0.3. Corredor, roupas e dor de cabeça

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[Rebecca Greco]

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[Rebecca Greco]

Estava separando meu uniforme e percebo que a saia era longa demais e a blusa folgada demais.

Pego uma tesoura e começo a fazer os reparos que eu queria. Agora havia ficado perfeito.

Visto o mesmo e vou até meu armário pegar meu computador, até que uns meninos passam por mim e me olham de cima abaixo. Não falo nada e apenas me concentro em arrumar aquela bagunça dentro do pequeno espaço.

Logo alguém esbarra em mim e percebo que era Corbyn. Reviro os olhos, mas abaixo para ajudá-lo, vejo que ele encara minha blusa que estava decotada e logo me levanto.

— Que eu saiba, seus livros já estão em suas mãos, não nos meus seios. — falo fechando o armário.

— Mas ninguém mandou você usar essa blusa. É para provocar. — Fala como se fosse óbvio e bufa.

—  É só você não olhar para mim, problema resolvido. — falo irônica.

— Impossível não olhar. — Fala dando uma risadinha. — Sabia que pode levar advertência pelas roupas?

— Vou te ensinar ó. — me aproximo dele e pego suas mãos as colocando nos olhos.— PRONTO, agora você não me vê. — solto suas mãos e me encosto no armário novamente. — Bom, olha para tudo o que já conversamos e vê se eu me importo.

— Você é mesmo uma esnobe. — Fala e revira os olhos violentamente. — Eu vou agora mesmo falar com o diretor.

— Muito obrigada loiro de farmácia. — dou um sorrisinho irônico de lado. — Você vai falar, é? Falar que você estava olhando para os meus peitos e ainda me insultou? Acho que ele não iria gostar disso.

— Eu não...Estava fazendo isso. — Diz e eu dou uma risada sarcástica. — Como ousa dizer isso? Que blasfêmia!

— Não estava? Eu acho que o diretor iria preferir acreditar numa menina que ele conhece desde criança e sabe que não faria nada errado. — falo fazendo minha cara mais inocente.

— Eu acho que não. Porque eu sou um aluno exemplar e ele não vai acreditar que eu tenha feito essa coisa feia. — Fala como um sonso e eu o belisco.

— Tem certeza? — falo rindo e ajeitando minha mochila, enquanto puxo minha saia para baixo e minha blusa para cima — É o que vamos ver, Corbyn. — falo saindo dali e vejo ele me seguir.

— Mas onde pensa que vai?! Garota?! — Ele fala me puxando e nega com a cabeça. — Não ache que vai se safar.

— Eu vou na sala do diretor. — falo dando um sorriso. — Eu não acho, tenho certeza. — solto meu braço dele e continuo andando, puxando minha saia o mais para baixo possível.

— Não vai nada. — Fala me puxando para o lado contrário. — Não é justo. É melhor que pare com essas coisas...Doida?! Vai inventar coisas para o diretor e isso é bem feio!

— Garoto?? Eu faço o que eu quiser. — bufo. — É justo sim, você não pode ser machista e ficar impune, deveria aprender que mulheres sempre são melhores. — acabo desistindo de ir a sala do diretor e ajeito minha roupa novamente.

— Não são nada! — Fala insistindo e cruza os braços. — Maluca?! Quem você acha que é?

— São sim, aceita que dói menos. — me aproximo dele e olho para cima, já que mesmo ele não sendo tão alto, tinha uns 12 cm a mais que eu. — Eu sou Rebecca Greco Seavey, tenho 17 anos e sou dona do meu próprio nariz, e você?

— Grande coisa... — Fala e revira os olho violentamente. — Eu sou Corbyn Matthew Besson e sou o cara perfeito.

Começo a rir dele.

— Você? O cara perfeito? — continuo rindo — Você é apenas loiro dos olhos azuis, nada mais. Caráter te falta, amor.

— Sou perfeito sim. E se você não vê isso, é cega. — Fala se gabando. — Sou maravilhoso.

— Maravilhoso aonde, meu filho? — olho ele de cima abaixo — Você é no máximo apresentável.

— Você é bem cega. — Fala dando uma risada meio sem graça. — Bobona.

— Você me chamou do que? — falo rindo e ficando na ponta dos pés, bagunçando seu cabelo em seguida — Ops...

— De nada...— Murmura me encarando e negando com a cabeça. — E-eu...Não quis dizer aquilo.

— Tá bom Matthew, eu acredito — me afasto novamente dele — Olha, se isso é um pedido de desculpas, eu aceito... mas você quis sim dizer aquilo, só precisa aprender a dizer com as palavras certas ou não dizer — falo sorrindo de lado.

— Isso não é um pedido de desculpas. Até porque eu não fiz nada para precisar me desculpar. — Ele fala como se estivesse indignado e bufa.

— Você não fez nada? Você simplesmente falou que eu tava usando essa roupa para provocar e no outro dia disse que eu não podia participar dos programas do colégio por ser menina. Você é um machista! — ajeito minha mochila — Não sei sem por que perco meu tempo.

— Não sou machista, sou realista, é diferente. — Fala como se fosse óbvio. — Sinto muito mas existem certos tipos de atividade que não dizem respeito à garotas.

— Não é diferente, Corbyn — Não você não sente muito, você é só mais um garoto certinho que acha que todos estão do seu lado — falo suspirando fundo.

— Você está muito errada. — Fala e nega com a cabeça. — Acha que sabe tudo sobre mim e sobre o mundo. Mas não sabe de nada.

Respiro fundo, já cansada daquilo.

— Não sei nada sobre você, e de verdade? Não tenho interesse em conhecer, você só soube me criticar até agora. Eu realmente não sei de nada Corbyn, assim como você também não.

— Mas você paga de sabe tudo. — Fala e bufa, cruzando os braços. — E isso é chato para caramba.

— Tudo bem — falo em um tom mais baixo — Você sabe o que é chato? Eu vir aqui e ver esse bando de garotos olhando para o meu corpo e depois uma das poucas pessoas com quem eu já conversei aqui, mesmo que seja brigando, vem dizer que é pra criticar. Isso é chato — percebo que só havia nós no corredor — Droga.

— Sabe o porquê isso acontece?! Porque você não se toca e não parece ligar para o fato de que esse Colégio é para garotos. — Ele diz parecendo irritado. — Não nos culpe por algo que é sua culpa.

— Não é mais só para garotos, vocês tem que entender que agora existem 5 garotas aqui também e só vai aumentar - me afasto mais dele — Não aumente o tom de voz comigo.

— Você que está aumentando o tom. — Ele fala num tom mais cínico possível. — Vocês são novas então é obrigação de vocês lidar com isso.

— Não é obrigação de ninguém, agora se você não percebeu, perdemos os primeiros horários. Estou com dor de cabeça, licença — digo em um tom calmo e baixo, mesmo que estivesse magoada por dentro. Ver que alguém que não sabia nada de mim, me julgava tanto, mas eu fazia o mesmo.

— Está com dor de cabeça por saber que é verdade, Rebecca! — Ele grita de longe e eu bufo.

𝘽𝙚𝙩𝙩𝙞𝙣𝙜  ༄ 𝘾𝙤𝙧𝙗𝙮𝙣 𝘽𝙚𝙨𝙨𝙤𝙣 Onde histórias criam vida. Descubra agora