↪H O P E L E S S↩

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↪🌻💛↩

Hopeless

-- Prossiga. -- Min pediu, após um compasso de silêncio que Namjoon usou para ordenar as informações que transmitiria.

Passou a língua entre os lábios grossos e fez o que Min pediu, prosseguindo dizendo:

-- Existem duas formas de curar ou acabar com os sintomas da doença, ou até mesmo acabar com a doença em si. -- anunciou, direto, recebendo um olhar arregalado do Min junto de um silêncio que implorava para que o maior continuasse. -- Uma delas é fazer o sentimento unilateral tornar-se bilateral. Ou seja, ser correspondido pelo outro. Se Hoseok se apaixonasse por você também, as pétalas sumiriam na hora.

Min riu, sem humor algum, com desdém claro e descrença. Acabou por tossir em meio às risadas e um número considerável de pétalas escapou da sua boca diretamente para o chão. Sentiu a garganta arranhar, pensou ser por conta da crise anterior.

-- Ele é heterossexual, Namjoon. Nunca iria se apaixonar por mim. -- sentiu dor ao declarar a verdade, porém era inegável. Suspirou, cansado, olhando o maior com descrença da sua sugestão.

-- Você não pode afirmar isso sendo que o mesmo não confirmou nada. -- Contrapôs o Kim, astuto, ainda com algumas esperanças, positivo. Ele queria ajudar o amigo a todo o custo.

-- Namjoon, acredite, eu sou amigo dele à mais seis anos, sei de muita coisa. -- retrucou o cabelo menta, certo do que dizia, logo acrescentando: -- Eu sei de todas as vezes que ele transou com garotas e do quanto ele gosta de vagina. Ele até me pediu conselhos sobre como fazer oral e disse que adorou a experiência. Estou certo da heterossexualidade dele.

Acabou por tossir novamente ao sentir o coração apertar com o proferido. Lembrar das suas chances nulas era penoso demais para repetir a experiência. Na verdade, falar e aprofundar este assunto estava sendo uma tortura para o Min.

-- Ele pode gostar de garotos também. Ser bissexual, que nem você. -- o mais novo continuou a tentar, esperançoso. Tinha motivos para isso, era a sua maior esperança no momento para salvar o amigo dessa doença impiedosa.

-- Se ele fosse bissexual, ele teria me dito. Eu sou bissexual assumido para todo o mundo, inclusive ele. Se fosse para ser, eu com certeza saberia. -- finalizou com o seu último argumento, vencendo o debate. Conhecia bem o ruivo, ele confiava em si como um diário, assim como o pálido confiava igual nele.

Sentiu uma dor no coração por instantes ao lembrar-se disso. As pétalas voltaram a sair da sua boca e a garganta latejava e gritava por descanso, por uma pausa nessa tortura impiedosa. Sentia os pulmões doerem por conta do esforço para tossir, porém ignorou, como aprendeu a fazer com o tempo e habituação.

Tudo o que lembrasse Hoseok era doloroso, tanto para o corpo quanto para a mente.

-- Talvez ele nunca experimentou. Se você mostrasse a ele como é, talvez-

-- Namjoon, chega. Está feio já. Eu fiz a merda de acabar a amizade com ele, não tem mais volta. Essa opção está descartada logo de cara. -- Yoongi calou o outro. Pensar e falar de Hoseok assim era como uma tortura para o pequeno. Estava sinceramente farto, só queria parar de falar de Hoseok diretamente. -- Me fala logo os outros dois jeitos de curar essa merda.

Namjoon engoliu em seco, sentindo o coração apertar dentro do peito. Ele sabia mais do que Min, sabia que aquela era a sua esperança, o seu escape, o meio preferível para resolver o problema. Suspirou com pesar, prometeu pesquisar todos os meios possíveis e revelá-los ao Min. Teria que cumprir a sua promessa, quisesse ou não.

-- Eu conheci um cara chamado Kim SeokJin. Ele é médico cirurgião e estudou vários distúrbios e doenças ao longo do seu tempo na Universidade. -- revelou, após longos segundos de silêncio, lembrando-se do novo amigo com quem teve o prazer de trocar algumas palavras.

Talvez não só palavras.

-- Certo. E porque você está falando do seu peguete? -- o pálido revirou os olhos fortemente, desacreditado, e claro, tossiu novamente e mais pétalas caíram ao chão. Não era suposto o maior estar ajudando ele em vez de sair falando das suas conquistas? -- Não tira uma com a minha cara, Namjoon.

-- Você poderia me deixar terminar, caralho? -- O maior bufou. Pirragueou e continuou a sua explicação: -- O SeokJin hyung estudou e cuidou de alguns casos de Hanahaki que aconteceram. Ao que parece são bastante raros e únicos os casos. Ele me explicou como tratou de alguns casos e aproveitou para me falar um pouco mais sobre a doença no contexto real, fora dos livros e tudo o mais.

-- Pare de enrolar, está me deixando nervoso, Namjoon! -- foi a vez de Min bufar, impaciente. O pé esquerdo batia freneticamente contra o chão, já coberto de pétalas no momento, e os dentes pequenos afundavam fortemente no lábio inferior bastante avermelhado. As mãos apertavam firmes o colchão da cama e o olhar esperançoso, porém sofrido, era direcionado a Namjoon.

Tossiu novamente e sentiu algo de diferente. Porém ignorou e fingiu não notar. Estava com o psicológico abalado demais para se tornar paranóico e pensar em todo e qualquer detalhe.

Não queria enlouquecer de vez.

-- Okay, okay. -- levantou as mãos anunciando a sua rendição e suspirou. -- SeokJin me falou de uma cirurgia que retira todas as flores do seu corpo e acaba de vez com as pétalas e todos os sintomas da doença. Você faz a cirurgia e tudo acaba. É efetivo.

Yoongi sorriu, talvez o primeiro sorriso sincero em muito tempo. Pegou a mão do amigo e apertou-a, forte, os olhos felinos brilhando em esperança. Sentiu o coração acelerar e pular brevemente de felicidade com a notícia, o próprio corpo pulou um pouco no lugar.

Um fim para este martírio? Um final possível? Estaria ficando louco de verdade?

-- Namjoon, isso é incrível! Porque não falou isso de primeira? -- Fitou o maior, incrédulo, não entendendo porque esta não foi a primeira sugestão do mesmo, já que teria poupado bastante saliva e tempo a ambos os homens.

O Kim olhava o Min e sentia profunda e triste pena. Era lastimável, doloroso. Era penoso ver o sorriso e a animação do menor perante a nova luz esperançosa que apareceu no seu caminho depois de tanto tempo em sofrimento por conta da sua condição atual. Engoliu em seco e suspirou com pesar. Odiava saber que a felicidade do menor era temporária e acabaria assim que abrisse a boca. Olhar para ele era como acertar um soco no próprio estômago.

Uma cena de dar pena.

-- Esse método tem um porém pesado, Yoongi. -- viu o sorriso do outro desaparecer lentamente e o próprio coração parar por momentos. Sentia-se de alguma forma culpado, odiava a situação, odiava o momento, odiava o que estava a acontecer com o amigo. Estava a odiar cada segundo e isso era doloroso para alguém tão pacífico e amante da vida quanto Namjoon. -- Na hora que acordar da cirurgia, sem qualquer flor no corpo, você não vai lembrar de nada que esteja relacionado a Hoseok. Não vai lembrar de Hoseok e não terá lembrança alguma dele ou de momentos com ele. Vai ser apenas uma carcaça seca, vazia, sem nada. Além que poderá não conseguir mais voltar a sentir nenhum sentimento relacionado ao amor.

Era bom demais para ser verdade, Yoongi pensou.

-- Claro, porque nada que é bom pode acontecer comigo. Tem sempre que ter a porra de uma bomba dentro do presente de aniversário. -- passou as mãos nos cabelos menta, fechou os olhos e suspirou, longa e demoradamente.

Ele só queria sentir esperança, apenas e somente isso. Queria ver-se livre do fardo que tem acompanhado as últimas semanas da sua vida e que tanto tem atrapalhado a sua rotina, antes perfeitamente normal e monótona como qualquer outra, agora baseada na necessidade constante de esconder-se dos outros para poder assistir sozinho ao seu próprio fim. Desejava ser livre, ter de volta a sua amada liberdade a qual não aproveitou o suficiente até perdê-la e ver tudo voltar à normalidade.

Queria recuperar Hoseok. Queria Hoseok de volta.

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Your Flowers ; YoonSeokOnde histórias criam vida. Descubra agora