0.2. Raiva e aposta

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[Rebecca Greco]

Depois da reunião no auditório, decido ir até a cafeteria do colégio, pegar um suco de laranja. Eu estava faminta depois de todo esse tempo.

Pego meus fones de ouvido e coloco a playlist no aleatório. Enquanto estava distraída trocando de música – por que não gostava da que tava tocando – acabo esbarrando em alguém.

— Olha por onde an- — o garoto logo percebe quem eu sou — Becca, que bom, eu estava te procurando.

Daniel tinha que estragar meu dia.

— O que foi? — reviro os olhos, enquanto tirava os fones e ele me acompanhava até a cafeteria.

— Mamãe está uma fera com você — diz sério — Por que você teve que ligar ao seu pai, reclamando dela?

— Porque acima de tudo ele é meu pai, e tem os mesmos direitos que ela. Ele não me julga e me dá melhores conselhos — falo estressada com aquele assunto.

— Se você continuar assim, ele vai tomar sua guarda — afirma e percebo que chegamos a cafeteria.

— Como se você se importasse com isso Daniel, nós fomos criados juntos desde pequenos, mas você nunca ficou do meu lado quando brigava com a mamãe. Nunca — vou até o balcão de pedidos e peço meu suco.

— Por que se ela brigasse com nós dois, quem ia te levar escondido para as festas? Você que sempre foi uma mimada, que nem seu pai — ele fala alterado.

— VOCÊ NÃO OUSE FALAR DO MEU PAI, PODEMOS TER A MESMA MÃE, MAS VOCÊ NUNCA TEVE ESSE DIREITO! — grito saindo da cafeteria, até pensei em jogar meu suco nele, mas ia sujar o chão, ia me sujar, eu ia levar advertência e ainda estaria gastando dinheiro, então deixei assim mesmo.

Estava indo furiosa até meu quarto, enquanto discava o número da minha mãe, quando sinto um esbarrão forte em meu ombro.

— Não olha por onde anda, não? — pergunto olhando para o garoto a minha frente.

— Desculpa se a madame precisa de óculos e modos — ele fala revirando os olhos.

— Óculos eu não preciso e modos só uso com quem merece — vejo que estava impaciente com alguma coisa em seu tablet e escrevia um milhão de cálculos ali. Vejo de relance sua dificuldade e arrisco.

— Você pode tentar primeiro somar, subtrair e depois dividir. O resultado você poderá colocar na tabela, e verá quanto precisará arrecadar a cada mês — falo e então uma ideia surge em minha cabeça — Você irá arrecadar fundos para o baile?

— Claro que sim, todo ano o baile é esplêndido e não deixarei ser diferente esse ano — ele fala como se fosse óbvio.

— Eu vou arrecadar também — falo um pouquinho menos estressada, acho que ele pode me ajudar — Me chamo Rebecca.

— Corbyn. E você não pode arrecadar, os meninos sempre cuidaram disso, além do comitê não deixar meninas entrarem né — ele fala com um tom de superioridade.

— Eu não ligo pro comitê, isso é para um bem comum — falo terminando de beber meu suco e cruzando os braços em seguida.

— Você não pode e ponto — diz gesticulando com os braços.

— Mas tá para nascer o homem que vai mandar em mim — falo debochada.

— Você não pode conseguir o que quer sempre, morena — ele pisca — Não dessa vez.

— Pode apostar que eu vou — dou uma risadinha nasal.

— Isso é um desafio? — arqueia uma sobrancelha.

— É uma aposta. Quem arrecadar mais dinheiro, vai ser responsável pela arrecadação completa do ano que vem — estendo a mão — Topa?

— Vai ser fácil fácil  — ele segura firme em minha mão.

Então está apostado e saiba que eu nunca perco — pisco para ele e saio andando.

— Você ainda precisa da autorização do diretor, então lá se vai nossa aposta né, uma pena — ele fala em um tom alto, já que eu estava mais afastada dele.

— Pode deixar que isso vai ser fácil fácil — digo o que ele havia dito segundos atrás.

Eu ia ganhar essa aposta, custe o que custar. Eu ia calar a boca de tudo mundo ganhando isso e não medirei esforços.

Afinal, ensinam aqui que temos que ser os melhores. Eu só estou fazendo o que mandam.

𝘽𝙚𝙩𝙩𝙞𝙣𝙜  ༄ 𝘾𝙤𝙧𝙗𝙮𝙣 𝘽𝙚𝙨𝙨𝙤𝙣 Onde histórias criam vida. Descubra agora