a terra e suor do corpo, passei uma boa camada pomada nos arranhões feitos pelos arbustos.

Coloquei minha jardineira azulada, uma blusa de cor chapada cinza claro que sem qualquer decote deixava a função de embelezar e chamar atenção exclusivamente para o macacão que possuía alguns pequenos detalhes no bolso da frente. Prendi melhor o cabelo, agora em um mal feito coque e fui para a cozinha preparar alguns biscoitos.

Como não tinha o menor conhecimento de se ele era ou não intolerante à lactose, decidi que seria muito melhor não arriscar colocar a saúde dele em risco e fiz uma receita perfeita que conhecia. Ter amizade com uma pessoa lacto intolerante acabou me fazendo aprender receitas para que todos pudéssemos nos divertir juntos sem que ela passasse vontade ou fosse excluída.

Quando terminei de preparar a massa, coloquei sobre a bancada fria de mármore e com o rolo de macarrão a estendi por todo o espaço com trigo salpicado para logo em seguida usar as forminhas que havia encontrado guardadas no armário como tamanho para os biscoitos.

-Está perfeito!- Coloquei com cuidado um por um na frigideira e a levei ao forno- Agora a carta!

Corri até o quarto onde destaquei algumas folhas de minha pequena agenda de capa dura e peguei uma caneta azul que estava jogada no cesto da sala e fui até novamente a cozinha onde vigiei os biscoitos para não os queimar e por fim comecei a escrever.

-Querido salvador?- Ponderei o começo- Nhá, ruim demais.

Andei em círculos como uma barata tonta até começar a ter as idéias do que escrever, deixando que meus sentimentos de gratidão fossem de meu peito para a mão para enfim ser materializado e solidificado no papel em uma escrita de cor azul.

Era curto, breve até demais para um agradecimento por salvar minha vida, mas eram apenas aquelas palavras que conseguiam expressar tudo. O ruim era que tudo aquilo mais parecia uma piada...

Para: O ser que não sei o nome

Obrigada por ter salvado minha vida ontem. Como não sei a maneira certa de lhe agradecer, optei por fazer uma carta, mas nem assim consigo fazer direito, porem dizer cara a cara tudo que sinto está fora de cogitação.

Bem, muito obrigada por não ter me matado ontem... Quer dizer, você salvou minha vida e talz e lhe agradeço muito por ter feito isso, mesmo que de uma forma bem suspeita... De qualquer maneira, obrigada por tudo e fiz biscoitos para agradecer pelos morangos. É nois.

Ass: Você não falou seu nome, logo não falo o meu.

-Ok, ficou estranho- Dei uma leve risada antes de dobrar o papel e começar a fazer outra, desta vez séria e formal. Deixei o bilhete real dobrado ao lado do que fiz primeiro.

Com o cheiro forte de biscoito voando no ar, abri o forno tirando a assadeira pelando de dentro. Deixei que eles esfriassem e quando se passaram cerca de alguns minutos, peguei um saquinho e uma fitinha que havia encontrado na cozinha, os coloquei dentro do saco fechando com um laço bonito e por fim passando a tesoura deixei que as sobras ganhassem curvas.

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