Cinco

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Zoey
   

   
—Zo, você tem que acordar. Por favor! Acorde e fale comigo.
   
A voz do cara era legal. Eu sabia que ele era fofo antes de abrir meus olhos. Então eu abri meus olhos e sorri para ele, porque eu estava definitivamente certa. Ele era, como a minha MAPS7 Kayla diria, —um gostosão coberto com um molho delicioso.— Bom, humm! Mesmo a minha cabeça estando um pouco confusa, me senti entusiasmada e feliz.
   
Meu sorriso se transformou em uma risada. —Eu estou acordada. Quem é você?
   
—Zoey, pare de brincar. Isso não é engraçado.
   
O menino franziu a testa para mim, e eu percebi de repente que eu estava deitada no seu colo, em seus braços. Sentei-me rapidamente e me afastei um pouco dele. Eu pensei, sim, ele foi super fofo e tudo mais, entretanto estar no colo de algum desconhecido era moderadamente muito além da minha zona de conforto.
   
—Uh, eu não estou tentando ser engraçada.— Seu belo rosto ficou imóvel e chocado.
   
—Zo, você está me dizendo que realmente não sabe quem eu sou?
   
—Ok, olha. Você sabe que eu não sei quem você é. Mesmo que eu saiba que isso soa como se você soubesse quem sou.— Parei, confusa com todo o —saber.—
   
—Zoey, você sabe quem você é?
   
Eu pisquei. —Essa é uma pergunta idiota. Claro que eu sei quem eu sou. Eu sou Zoey. — O garoto ser fofo era uma coisa boa, porque obviamente ele não era um dos mais brilhantes.
   
—Você sabe onde você está?— Sua voz era gentil, quase hesitante.
   
Olhei ao redor. Nós estávamos sentados em alguma realmente agradável e suave grama perto de uma doca que seguia para um lago que parecia ser de vidro na explêndida luz do sol.
   
Luz do Sol?
   
Isso estava errado.
   
Algo estava errado.
   
Engoli em seco e encontrei os gentis olhos castanhos do garoto. —Me diga seu nome.
   
—Heath. Eu sou Heath. Você me conhece, Zo. Você sempre me conheceu.
   
Eu o conhecia.
Flashes dele piscaram através de minha memória como DVDs em velocidade aumentada: Heath me dizendo que meu corte de cabelo parecia fofo na terceira série, Heath me salvando daquela aranha gigante que caiu sobre mim na frente de toda a sexta série, Heath me beijando pela primeira vez após o jogo de futebol na oitava série, Heath bebendo demais e me chateando, meu Imprint com Heath... e em seguida tivemos um Imprint novamente, e finalmente ver como Heath...
   
—Oh, Deusa!— Minhas memórias se uniram e eu me lembrei. Eu lembrei.
   
—Zo,— ele me puxou de volta em seus braços —está tudo bem. Vai ficar tudo bem.
   
—Como é que isso vai ficar bem?— Eu soluçava. —Você está morto!
   
—Zo, bebê, isso é apenas o que acontece. Eu não estava realmente com medo, e nem sequer ferido demais.— Ele me balançou lentamente e acariciou as minhas costas enquanto falava comigo, com sua voz calma e familiar.
   
—Mas eu me lembro! Me lembro!— Eu não conseguia parar de chorar desesperadamente. —Kalona matou você. Eu vi. Oh, Heath, eu tentei pará-lo. Eu realmente o fiz.
—Shhh, bebê, shhh. Eu sei que você fez. Não havia nada que você poderia ter feito. Eu te chamei para mim, e você veio. Você fez bem, Zo. Você fez bem. Agora você tem que voltar e enfrentar ele e Neferet. Neferet matou aqueles dois vampiros da sua escola, aquela professora de teatro que você teve e aquele outro cara.
   
—Loren Blake?— O choque estava secando minhas lágrimas, e eu limpei meu rosto. Heath, como de costume, puxou um bolo de lenços de papel do bolso do jeans. Olhei para eles por um segundo e depois surpresos nós dois começamos a rir. —Você trouxe lenços sujos e usados para o céu? Sério?— Eu ri.
   
Ele olhou ofendido. —Zo. Eles não estão usados. Bem, pelo menos não muito.
   
Sacudi a cabeça para ele e peguei delicadamente o bolo, enxugando o rosto.
   
—Assoe o nariz também. Você tem catarro. Você sempre tem catarro quando você chora. É por isso que eu tenho sempre lenços de papel.
   
—Oh, fique quieto! Eu não choro tanto assim,— disse, esquecendo-me momentaneamente que ele estava morto e tudo mais.
—Sim, mas quando o faz, escorre muito, então eu preciso estar preparado.
   
Eu encarei ele à medida em que a realidade me tocou novamente. — Então o que acontece quando você não estiver para me dar bolos de lenços? — Um soluço escapou da minha garganta. — E, se não estiver lá para me lembrar como é a minha casa, como o amor é? Como é ser um humano? — Eu estava gritando mais uma vez, grande momento.
   
— Oh, Zo. Você vai descobrir tudo por você mesma. Você tem muito tempo. Você é uma grande vampira Alta Sacerdotisa. Lembra-se?
   
— Eu não quero ser, — eu disse a ele com toda a honestidade. — Eu quero ser Zoey e estar aqui com você.
   
— Isso é apenas parte de você. Ei, talvez essa seja a parte de você que precisa amadurecer. — Ele falou suavemente com uma voz que parecia de repente muito madura e sábia para o meu Heath.
   
— Não. — Conforme eu disse a palavra, vi uma agitação, uma mancha de escuridão passando no limite de minha visão. Meu estômago apertou, e eu pensei ter visto uma forma acentuada de chifres.
— Zo, você não pode mudar o passado.
   
— Não. — eu repeti, e olhei para longe de Heath, olhando o que era a alguns momentos antes um belo e brilhante prado emoldurando um perfeito lago. Desta vez eu vi definitivamente sombras e figuras, onde antes não havia nada, somente luz solar e borboletas.
   
A escuridão na sombra me assustou, mas a imagem que estava dentro dela me atingiu como coisas brilhantes atraem bebês. Olhos brilharam na intensa escuridão, e, eu capturei uma boa olhada em um par deles. Eu senti um solavanco de reconhecimento. Eles me lembravam alguém...
   
— Eu sei que alguém está lá fora.
   
Heath tomou meu queixo em sua mão e me forçou a olhar das sombras para ele. —Zo, eu não acho que é uma boa ideia você ficar bisbilhotando por aqui. Você só precisa fazer sua mente ir para casa e, em seguida, bater seus calcanhares, ou fazer algum tipo de coisa-mágicaextra-especial de Alta Sacerdotisa e voltar ao mundo real onde você pertence.
   
—Sem você?
—Sem mim. Eu estou morto, — ele disse baixinho, acariciando o lado do meu rosto com os dedos que parecia muito vivo. —Eu deveria estar aqui, na verdade, eu meio que acho que esse é apenas o primeiro passo de onde eu deveria estar. Mas você ainda está viva, Zo. Você não pertence aqui.
   
Eu tirei meu rosto de sua mão e virei para longe dele, levantando e balançando a minha cabeça, fazendo meu cabelo voar ao redor de mim como uma mulher louca.
   
— Não! Eu não vou voltar sem você.
   
Outra sombra chamou minha atenção para o que era agora escuro, contorcendo a névoa que nos rodeava, e eu tinha certeza que vi o forte resplendor de chifres pontiagudos. Então, a névoa agitou-se novamente, e a sombra tomou uma forma mais humana, olhando-me de fora da escuridão. —Eu conheço você, — eu sussurrei para os olhos que eram muito parecidos com os meus, só que pareciam velhos e tristes, muito tristes.
   
Em seguida, uma outra forma tomou seu lugar. Estes olhos pareciam os meus, também, só que eles não estavam tristes. Eles eram zombeteiros e azuis, mas isso não apagava sua familiaridade.
   
—Você...— Eu sussurrei, tentando me puxar do braços de Heath, que estavam me segurando firmemente contra seu corpo.
   
—Não olhe. Apenas acalme-se e vá para casa, Zo.
   
Mas eu não conseguia parar de olhar. Algo dentro de mim me obrigava. Eu vi outro rosto emoldurado pelos olhos que eu conheci — e neste momento eu os conhecia bem o suficiente para que a compreensão me desse força, e me afastei de Heath, virando-o para que ele pudesse ver onde eu apontei na escuridão. —Macacos me mordam, Heath! Olhe para isso. Sou eu!
   
E isso era. O —eu— congelou enquanto nós olhávamos espantadas uma a outra. Ela tinha, provavelmente, cerca de nove anos, e piscou para mim em silêncio aterrorizante.
   
—Zoey Olhe para mim.— Heath deslocou-me ao redor, segurando meus ombros em um aperto que eu sabia que poderia causar hematomas depois. —Você tem que sair daqui.
   
—Mas essa sou eu quando criança.
   
—Eu acho que todos eles são você — pedaços de você. Algo aconteceu com sua alma, Zoey, e você tem que sair daqui para que ele possa ser consertado.
   
De repente, me senti tonta e cedi em seus braços. Eu não sei como eu sabia, mas eu fiz. As palavras que eu falei eram tão verdadeiras e tão conclusivas como sua morte. —Eu não posso sair, Heath. Não a menos que todos os pedaços de mim estejam em mim novamente. E eu não sei como fazer isso acontecer — eu não sei!
   
Heath pressionou a testa contra a minha. —Bem, Zo, talvez você deva tentar usar aquela irritante voz de mãe que usava em mim quando eu bebia demais e dizer-lhes que, não sei, para parar toda esta besteira e voltar para dentro de você onde elas pertencem.
   
Ele soava tão parecido comigo que quase me fez sorrir. Quase.
   
—Mas se eu estiver novamente junta, eu teria que sair daqui. Eu posso sentir isso, Heath, — eu sussurrei para ele.
   
—Se você não colocar-se de volta novamente, você não irá nunca sair daqui porque você vai morrer, Zo. Eu posso sentir isso.
   
Olhei em seus cálidos e familiares olhos. —Isso seria assim tão mau? Quero dizer, este lugar parece muito melhor do que a bagunça que está me esperando de volta ao mundo real. —Não, Zoey.— Heath parecia chateado. —Não está bom aqui. Não para você.
   
—Bem, talvez isso seja porque eu não estou morta. Ainda.— Engoli em seco e admiti, apenas a mim mesma, que falando isso em voz alta fica tipassim um som assustador.
   
—Eu acho que há mais do que isso.
   
Heath não estava olhando para mim. Ele estava olhando por cima do meu ombro, e seus olhos estavam extremamente grandes e redondos. Eu me virei. As figuras se contorciam no que parecia desconfortável tal como bizarro, versões inacabadas de mim estavam a pairar dentro e fora da névoa preta, esfarelando e vibrando e, basicamente agindo estranhamente super nervosas. Depois, houve um flash de luz que se transformou em um enorme conjunto perigoso, chifres pontudos, e com um barulho terrível vibrando, algo desceu sobre fim do prado, fazendo com que esses espíritos, os fantasmas, as peças incompletas de mim começassem a gritar e gritar e gritar ao mesmo tempo que se espalharam antes de desaparecerem.
   
—O que acontece agora?— Eu perguntei Heath, tentando — sem sucesso — guardar o terror de minha voz quando começamos a descer pela da campina.
   
Heath pegou minha mão e apertou. —Eu não sei, mas eu vou estar aqui com você até o
fim de tudo isso. E agora,— ele sussurrou com uma voz cheia de tensão, —não olhe para trás, apenas venha comigo e corra!
   
Por uma das poucas vezes em minha vida, eu não discuti com ele. Eu não questionei-o. Fiz exatamente o que ele disse. Segurei em Heath e corri.
   

Queimada- The house of nigthOnde histórias criam vida. Descubra agora