As luzes das casas já se apagavam. As pessoas trancavam as portas e janelas, com medo de que o temido assassino que fugira recentemente resolvesse dar as caras novamente. O céu ficava cada vez mais escuro, a noite já tomando conta de tudo. Ninguém, ao menos nenhum trouxa imaginaria que lá em cima, além das folhas das árvores, uma jovem de cachos castanhos e olhos tão escuros que quem os olhasse por muito tempo poderia acabar se perdendo neles, estaria voando em cima de uma Nimbus 2001. Com o nariz e bochechas rosados por conta da brisa fria que batia em seu rosto, ela mantinha uma expressão feliz, não parecendo ligar. Adorava aquela sensação de liberdade, do vento jogando seus cabelos para trás, como se nada nem ninguém a prendesse, como se fosse verdadeiramente livre. Voar era a única coisa que trazia esse sentimento a ela.
Um sorriso permanecia no canto de seus lábios apesar da curiosidade que fervia dentro dela. Alguns dias antes, ela tinha recebido uma carta de sua tia Narcisa, dizendo a jovem que voltasse para casa o mais rápido possível e que se ela preferisse um meio de transporte mais rápido, que usasse o pó de flu em uma das lareiras de Beauxbatons, o que a garota rapidamente recusou, odiava a sensação de enjoo que sentia sempre que usava aquilo, sem dizer que ela nunca recusaria a oportunidade de usar sua vassousa; mas desde então era apenas na carta que a garota conseguia pensar.
Quando finalmente começa a reconhecer o quão próxima da casa, ou melhor dizendo, Mansão dos Malfoy ela estava, direciona sua vassoura ao chão, planejando o pouso. Seus pés encostam suavemente no caminho de pedra na qual ela segue em direção a porta.
Levou sua mão em forma de punho e bateu três vezes na enorme porta de madeira escura, ansiosa para ver seu primo que, por mais irritante que fosse, considerava como um irmão. Ouviu então passos e vozes vindo em direção a porta. Já achando que, como dá ultima vez que viera em suas férias, quem abriria a porta seria o Elfo doméstico, Dobby, ela se surpreende ao encontrar os cabelos loiros, quase brancos de Draco.
Assim que o garoto coloca seus olhos na prima, a única coisa que ele consegue esboçar é surpresa, já que a única da família que sabia que ela iria voltar era Narcisa, sua tia.
-M-mas...como...o que está fazendo aqui?
Draco diz confuso e feliz por rever Cassiopeia. Mesmo que não fosse costume dele demonstrar sentimentos, principalmente afeto, ele confiava o suficiente em sua prima para isso. E então quando ela o abraçou fortemente, ele não hesitou em retribuir.
-É assim que dá as boas vindas a sua maravilhosa prima na qual você não vê a tipo... - a jovem faz uma pausa - 3 anos!?
Claro, para a maioria das pessoas, três anos distantes entre poucas visitas e trocas de carta com alguém, provavelmente faria com que elas se afastassem, mas não eles. Cassiopeia e Draco tinham uma conexão que ninguém conseguia explicar.
- Quem dera fossem três anos. Toda férias eu tinha que ver sua cara de novo, dessa vez achei que tivesse finalmente me livrado de você.
O loiro diz de maneira sarcástica, mas o grande sorriso ainda ocupava seu rosto e Cassiopeia apenas ri.
-Vamos entrar logo, precisa me contar quais merdas você fez enquanto estive fora.
A garota diz, pegando sua vassoura e mala. Ao passar pela porta, seus olhos focam na extensa sala. Não havia quase nada de diferente, apenas uma foto recente da família Malfoy e alguns objetos, provavelmente bem caros, mas tirando isso, era o mesmo cômodo que ela lembrava de estar aos onze anos.
- E onde está Tia Narcisa e Lúcio?
Ela anda pelo lugar, estudando as novas relíquias ali.
- Meu pai saiu a algum tempo, acho que foi resolver algumas coisas no ministério - Ele se joga em uma das poltronas ali - Minha mãe provavelmente já irá descer para te dar as boas vindas.
E assim que ele diz, passos são ouvidos da grande escada e uma mulher de cabelos castanhos com algumas madeixas brancas desce em passos lentos. Seu tom de pele, diferente do de Cassiopeia, era branco e pálido mas de um jeito que olhando de longe, parecia quase como a delicada porcelana.
Assim que Narcisa chega ao fim da escada, vai direto a sobrinha, abraçando-a.
-Querida, como você esta? A casa não foi a mesma sem você. Sei que deve estar cansada, mas precisamos conversar.
Ela diz um tanto quanto preocupada mas tentava não demonstrar, o que não deu muito certo já que Cassiopeia percebêra.
- Draco, querido. Leve as coisas de sua prima para o quarto dela, por favor. - ela se vira para o garoto, que pega a mala cor ferrugem e sobe as escadas a passos compridos, murmurando -provavelmente alguns palavrões - em voz baixa. - Cassiopeia, vamos para o escritório.
A garota percebe o quão importante era o assunto pelo tom de sua tia que geralmente era suave e doce, mas agora estava apreensivo. Cassiopeia nem ao menos quis corrigi-lá, dizendo novamente que preferia Cassie a seu nome completo. Não que ela não gostasse de Cassiopeia, ela adorava ter o nome de uma constelação e gostava de seguir a tradição dos Black, mas ainda preferia que a chamassem pelo apelido.
Cassiopeia seguiu a mais velha até um corredor, onde no fundo ficava o escritório de Lúcio. A garota nunca tinha entrado lá e sinceramente nunca teve vontade, era um dos lugares proibidos da casa e Deus sabe o que seu tio fazia ali, ele já conseguia ser assustador o suficiente sem que ela soubesse de seus segredos.
Quando Narcisa da espaço para a garota entrar, já se nota que Marrom e preto eram as cores predominantes no local. Sua tia fecha a porta e se vira para a sobrinha com uma expressão na qual Cassie não conseguiu decifrar. Ela respira fundo e faz um gesto para a jovem sentar-se, ela então o faz, esperando as palavras saírem da boca de sua tia. Depois de varias tentativas de iniciar a conversa, Narcisa suspira e se senta em frente a sua sobrinha.
- Eu sei que você deve estar confusa com a carta que eu te mandei e sei que talvez essa mudança seja um pouco difícil para você...
- Ta brincando!? - Cassiopeia a interrompe, sabendo que provavelmente seria repreendida pela sua falta de modos - Olha, foi bem legal todos esses anos estudando fora mas, eu estava com saudades daqui...
Cassie lhe lança um sorrisinho e Narcisa a encara com o rosto sereno, parecendo pensativa. Ela respira fundo e retorna a falar.
- Você... Aquelas visões, você ainda tem tido?
A mais velha questiona, olhando para Cassie gentilmente. A garota sabia do que ela falava. As tonturas, dores de cabeça, os rápidos apagões que pareciam quase como desmaios e o último, mas que para Cassiopeia era o pior, os flashes e visões sobre algo que ela nem ao menos entendia. Esse último sintoma apenas sua tia sabia, ela tinha escondido de todos os outros, incluindo Draco, o que para Cassie foi bem difícil já que o loiro sempre sabia quando a garota estava escondendo algo. Não sabia por que fez isso, mas não queria que pensassem que ela era louca ou que queria algum tipo de atenção, Deus sabe que ela já tinha o suficiente disso por conta de sua família.
-Eu achei que tivesse parado completamente no final do ano passado, mas agora está acontecendo mais vezes e bem mais forte.
Cassie olha nos olhos azuis de sua tia, esperando achar algum conforto neles. E ela achou, mas também encontrou o medo. Narcisa, que percebeu o quão apreensiva estava a garota, apenas a abraçou, dizendo que iria ficar tudo bem a partir de agora, mas nem mesmo ela acreditava totalmente em suas palavras.
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Visions.
FantasíaDesde que Cassiopeia era criança, Narcisa sabia que a menina tinha algo de especial, um dom que poucas bruxas tinham, e ao passar dos anos esse dom cresceu cada vez mais. Começou quando Cassie tinha 8 anos, ela sempre sabia o momento exato em que um...