↪B E G I N↩

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"As rosas amarelas de Hoseok estavam matando Yoongi lenta e dolorosamente"

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Hanahaki desease: doença literária e fictícia onde a vítima tem o corpo invadido por flores, no interior de seu corpo, em específico. As flores procuram sempre uma saída, a via oral é a mais comum. As pétalas ou flores saem pela boca sob a forma de tosse, cuspe ou vômito. É resultado de um amor unilateral não correspondido. As flores que invadem o interior do corpo da vítima são as favoritas da pessoa amada. A doença pode levar ao óbito, visto afetar os órgãos vitais, como os pulmões e coração, que são entrelaçados pelas flores e espinhos que adornam os longos caules que apertam fortemente os órgãos. As plantas são metáforas para sentimentos presos no interior da pessoa.

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Begin

O sorriso radiante em formato de coração era radiante como o sol. Toda a aura de Hoseok remetia a um forte e brilhante amarelo, ou ao menos era o que Yoongi pensava. A felicidade constante, o espírito jovial e positivo, a atitude firme e alegre perante as adversidades da vida, tudo significados que nos levam ao amarelo, que nos levam a Jung Hoseok.

Yoongi entendeu depois porque rosas amarelas eram as favoritas de Hoseok. Ele mesmo era como uma bela e delicada rosa amarela numa roseira única e rara repleta de pétalas amareladas e radiantes como um sol de verão.

Nunca pensou vir a odiar tanto amar uma flor.

De início, tudo parecia confuso, surreal.

Afinal, não é todos os dias que se tosse e vê-se escapar da boca pequenas e delicadas pétalas de rosa com uma coloração reluzente e amarelada, vibrante. Pensou estar louco, alucinado. Chegou a beliscar forte e rude a pele do próprio braço e nada mais sentiu além de uma dor aguda e um gemido sôfrego escapar de entre os lábios junto de mais uma pétala de rosa. Nada sentia ao escapulir as pétalas por sua cavidade bocal. Completamente indolor, insignificante, quase parecia que sequer estava a acontecer de verdade. Uma bela mentira, uma ilusão. Talvez um sonho bastante surrealista e inebriante que fez o Min se afundar profundamente no oceano que era esse sonho.

Ó sim, estava completamente errado.

Era real. Tão real quanto ele. Tão real quanto a cena que passava diante dos mirantes confusos e intrigados. Tão real quanto o amor que sentia pelo causador dessa condição. Tão real quanto as pétalas que enfeitam o chão do banheiro de seu quarto e o fundo branco e cerâmico da pia.

Respirou fundo e encarou profundamente as próprias íris no seu reflexo do espelho. Franziu o cenho, semicerrou os olhos, arregalou os mesmos e suspirou longa e demoradamente. Voltou a cobrir os mirantes com as pálpebras e baixou a cabeça, as pálpebras fitando a pia de cerâmica. Não podia fazer muito numa situação dessas. Ou estava louco ou drogado. Talvez não devesse ter bebido aquelas garrafas de soju junto de Hoseok e Jimin. Foram quantas? Três? Ó sim, claramente estava bêbado! Que mais motivo existiria para estar a ver pétalas de rosa a escaparem de entre seus lábios?

Você estava tão enganado, Min Yoongi.

Não questionou mais. Recusou-se a pensar nesse assunto por mais algum segundo que seja. Estava bêbado, não era? Não valia a pena, certo? Era só mais uma ilusão de bêbado. Sim, era isso.

Tinha que ser isso.

Rumou em passos atrapalhados em direção à cama de casal. Sequer pensou em retirar as roupas do corpo, manchadas de comida e soju, ou dar fim aos sapatos. As pernas pareceram perder a força quando se viu perto da cama e sentiu o corpo cair sobre o colchão e afundar por entre os lençóis que o cobrem. Os braços abertos para os lados, joelhos dobrados na borda do colchão, a respiração tomando um ritmo cada vez mais lento até ser quase imperceptível e um último suspiro.

Adormeceu, ignorando as pétalas amarelas no fundo da sua pia e as que viriam proximamente.

Ó sim, não demorou para voltarem.

Desta vez não havia escapatória possível ou uma desculpa plausível que justificasse o ocorrido. A mente estava totalmente sóbria e a sanidade mental do Min estava assegurada e estável. Engoliu em seco enquanto encarava fixamente as pétalas amarelas entre seus dedos longos e pálidos, que agora tremiam, muito, imensamente, por conta do choque. Na própria cabeça tentava criar mil e um motivos farsantes para justificar as peças delicadas em suas mãos. Corriam e corriam, os pensamentos corriam e aceleravam por entre as estradas das hipóteses e teorias como carros de corrida desgovernados, mas nada parecia fazer sentido no momento.

Como explicar? Como explicar o porquê de saírem pequenas e frágeis pétalas de rosa pela boca de Min sem qualquer sensação dolorosa ou incômoda? Como não sentir as estruturas da sanidade mental, antes firmes e seguras, serem abaladas e derrubadas depois de um ocorrido desses?

Sentiu a respiração se alterar, conjuntamente com as batidas cardíacas e ritmo de pensamento. O coração batia desenfreadamente contra a caixa torácica como se tentasse criar uma buraco ali para escapar do sufoco. Os pulmões se enchendo cada vez mais mas parecendo não ter mais espaço para deixar ar entrar. Apertava forte o tecido fino da blusa entre os dedos enquanto, em meio a todo o pânico que estava a sentir, os pensamentos e questões corriam rápido por sua mente, tão desgovernados, sem rumo, sem sentido, procurando uma saída, um escape, uma válvula para aliviar a pressão ali dentro.

Min Yoongi entraria em colapso a qualquer momento. Pânico.

Engoliu em seco quando o que mais queria era cuspir tudo para fora. A vontade estava muita no momento, parecia uma necessidade vital fazê-lo. Respirou fundo com todas as suas forças e parou. Não soltou o ar durante longos segundos, estes que deram a oportunidade à mente alarmada e desgovernada de Min para reorganizar tudo e voltar à normalidade, assim como ao coração e pulmões. Soltou o ar todo num longo e doloroso suspiro antes de abrir os olhos -- que sequer lembrava ter fechado -- e fitar novamente as pétalas ainda em suas mãos.

Algo, definitivamente, não estava bem.

Precisava de ajuda ou entraria em colapso nervoso muito em breve.

Estaria ficando louco? Ou estavam mesmo pétalas amarelas em suas mãos e elas tinham mesmo acabado de sair de sua boca?

Gritou o nome da primeira pessoa que pensou poder prestar-lhe a ajuda adequada no momento. O mais sábio de seus amigos e companheiros.

-- Namjoon!! -- gritou bem alto, a voz exalando puro e genuíno desespero. Notou a rouquidão da mesma e o quanto estava falha. Sentiu-se surpreendido, estava pior do que imaginava.

Ouviu as passadas pesadas do mais alto e a porta ser aberta rápida e bruscamente, a figura alta e máscula adentrando o cômodo com um semblante preocupado e intrigado decorando o rosto jovem. Os mirantes escuros encontraram a figura pálida e pequena de Yoongi ajoelhada no chão, suas mãos caídas no piso decorado com pétalas amareladas espalhadas perto do corpo alheio. Demorou um pouco para Yoongi levantar a cabeça e o seu olhar, desesperado e procurando por ajuda, encontrar o admirado e chocado do Kim mais novo.

-- Por favor, Namjoon, me ajuda! -- seu pedido soou mais como se estivesse a implorar, em prantos, perdido. Dava leves soluços como uma criança assustada e tinha as mãos erguidas no ar com as pétalas nas palmas, como que mostrando ao mais alto o ocorrido. -- Eu não estou louco! Eu cuspi essas pétalas. Elas saíram de mim, Namjoon! O que está acontecendo comigo? -- a voz ousou quebrar com a última pergunta, sôfrego, medroso.

Ele era uma criança assustada perante mais uma partida maldosa e impiedosa da vida.

Quantas mais coisas teria ela planeada para o pequeno e indefeso Min?

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Your Flowers ; YoonSeokOnde histórias criam vida. Descubra agora