Oito anos depois...2018
Tento andar mais rápido que posso. Olho pela milésima vez para o céu e encontro as nuvens cinzas, anunciando que logo mais breve cairia um temporal. A chuva me apavora e com os pingos d’água, as trovoadas, me trazem recordações desagradáveis, que prefiro esquecer do que relembrá-las.
Paro de andar e olho para a loja de crianças, na vitrine há vários brinquedos de criança, sorridente, lembro-me de Jiwoo, minha irmã caçula.Se eu conseguir juntar dinheiro, talvez eu possa comprar um novo urso de pelúcia para ela, sorriu ainda mais com o pensamento. Aquela pequena é tudo para mim, é a força que me faz levantar todos os dias e querer algo melhor para o futuro, nosso futuro.
É também por ela e minha mãe que ainda não fui embora e continuo a suportar papai e seus abusos. Mas nem sempre foi assim, tudo começou há alguns anos quando papai perdeu o emprego. E depois de algumas tentativas frustradas, ele não só abandonou o mercado de trabalho em geral, como também deu as costas para as suas responsabilidades de chefe da casa e começou a beber.
Hoje, alcoólatra, ele usa maior parte do dinheiro que ganhamos para alimentar seu vício com a bebida. É por essas e outras que sempre temos desavenças e cada dia nossa convivência piora.
Às vezes me pergunto como mamãe ainda consegue conviver com ele. Não consigo me imaginar numa situação como essa. E é por isso, que para sustentar a casa, enquanto minha mãe faz os doces, eu os vendo toda semana para a senhora Kim, mas ainda é pouco para suprir nossas necessidades.Desvio meu olhar da loja e volto a andar, caminhando para a padaria da senhora Kim, onde deixarei os doces. Seguro com força a cesta de doces com uma das mãos e com a outra, abraço o casaco, protegendo-me como posso do vento forte – característica climática notória da chegada do inverno em Nefarez, que são os piores meses para mim.
Paraliso no meio da calçada ao ver passando por mim o carro real – de janelas abaixadas – lá estava o rei no banco traseiro do veículo. Fico surpreso por ver o monarca, que há tempos não se mostrava ao povo.
Lembro-me como se fosse ontem, depois do casamento do rei Jeon e da rainha Akira, há oito anos, tempos felizes vieram para todo o reino, até que há três anos, o antigo rei Hwan, pai de Jungkook, faleceu após sofrer um infarto enquanto dormia. Seu caixão foi enterrado ao lado da sua esposa, rainha Konno, falecida poucas horas após dar à luz ao príncipe herdeiro, onde teve uma parada respiratória.
Alguns meses depois da morte do rei Hwan, o príncipe Jungkook tornou-se oficialmente rei de Nefarez e trouxe consigo o novo reinado e a alegria para o povo ao noticiar que a rainha Akira esperava a primeira herdeira do casal. Jeon Nari Gi uma bela e saudável menina nascera da união entre os monarcas e o país festejou em nome da princesinha. Porém, tudo não durou mais que algumas horas, pois fomos surpreendidos pela trágica notícia de que à rainha Akira falecera. Foi um choque para todos. Parecia que a história se repetirá mais uma vez
Depois do trágico acontecimento, o rei isolou-se no palácio, nem para as aparições públicas ele saia.
E, então, porque justo hoje ele está fora dos grandes muros do palácio?
Por um segundo, meus olhos se prendem ao seu rosto de perfil e por mais belo que ainda seja, é visível a mudança em seu semblante – mais velho.Volto a andar e logo entro na padaria, onde encontro a senhora Kim, que já me esperava.
— Aqui está a sua encomenda. — dou um sorriso enquanto entrego a cesta com os doces. A senhora sorri de volta distraindo-se em conferir a encomenda em suas mãos.
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Vendido Para o Rei - Versão Jikook
FanficADAPTAÇÃO Vivendo de maneira precária junto à sua família, Park Jimin ajuda a manter o sustento de seu lar com a venda de doces que sua mãe confecciona. Porém, o dinheiro que ele consegue mal dá para pagar dívidas da família e para completar, seu p...