Observo meu pequeno apartamento enquanto largo a bolsa em cima do sofá cinzento que eu trouxera da antiga casa dos meus pais. Meu apartamento continua do jeitinho que eu deixei ao sair pela manhã. Junto a xícara de café deixada sobre a mesinha de centro da sala e a levo até a cozinha, largando-a sobre a pia.
Abro a geladeira, procurando algo para fingir ser a minha janta. Já faz um tempo que não tenho uma boa refeição e o resultado está aparente na balança, mostrando que já não tenho mais aqueles 4 quilos que eu abominava. Comi, deitei e peguei "Tudo depende de como você vê as coisas" de Norton Juster para ler, como faço todas as noites. Nem percebi quando peguei no sono.O6:47. Minha professora do ensino médio fez-me pegar o costume de nunca colocar o despertador em número redondo.
O que me faz ter forças para levantar é saber que cada dia a mais é um dia a menos.
Calço os chinelos de pano e, esfregando os olhos, vou arrastando até o banheiro. Tomo uma rápida ducha para que eu possa realmente acordar. Visto meu roupão para, como sempre, deslocar-me até o apartamento vizinho, onde Liz espera-me para o café da manhã. Pego a torta que sobrara do café de ontem.
Dona Liz e eu já fazemos isso há dois meses e posso dizer que foi uma das melhores coisas que me aconteceu. Compartilhamos nossos problemas com a família (e devo dizer que cada dia lembramos de algo diferente). É um ótimo momento, e Liz com certeza tornou-se uma mãe muito melhor para mim nesse tempo do que a minha própria mãe jamais fora.
Dei duas batidinhas em sua porta e a abri.
-Bom dia Liz! –Fechei-a e virei-me, dando de cara com um Luke, descarado, sem camisa, de calça de moletom, sorrindo para mim. –Uou. Ahm.... Desculpe, esqueci que você estava aqui. –Larguei a torta sobre a mesa, já posta, tendo a consciência de que meu roupão era deveras curto e de que com certeza eu estava recebendo olhares não muito bem-intencionados, já a essa hora da manhã. Devo estar mais vermelha do que os morangos da torta que eu trouxe.
-Vou ver você assim todas as manhãs em que estiver aqui? Oh, mãe, não vou embora tão cedo. –Ele grita em direção ao pequeno corredor, de onde Liz aparece, soltando uma gargalhada. Eu já disse que não sei onde me esconder?
-Oi Anne, dormiu bem? –Nem percebi quando foi que sentei. Ela senta em frente a mim, e logo Luke senta a minha esquerda.
-Sim. –Sorri. –Estava cansada. Atrasei todos os meus trabalhos ontem, por sorte Luke estava entrando no prédio e consegui entrar. Inclusive. –Dei uma pausa, quando ele me olhou. -Obrigada.
-Eu que agradeço. –Ele pisca. Eu reviro os olhos.
O resto do café da manhã até que foi agradável, quando Luke parou com os comentários desnecessários.
Liz tem três filhos: Ben, Jack e Luke, mas todos já são maiores de idade e ela acabou morando sozinha depois que seu marido faleceu. E bom, agora ela tem a mim para fazer companhia todos os dias.
Eu saí da casa dos meus pais no final do ano passado. Passei um ano a mais com eles depois que entrei na faculdade, mas eu já não conseguia mais aguentar as provocações do meu pai em relação ao meu curso, já que escolhi fazer fotografia ao invés de administração.
Sinto falta da minha mãe todos os dias, com certeza, mas não vir me visitar e recusar as minhas chamadas não foi escolha minha.
Pelo menos tenho minha irmã e minha sobrinha que, sempre que eu precisar, estarão ali por mim. Além disso, me apoiaram e me deram suporte quando optei por esse curso e por sair de casa, sendo que morei lá durante 7 meses. Afinal, minha irmã já tinha passado por isso também.
Então, assim que juntei um bom dinheiro do meu estágio e consegui um emprego fixo, saí em busca de um apartamento pequeno e barato e, enfim, estou aqui.
-Anne?
-Oh, oi. Perdão, eu fiz de novo, né? -Respondi ao chamado de Liz.
-Sim, querida. Não vai se atrasar? -Ela levantou, levando seu prato junto à pia.
-Tem razão, tenho que ir.
Levantei-me às pressas, ao perceber que já eram 7:35. Meu horário no escritório começa às 8:00. Por sorte, é apenas duas quadras daqui.
-Obrigada de novo, Liz. Te espero na minha casa amanhã. Oh, espero vocês dois. -Sorri, embasbacada para Luke, que, ainda ali sentado, sorriu de volta.------------
só queria comentar aqui, que a história é fictícia, então as histórias dos personagens não são reais (idade, família, essas coisas) então as vezes posso colocar uma foto do luke de 2014 e as vezes de 2020, mas é só pra ilustrar como eu imagino algumas situações.
Enfim, espero que gostem!!
com a questão da quarentena estou conseguindo escrever mais, então vou postar mais
comentem!!! beijuuusss

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Best Years | lrh|
FanfictionEles não faziam ideia de que aquele primeiro encontro poderia ocasionar tanta coisa....